No dia 21 de março de 2023 levamos um grupo de investidores para conhecer a fábrica de transformadores da WEG em Betim. Durante o tour pela fábrica, pudemos ver de perto o processo de produção dos transformadores e as instalações da empresa, conversar com os diretores de operação da unidade, além de nos aprofundar no pipeline de projetos da fábrica e conhecer mais a fundo o mercado brasileiro de transformadores. Neste documento, compartilharemos os principais insights que obtivemos durante a visita e a conversa com os diretores.
WEG Transformadores — Betim
A fábrica de Transformadores em Betim, foi construída em 2013 pela Toshiba. Em 2018, durante seu plano de recuperação, o controle acionário das unidades de Contagem, Betim e Curitiba foi vendido para Fram Capital, que criou a TSEA Energia. Em 2020, a WEG adquiriu a fábrica pelo montante de R$ 168 milhões.
Atualmente essa é a maior de transformadores da América Latina, ocupando um terreno de 146 mil m² e “apenas” 32 mil m² de área construída, o que significa que a fábrica pode ser facilmente expandida se necessário. A WEG Transformadores Betim está estrategicamente posicionada no centro do país, o que facilita o acesso aos diferentes polos geradores e consumidores de energia nas regiões sudeste, norte e nordeste do país.
Cerca de 70% das vendas acabam sendo direcionadas para concessionárias públicas e, além disso, atende clientes privados, como usinas de geração eólica e solar, que representam os outros 30% das vendas.
Os contratos para a produção de transformadores utilizam fórmulas paramétricas, com cláusulas de repasse de preço e recebimento ao longo do desenvolvimento dos projetos.
Potencial de Betim
A capacidade atual de produção da fábrica é de 13,2 mil MVA por ano, equivalente a 8 peças de grande porte por mês. No entanto, a meta é aumentar para 11 peças por mês até 2024, com estudos em andamento para produzir até 16 peças por mês no futuro. A fábrica é considerada um modelo e deve ser replicada na América do Norte.
Tomando como base os editais dos projetos em Furnas, estimamos que, em média, cada MVA produzido gera entre 30 e 120 mil reais de receita. Assim, a fábrica de transformadores da WEG em Betim pode gerar uma receita anual entre R$ 400 e 1500 milhões, equivalente a uma receita mensal entre 33 e 132 milhões. Considerando que a fábrica produz em média 8 transformadores por mês, a receita gerada por transformador pode alcançar entre 4 e 15 milhões de reais.
Lembramos que somando soluções de grande e pequeno porte, a Companhia possuí cerca de 76 mil MVAs de capacidade fabril anual, certamente com uma média de receita por MVA menor do que os 75 mil reais médios do nosso range estimado. No entanto, é importante lembrar que esses valores são apenas uma estimativa com base na ordem de grandeza da receita gerada por MVA, e que os preços variam dependendo do contrato, das negociações comerciais, da potência das peças e das especificidades exigidas por cada cliente.
Cadeia de Suprimentos e Concorrentes
Durante a conversa com os diretores, outro ponto importante destacado foi a normalização da cadeia de suprimentos. Hoje os principais fornecedores da empresa, que incluem a Usiminas, Gerdau e Aperam (fornecedor de aço silício) encontram-se com maior disponibilidade e previsibilidade de entregas, o que permite a normalização do capital de giro das plantas.
Olhando para o futuro
As notícias mais recentes apontam que em 2023, Aneel prevê que o Brasil deve movimentar investimentos na ordem de R$ 50 bilhões em leilões de transmissão de energia elétrica. Esse Capex deve sustentar os investimentos no setor nos próximos 10 anos, gerando novos projetos de transmissão. Os recursos são destinados à construção, ampliação ou modernização de linhas de transmissão, subestações e outros equipamentos de infraestrutura relacionados à transmissão de energia elétrica.
Com isso, a WEG pode se beneficiar desse mercado por meio da venda de seus transformadores e outros equipamentos elétricos necessários para esses projetos. Estimamos que 15% desses investimentos sejam direcionados para transformadores e subestações. Portanto, estamos diante de pelo menos R$ 7,5 bilhões de recursos destinados ao mercado de transformadores nos próximos 10 anos.
Embora a WEG concorra com outros fornecedores nesse mercado, os movimentos anunciados para ampliação da fábrica reforçam a importância de consolidar a planta de Betim para capturar boa parte da demanda de transformadores de potência e soluções móveis e reformas. Hoje os principais concorrentes no mercado brasileiro são Siemens, Hitachi, GE Prolec e a TSEA Energia (antiga Toshiba).
Em nossa visita, confirmamos que a carteira de 2023 está completa e a empresa possuí produção contratada para o ano todo.
Conforme já mencionamos em outras oportunidades, é possível que parte da demanda da WEG, principalmente no segmento de motores comerciais, apresente uma queda em 2023. Contudo, ainda assim acreditamos que o segmento de GTD apresentará crescimento. A carteira de pedidos de ciclo longo deve ajudar a manter o patamar de receitas elevado.
Reafirmamos que a empresa segue como uma ótima opção defensiva em momentos de incerteza. Mantemos nossa recomendação de COMPRA para WEG.