Expectativa de resultados
A TIM indica resultados positivos sobretudo na parte móvel com um aumento da base de clientes dos serviços pós, em grande medida via migração interna dos clientes do pré para o pós. A parte fixa, porém, não deve sofrer grandes mudanças quanto ao crescimento, mantendo níveis similares ao 4T21 com foco na melhoria dos serviços e na mudança dos clientes FTTC para o FTTH.
A Vivo continua com adições líquidas positivas no pós e com maior influência na parte de venda de aparelhos na comparação anual. Na parte fixa, o principal crescimento da receita será a partir do FTTH, que deve ser acompanhado do aumento da base de clientes nos dados divulgados pela Anatel.
Para ambas, os custos tendem a sentir um impacto da situação macroeconômica, mas ainda pressionando as margens EBITDA tanto na comparação anual quanto na trimestral. Ambas as empresas possuem para 2022 pendências relacionadas ao leilão do 5G, desde o pagamento das outorgas até o cumprimento de suas obrigações (por exemplo, implementação do 5G nas capitais brasileiras até julho de 2022). Além disso, houve a aprovação da venda dos ativos móveis da Oi, cujos impactos devem ser vistos nos trimestres subsequentes.
TIM (TIMS3)
No gráfico abaixo, podemos observar a distribuição dos clientes para as principais companhias e, ao compararmos os últimos dados divulgados pela Anatel e Teleco do 4T21, janeiro 22 e fevereiro 22, notamos um aumento no número de clientes da TIM no segmento móvel, com a maior adesão sobretudo nos serviços pós-pagos.
Serviços Móveis. Responsável por 90,1% da receita da companhia no 4T21, ela vem seguindo a tendência de redução da base de clientes nos planos pré-pagos vistos nos trimestres anteriores tendo em vista o cenário de retomada econômica e consequente migração para o pós. Um ponto importante a se salientar é que o 1T22 deve sofrer reduções na comparação com o 4T21 em termos de receita e EBITDA, tendo em vista que o último trimestre do ano geralmente é acompanhado por ofertas de Natal e Black Friday, o que não se mantém nos trimestres subsequentes. Estimamos uma receita de R$ 4,1b (+4,8% a.a e -4,3% t.t). Ainda, na parte de B2B há um grande potencial dentro da gama de serviços 5G, cuja parcela deve aumentar nos próximos anos, sendo similar ao caso da Vivo (em que explicamos com maiores detalhes).
Em termos de adições líquidas (pessoas que entram subtraídas das que saem), o número de clientes no pós continua a crescer propulsionado pela entrada dos antigos clientes do pré, ou seja, migração de plano dentro da base da TIM. O pré, por sua vez, deve ter adições negativas, mas isso não exatamente se configura como um problema, tendo em vista que a empresa vem adotando a política de “value over volume“.
Ainda na receita móvel, há a parte de Plataforma de Clientes que se relaciona com publicidades móveis e algumas parcerias da TIM com outras empresas: junto ao setor financeiro via banco C6 e ao setor de educação utilizando-se da modalidade EAD com a plataforma Ampli do grupo Cogna. A ideia aqui basicamente consiste em se oferecer uma maior gama de serviços fornecidos pelas outras empresas enquanto usufruem da grande base de clientes da TIM. No momento, sua participação é de menos de 1% da receita móvel e ainda no 4T21 sua representatividade não foi significativa, mas se trata de uma das apostas da TIM no futuro.
Serviços Fixos. Representando 6,2% da receita total, a parte de serviços fixos, sobretudo em banda larga, possui um preço médio relativamente mais alto e, assim, acaba tendo maiores pressões diante do cenário macroeconômico. Durante este trimestre devemos observar a contribuição cheia na parte de custos com relação ao aluguel de rede da I-Systems, porém a TIM Live não deve apresentar crescimentos substanciais para o 1T22. O foco neste por ora tem sido na migração dos clientes FTTC para o FTTH, focando na qualidade do serviço. Estimamos uma receita de R$ 293m (+4,3% a.a e -1,0% t.t).
Receita de aparelhos. Tendo em vista que ela representou 3,7% da receita total do 4T21, acreditamos que sua relevância no 1T22 aumente na comparação anual, vislumbrando uma melhora da pandemia e a retomada dos fornecedores, que buscam alternativas para lidar com a falta de insumos. Estimamos uma receita de R$ 153m (+36,9% a.a e -15,0% t.t).
Custos. A expectativa é de que haja um aumento dos custos totais na base anual, vinculados aos aluguéis com a rede de fibra neutra da I-Systems cujos impactos devem ser integrais neste trimestre, diferentemente do 4T21 cuja contribuição foi de apenas no último mês, tornando a linha de rede e interconexão mais proeminente no custo total. Além disso, o impacto da inflação trará impactos mais significativos com custos de pessoal.
EBITDA. A receita não deve acompanhar o mesmo crescimento de custos, e estimamos uma compressão de margem neste 1T22, apesar do crescimento de EBITDA na comparação anual. Estimamos um EBITDA de R$ 2,1b (+4,7% a.a e -13,6% t.t) e margem de 46,2% (-0,4 p.p a.a e -4,9 p.p t.t).
