No dia 30 de outubro de 2024, quarta-feira – antes da abertura do mercado, a WEG divulgará seus resultados referentes ao 3T24. De maneira geral, esperamos mais um trimestre positivo para a WEG, com receita crescendo e margens estáveis, impulsionado pela integração completa das marcas adquiridas da Regal Rexnord. É importante destacar que no 3T24 teremos contribuição completa das marcas Marathon, Cemp e Rotor, que impactaram apenas 2 meses dos resultados do 2T24. Sua contribuição plena deve resultar em um crescimento adicional à receita na comparação anual. Os números também são favorecidos pela forte apreciação do dólar frente ao real de 6% no trimestre.
As divulgações recentes de concorrentes, como ABB e Nidec, sugerem que o 3T24 deve ser um período positivo em termos de crescimento e margens, refletindo um momento favorável para os preços no setor. Para WEG, esperamos uma dinâmica similar, com margens favorecidas pelo mix de produtos vendidos.
Após vários trimestres de deflação, as matérias-primas se mostram em um patamar inflacionário. Embora o aumento no preço do cobre pressione os custos, ele também sinaliza um cenário que favorece o repasse de preços, trazendo uma perspectiva positiva para o futuro. Esses dois fatores — repasse de preço e valorização do dólar — são importantes para contextualizar nossa expectativa de margens relativamente estáveis ou até crescentes no trimestre.
Além disso, o segmento de GTD no mercado externo, principalmente na parte de transformadores, deve seguir com um ótimo desempenho. A crescente demanda por transformadores nos EUA com a renovação do grid elétrico e a expansão de projetos de data centers e inteligência artificial deve impulsionar os números da divisão.
Para o 3T24, estimamos uma receita líquida de R$ 9,93 bilhões (+23,1% a/a e +7,1% t/t), um EBITDA de R$ 2,28 bilhão (+30,9% a/a e +7,2% t/t), implicando em uma margem EBITDA de 22,9% (+1,4pp a/a e +0pp t/t) e um lucro líquido de R$ 1,57 bilhão (-19,7% a/a e +8,8% t/t). Reiteramos a nossa recomendação de COMPRA, com preço alvo de R$ 58,00.
Expectativas em relação aos resultados operacionais
Para o 3T24, mantemos uma perspectiva positiva para a WEG. A demanda robusta no mercado de transformadores, a apreciação do dólar e a capacidade de repasse de custos devem proteger as margens da empresa. No geral, esperamos um trimestre de crescimento de receita e estabilidade nas margens operacionais, com destaque para as operações nas Américas.
Nossa projeção de crescimento de receita é impulsionada pela contribuição integral das marcas adquiridas (Marathon, Cemp e Rotor), que agora agregam valor ao longo de todo o trimestre. Além disso, a valorização do dólar frente ao real (+13% a/a e +6,0% t/t) contribui para o aumento da receita dos mercados estrangeiros.
Do ponto de vista de custos, o aumento nos preços de matérias-primas como o cobre e o aço pressiona o COGS; no entanto, esperamos que o impacto na margem bruta seja parcialmente absorvido pelo repasse de preços, que se somados à maior eficiência operacional apontam para uma margem EBITDA de 22,9%.
Indicadores setoriais: perspectivas positivas, fortalecidas por um câmbio favorável
Os dados de exportação de máquinas, usados como proxy, nos ajudam a prever a performance das divisões de eletroeletrônicos industriais, motores comerciais e appliances da WEG nos mercados internacionais.
As exportações de máquinas indicaram uma leve queda de -3,1% t/t no 3T24, mas um crescimento sólido de +14,9% a/a, sugerindo que a demanda externa está mais forte do que no ano passado. Esse aumento anual se alinha com a expectativa de crescimento da receita em dólar de EEI e MCA, que apresenta um crescimento robusto de +16,7% a/a (para R$ 679,7 milhões). Este dado reforça a previsão de um trimestre de crescimento para essas divisões no exterior.
A alta correlação entre exportações e receita se deve ao modelo de produção da WEG, que possui uma grande parte de sua capacidade produtiva no Brasil e envia os produtos e componentes para suas empresas para sua trading distribuírem em outros mercados. Com o dólar valorizado frente ao real, essa estrutura gera uma possível expansão de margens para a WEG. A valorização do dólar de 6% t/t no 3T24 adiciona um efeito positivo à perspectiva de crescimento de receita externa em real.
GTD: modernização do grid elétrico e IA seguem puxando a demanda por transformadores nos EUA
A infraestrutura de transmissão e distribuição nos EUA está envelhecida, e há uma necessidade crescente de atualizar e reforçar o grid para garantir estabilidade e eficiência energética. Com o aumento da demanda por eletricidade e a transição para fontes de energia mais limpas e renováveis, é essencial modernizar o sistema para lidar com cargas variáveis e integrar novas fontes de energia. O avanço da inteligência artificial e o crescimento do setor de data centers têm aumentado significativamente o consumo de energia nos EUA. Esses projetos exigem uma infraestrutura elétrica robusta e confiável, incluindo transformadores de alta qualidade, capazes de suportar o consumo intensivo de energia dessas instalações.
