A empresa demonstrou mais uma vez que segue na trilha da expansão, reportando um resultado bom, porém dentro das expectativas do consenso. Estar dentro do consenso é um problema? Na verdade, nesse caso, é um dos bons problemas que a empresa tem. A receita líquida da WEG apresenta uma taxa de crescimento composto (CAGR) de quase 20% a.a desde 2016 e o mercado sabe disso e paga por isso. Como já dissemos algumas vezes por aqui, as expectativas em relação ao seu crescimento são gigantes e estão refletidas nos múltiplos. Validar seus projetos no Brasil não será suficiente, a empresa terá que conquistar novos territórios.
Nesse trimestre, vimos um resultado um pouco melhor do que nós esperávamos. A margem EBITDA de 18,5%, ficou levemente acima do que projetávamos. Era esperado uma queda de 6,1 p.p. em relação ao 2T21 enquanto a queda reportada foi de 5,8 p.p. A Receita Operacional Líquida de R$ 6,2 bi superou em 6,8% a nossas expectativas, principalmente na linha de GDT Brasil. O EBITDA reportado foi de R$ 1,39 bi, quase 8% maior do que nossas projeções. Os números maiores podem ser entendidos como resultado do mix no aumento dos preços dos produtos vendidos e aumento do volume.
Surfando a onda da retomada econômica e aceleração da produção industrial, a área automação, tanto industrial como comercial, apresentou bom nível de crescimento. Outras duas linhas que se destacaram foram a de geração solar distribuída e a de energia eólica.
Análise Quantitativa do Resultado:
Pontos Positivos
- Boa carteira de pedidos garantida para os próximos trimestres, relacionada a produtos de ciclo longo.
- Segmento de renováveis mais uma vez sendo destaque, painéis fotovoltaicos crescendo forte mais uma vez.
- Entrega de projetos relacionados a energia eólica são sempre um bom cartão de visitas para ampliar a carteira de pedidos para os próximos anos.
- Bom desempenho tanto no segmento industrial quanto no segmento comercial.
Pontos Negativos
- Impactos negativo nas margens devido a problemas na cadeia de suprimentos e aumentos dos custos de materiais, como cobre e aço.
- Novo mix de produtos implica em margens menores. Esperamos uma compressão ainda maior no próximo trimestre.
- Crescimento da receita líquida, em dólar no mercado interno, abaixo das nossas expectativas.
- CAPEX para 2021 deve ficar longe dos 1 bilhão de reais estimados. Empresa precisa expandir e conquistar novos territórios para entregar níveis de crescimento esperados pelo mercado.
Aerogeradores e painéis fotovoltaicos possuem margens menores por serem produtos com produção menos verticalizada, a medida que se tornem mais representativos nos números da empresa, entendemos que os patamares de margens de 2020 não serão prováveis nos próximos anos. Segundo divulgado anteriormente pela empresa, os contratos com a Aliança Energia para montagem, operação e manutenção de quatro parques eólicos, devem gerar um faturamento de quase R$ 590 milhões para a empresa entre 2021 e 2022.
Análise das receitas no mercado interno
Se para uns, a crise hídrica traz riscos, para outros, ela gera oportunidades. Com o temor no setor industrial devido ao risco de racionamento e falta de energia elétrica, os investimentos em fontes alternativas de energia crescem rapidamente, impulsionando geração (turbinas eólicas, painéis solares e alternadores) e também os produtos ligados a distribuição e transmissão (transformadores para parques eólicos e solares).
Análise das receitas no mercado externo
No mercado externo, puxados pelo bom momento do mercado global de commodities, a empresa vem ganhando mais tração com os produtos de ciclo longo. A WEG reforçou mais uma vez que esse momento foi fundamental para garantir uma boa carteira de pedidos para os próximos trimestres. Em termos de margem, os desafios na cadeia de suprimentos global ajudou a colocar pressão sobre a margem EBITDA da empresa.