Resumo da obra. A expectativa é de um aumento de receita frente ao 1T21 impulsionada pelos serviços móveis sobretudo na parte pós, enquanto os serviços fixos devem apresentar ligeiro crescimento ou se manter estável. Já a receita de aparelhos deve apresentar resultados melhores na comparação anual. Os custos devem crescer em ritmo superior à da receita, comprimindo a margem EBITDA impactada pela inflação e à contribuição total de aluguel da rede da I-Systems. Os números indicam que o resultado será positivo mas não surpreendente, com a substituição de CapEx para OpEx via o aluguel de rede com maior pressão da inflação.
Vivo (VIVT3)
Conforme os dados de fevereiro de 2022, ela conta com marketshares de 33,0% e 20,0% nos segmentos móvel e de fibra óptica no Brasil, sendo a líder em ambos os segmentos.
Serviços Móveis. Responsáveis por 68,2% da receita no 4T21, teve sua base de clientes crescendo sobretudo no pós-pago neste 1T22, de acordo com os dados da Anatel. Continuamos a observar as migrações dentro do plano, do pré para o controle e do controle para o pós-puro, de forma que a receita deve continuar com um ritmo de crescimento anual razoável. A receita esperada nos serviços móveis é de R$ 7,8b (+9,2% a.a e -0,6% t.t).
Serviços Fixos. Aqui a representatividade dos serviços fixos com relação ao total foi de 22,3% no 4T21 (diferentemente da TIM que é de 6,2%) principalmente pelo fato de a Vivo possuir uma forte infraestrutura e rede de fibra óptica.
No 4T21 ela representou sozinha 45,8% da receita dos fixos e a tendência desse número é aumentar, visto que o interesse por uma tecnologia rápida e confiável se tornou algo mais do que necessário, onde as atividades via home-office e canais de entretenimento se tornaram cada vez mais presentes em nossas rotinas. Para evidenciar a adesão à fibra, nos dados abaixo vemos a entrada de cerca de 80 mil usuários aos serviços fibra da Vivo por mês, ou seja, é como se a empresa trouxesse para dentro de si uma pequena provedora de internet (ISP) a cada trimestre. Portanto, a expectativa continua positiva dentro desse ramo para a companhia.
A parcela restante dos fixos é composta por três segmentos: o primeiro se trata do FTTC (Fiber-to-the-curb), que tende a diminuir pela maior implementação dos serviços FTTH. O segundo, o IPTV (serviços de TV digitais) possui uma capacidade de expansão possibilitada pelos planos conjuntos aos serviços de fibra, mas é visto muito mais como um serviço complementar à fibra, do que algo que a empresa vise se focar.
Por fim, o terceiro é a parte de dados corporativos e TI vinculadas ao serviço B2B. Este segmento hoje responde a 32,4% da receita fixa, mas que exibe grande potencial de crescimento nos próximos anos devido ao 5G, relacionado com a alta gama de serviços relacionados ao B2B2C (Business-to-business-to-customers). Por fim, a receita esperada dos serviços fixos é de R$ 2,6 b (+8,7% a.a e +2,3% t.t) englobando todos os 4 pilares dos fixos.
Receita non-core: a receita que correspondeu no 4T21 a 9,4% do total, representa os serviços de cobre, voz fixa, xDSL e DTH, por exemplo. Com a chegada das novas tecnologias, esses serviços se tornaram desnecessários ou obsoletos, não sendo o foco da empresa e, dessa forma, apresenta uma tendência de redução da participação dessas atividades na receita (cerca de -5% t.t). É importante mencionar aqui a questão da arbitragem, no qual a Vivo deseja alterar os vínculos da telefonia fixa de concessões para autorizações e tentar evitar ao máximo essa base legada e suas obrigações obsoletas, sendo um peso tanto do ponto de vista de investimentos, quanto de resultados. A expectativa é que haja um desfecho com relação a isso apenas em 2023. A receita esperada para este ramo é de R$ 1,0b (-19,9% a.a e -5,2% t.t).
Custos. Com a situação macroeconômica, o custo da energia e a inflação devem impactar negativamente as despesas gerais, com o aluguel de rede também trazendo um impacto mais amplo neste trimestre.
EBITDA. De forma similar ao da TIM, devemos observar um crescimento de EBITDA na comparação anual, atingindo R$ 4,7b (+5,7% a.a e -4,6% t.t), porém com um impacto mais forte nos custos, gerando compressões na margem, que se manteve estável na comparação anual em 41,1% (-1,8 p.p t.t).
Resumo da obra. A Vivo continua a crescer em receita nos seus dois core business, sobretudo nos serviços móveis com o aumento da base de clientes no pós-pago. A retomada nas vendas dos aparelhos também deve ser um ponto relevante nos resultados da companhia na comparação anual. No fixo, o ramo FTTH deverá continuar sua empreitada de crescimento, evidenciado pelo aumento da base de clientes. Ao mesmo tempo, há um grande potencial do ramo B2B (Business-to-business) vinculado aos serviços 5G e às demandas futuras. Dessa forma, a prévia é avaliada como positiva.