Esse aumento na demanda está refletido no crescimento das importações nos EUA e do índice PPI para transformadores, que se mantém em um patamar elevado, impulsionando um ambiente de preços favorável. A WEG, é um dos principais fabricantes no mercado de transformadores e deve capturar parte desse crescimento.
Os dados mais recentes mostram um crescimento de +10% t/t e +17% a/a no 3T24, indicando uma demanda aquecida por transformadores para suportar as exigências do novo grid. O PPI de Transformadores, que subiu 2,6% a/a, sugere um cenário favorável de preços para esses produtos, beneficiando empresas como a WEG.
No segmento solar, observamos o quarto trimestre consecutivo de queda nas exportações de painéis solares na China, com uma dinâmica negativa em ambos os aspectos: preço e volume. No 3T24, o valor das exportações de painéis solares caiu para US$ 532,7 milhões, representando uma queda de -40,1% a/a e -19,1% t/t. Além disso, o preço médio da principal componente de custo do painel solar caiu para US$ 5,6/kg, marcando uma retração de -38,2% a/a. Esse cenário reflete um contexto menos favorável para o mercado solar, muito diferente do observado em 2022, quando a demanda estava aquecida.
Concorrentes: ABB e Nidec apresentaram dinâmicas positivas
Uma outra forma de estimar o direcional dos resultados da WEG é olhando para os concorrentes. Dessa forma, temos uma visão abrangente das tendências e dinâmicas dos diferentes setores em que a companhia opera.
Nidec: a empresa registrou crescimento de receita tímido no segmento Appliance, Commercial and Industrial Products, com uma alta de +2,5% a/a e +0,2% t/t, atingindo uma margem operacional de 12,5%, uma melhoria de +1,0pp a/a, o que é um bom indicador para o desempenho da WEG em MCA, mercados correlatos. No segmento Machinery, a margem operacional foi de 11,1%, o que sugere um ambiente ainda desafiador para produtos de ciclo curto, como motores menores, que também são um mercado da WEG.
ABB: No segmento Motion, a ABB obteve um crescimento de +0,9% t/t e +1,1% a/a na receita, com uma margem operacional de 20,7%, reforçando que o ambiente de preços está favorável, o que pode beneficiar a rentabilidade da WEG. No segmento Process Automation, a ABB reportou uma receita de US$ 1,643 bilhões, com uma leve queda de -4,3% t/t, mas crescimento de +5,7% a/a, a divisão manteve uma margem de 15,2%, refletindo as boas perspectivas para soluções industriais automatizadas, segmento onde a WEG também está presente.
O desempenho dos concorrentes reforça a perspectiva de que a WEG está bem-posicionada para manter margens saudáveis e crescimento de receita no 3T24. O ambiente de preços favoráveis observado na ABB, particularmente em produtos de ciclo longo, sinaliza que a WEG pode expandir suas margens nesses segmentos, especialmente com a demanda forte por transformadores e equipamentos de transmissão nos EUA. A operação concentrada no Brasil, com custos em reais e receitas em dólar, também deve continuar a beneficiar a empresa frente ao cenário cambial.
Dessa forma, 3T24 apresenta um cenário favorável para a WEG, com crescimento de receita e margens sustentáveis. A comparação com os resultados divulgados por concorrentes como ABB e Nidec reforça nossa perspectiva positiva. O crescimento orgânico pode ser mais modesto, especialmente em comparação com o trimestre anterior, mas há boas chances de uma surpresa positiva nas margens operacionais.
Nossa visão e recomendação
Como foi destacado pela Nidec a demanda contínua por soluções de energia segue beneficiando o setor, incluindo sistemas de armazenamento de energia (BESS), que estão ganhando relevância no mercado de transição energética. A demanda por geradores, impulsionada pelos centros de dados de inteligência artificial, também é uma oportunidade relevante. Esse, é um indicativo positivo para o futuro das divisões EEI e GTD da WEG, já que a empresa está posicionada para capturar essas tendências. Transformadores e soluções de armazenamento de energia são críticos em projetos de infraestrutura para data centers. Além disso, são a base que suporta a expansão do grid decorrente da migração para uma matriz energética pautada em renováveis.
O mercado de armazenamento de energia, especialmente para aplicações comerciais e industriais, está começando a ganhar tração e novas oportunidades se abrem para a empresa seguir entregando crescimento no longo prazo. Esses fatores, aliados ao forte posicionamento da empresa em mercados de alto potencial, reforçam nossa visão positiva para o papel no médio e longo prazo.
Sabemos que a WEG continua a ser negociada a níveis de valuation nada convidativos. Mas se olharmos para o longo prazo acreditamos em uma descompressão gradual de múltiplos, alinhada ao crescimento esperado em EBITDA e lucro líquido. Atualmente enxergamos as ações de WEGE3 negociando a um EV/EBITDA de 25,1x e a um P/E de 37,5x projetado para 2025. Mantemos nossa recomendação de COMPRA para WEG, com preço-alvo de R$ 58,00, considerando a combinação de crescimento sólido e expansão gradual de margens que devem proporcionar bons retornos para os acionistas.