A Vamos reportou bons números no 3T22. Embora o resultado tenha vindo próximo às nossas estimativas consideramos o resultado como positivo. Os grandes destaque do trimestre foram i) bom desempenho do setor de locação e ii) a expansão de margens das concessionárias com manutenção do volume de vendas.
O setor de locação segue aumentando sua penetração e vemos o grupo usufruindo de suas vantagens competitivas. As boas supressas no segmento de locação também se manifestaram pela forte expansão de frota, com aumento do Capex contratado e na receita futura contratada (acima das nossas estimativas). Além disso, o Yield permaneceu em 2,7%, assim como no 2T22, patamar que consideramos elevado. Mesmo sendo um período sazonalmente mais fraco para o negócios de concessionárias, a empresa conseguiu entregar crescimento de volume e de margens.
Olhando para a figura consolidada, a Receita Líquida reportada pela companhia no 3T22 foi de R$1,4 bilhão, ficando acima das nossas expectativas e das do mercado (+2,5% e +11% respectivamente), aumento de +15% t/t e +66% a/a. O EBITDA foi de R$554 milhões, em linha conosco e 8% acima do mercado, o que representa um crescimento +22% t/t e +88% a/a. O lucro líquido reportado totalizou R$150 milhões e ainda que pressionado pelo resultado financeiro, cresceu 2,4% t/t e 30% a/a ficando muito próximo das nossas estimativas e superando o mercado. O ROIC da empresa (últimos 12 meses) também cresceu, atingindo 15,8% (vs. 14,4% no 2T22) resultando em um spread em relação ao custo de dívida pós IR de 7,5 p.p.
De olho na valorização dos ativos
Um ponto importante para destacarmos é o aumento do número de caminhões e máquinas em estoque para locação à pronta entrega. Esse estoque assegura implantação futura independente da disponibilidade das montadoras, o que garante à Vamos um diferencial competitivo no mercado.
Os ativos em estoque e ainda não locados, foram adquiridos aos preços de 2021, e totalizando R$ 1,8 bilhão que corrigidos aos preços autuais (FIPE) apresentaram uma valorização de +37,7%.
Caso sejam locados, nos patamares de Yield e com o prazo médio dos contratos atuais, esses ativos deveriam gerar um aumento na receita futura contratada de R$3 bilhões, isto é, aproximadamente R$150 milhões adicionais por trimestre.
Locação
Os juros altos e a oferta restrita de caminhões, combinados ao processo de envelhecimento da frota brasileira de caminhões, favorecem a boa precificação dos novos contratos. O novo patamar de preço desses ativos está facilitando a popularização da locação entre os pesados, que já passa a ser um alternativa competitiva na renovação de frota de caminhões ou máquinas agrícolas.
- O volume de CAPEX contratado já atingiu o guidance do ano (faixa média) R$1,452 bilhão no 3T22, totalizando R$4,546 bilhões em 2022.
- A frota atingiu 38.561 ativos, adição de 3.380 caminhões e 1.241 máquinas, aumento de 13,6% de sua frota total em relação 2T22.
- O backlog de receita, que subiu para R$12,6 bilhões no 3T22 (+17% t/t e +104% a/a), por si só já programa um crescimento para os trimestres anos.
- No segmento de locação, a receita líquida totalizou R$ 19 milhões no 3T22 (+16% t/t e +85% a/a). O EBITDA de R$ 419 milhões superou nossas estimativas de R$ 398 milhões, crescendo 21 t/t e 86% a/a.
Concessionárias
Embora seja um trimestre sazonalmente mais fraco no negócio de concessionárias, observamos bons volumes de vendas. A boa performance do agro somada à eminência da Euro 6 parecem estar impulsionando a demanda. Como mencionamos anteriormente, os ativos passaram e seguem passando por forte valorização, o que resulta em vendas com margens super elevadas, muito acima das nossas estimativas.
- A receita líquida de concessionárias apresentou crescimento de 3% t/t, e 50% a/a, totalizando R$ 788 milhões.
- O EBITDA de R$ 123 milhões superou muito nossas estimativas de R$ 99 milhões, crescendo 23 t/t e 100% a/a.
- Essa surpresa se deu pelo aumento da margem EBITDA sobre a receita líquida de serviços, terminando o trimestre em 15,6%, aumento de 2,1 p.p frente aos 13,5% reportados no trimestre passado.
Customização
O segmento de customização de caminhões passou a consolidar as receitas da Truckvan, que adicionou ao grupo R$ 56,1 milhões de receita líquida do 3T22, totalizando R$ 70,9 milhões. O EBITDA foi de R$ 13 milhões.