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Publicado em 17 de Junho às 17:48:00

Setor de Transmissão: Hora de Comprar Proteção!

Escolha Genial

A Escolha Genial para o setor de transmissão vai para ALUPAR. Nossa recomendação é baseada na “virada de chave” da empresa no ano de 2021, onde o acionista conseguirá observar um incremento no fluxo de caixa da empresa à medida que os projetos em desenvolvimento entrem em operação somados a uma menor necessidade de investimentos por parte da empresa. Iniciamos nossa cobertura com recomendação de MANTER para Transmissão Paulista e VENDER para Taesa.

Se preferir, assista nosso podcast sobre o tema.

O momento é de defesa. Em um ano marcado por incertezas quanto as reformas econômicas e um aumento da pressão inflacionária, pensamos que o setor de transmissão tem as características perfeitas para se destacar tendo em vista suas características: receitas fixas e indexadas a índices inflacionários, altas margens operacionais e uma grande generosidade no que diz respeito ao pagamento de dividendos.

Os impactos econômicos da Covid-19 foram limitados no setor de transmissão. Em geral, houve pequenos atrasos no cronograma de projetos específicos em desenvolvimento devido às quarentenas ao redor do Brasil. Ainda assim, esses atrasos não devem ser suficientes para fazer com que tais projetos deixem de entrar em operação muito antes do que a ANEEL determina, o que poderá gerar uma antecipação dos lucros aos acionistas.

E como prova que o destino escreve certo em linhas tortas, citamos a discrepância entre os dois principais índices inflacionários do Brasil: o IGPM (Índice Geral de Preços – Médio) e IPCA (Índice Geral de Preços Amplo) acumulados atingiram níveis muito distintos: 24% e 4.4%, respectivamente em 2020. Tal informação é relevante devido à exposição de parte dos contratos das empresas ao IGPM, como Alupar e Taesa.

Os tão sonhados dividendos devem voltar a cena à medida que as empresas coloquem seus projetos em operação ao longo de 2021-2022. Depois de uma expressiva quantidade de leilões no setor de transmissão desde 2017, os próximos devem ter tamanhos mais modestos. Acreditamos que o foco das empresas nos próximos anos será em gerar valor via dividendos ao invés de crescimento via leilões, como nos últimos anos.

Como maior risco para o setor de transmissão, observamos a reforma tributária. Já é fato quase consumado a ideia de tributação em dividendos e eliminação do benefício fiscal dos juros sob capital próprio (JSCP). Tais alterações viriam – em teoria – compensadas por um menor imposto corporativo. Entretanto, é preciso combinar com os russos.

Análise Inicial ALUPAR [ALUP11]

Recomendação: COMPRAR
Preço-Alvo: R$35

Resumo da Recomendação

Aos preços atuais, observamos um retorno esperado de 32,6%. Nossa principal recomendação para o setor de transmissão, ALUP11 negocia a uma taxa interna de retorno implícita de 12.2% (vs. Rendimento das NTN-Bs de 4.5%). Nossa recomendação é suportada por pensarmos que a performance recentes das units da empresa não condizem com a qualidade do papel, operação, capacidade de execução e momento da empresa. Além disso, consideramos, entre as empresas do setor de transmissão, a ALUPAR um case defensivo, ainda descontado em relação aos pares e com boas perspectivas de pagamento de dividendos ao longo dos próximos anos.

Trabalho, muito trabalho

O ano de 2020 foi marcado pelos expressivos investimentos feitos pela empresa do setor de transmissão. De acordo com nossas estimativas, acreditamos que os investimentos da empresa devam ficar em pelo menos R$2.4 bilhões e um EBITDA de R$1.5 bilhões. Ou seja, tendo em vista o atual momento dos seus projetos, faz muito sentido que a empresa feche o ano de 2020 com aumento do endividamento. Com tamanho investimento, a empresa limitou o seu pagamento de dividendos no ano de 2020 – algo que encaramos com muita normalidade. Em 2021, de acordo com nossas estimativas, os investimentos devem cair para aproximadamente R$ 500 milhões e a distribuição de 50% dos lucros da empresa deve assegurar um rendimento modesto (c. 4% em relação à sua atual cotação). Para o ano de 2022, com praticamente todos os seus projetos em desenvolvimento já de pé, imaginamos que esse payout (distribuição de lucros) deva subir para 100% do seu lucro líquido anual, assegurando um rendimento de aproximadamente 9% ao acionista. Vale mencionar que não consideramos nenhum eventual pagamento extraordinário de dividendos.

Virando a chave

Em nossa leitura, o ano de 2021 deve ser marcado pela queda expressiva de investimentos feitos pela empresa à medida que a maior parte dos seus projetos em desenvolvimento devem entrar em operação ao longo de 2021. Além disso, conforme foi dito anteriormente, a empresa possui 38% dos seus contratos vigentes expostos ao índice IGPM, o que deve conferir um reajuste muito acima daqueles que são expostos ao IPCA. Ou seja, as características que julgamos serem aquelas que acabaram por “brecar” a sua performance em relação aos seus pares – alto investimento, aumento do endividamento e baixa distribuição de dividendos – devem ser deixadas para trás ao longo desse ano, em nossa leitura.

Uma possível porta de entrada

Observamos a Alupar como um das últimas possíveis “portas de entrada” para players interessados em adentrar no Brasil. A empresa é um dos únicos nomes independentes (ou seja, sem ser estatal, estar associado a algum grande grupo nacional ou internacional), o que pode fazer com que a mesma se apresente como uma plataforma interessante para players internacionais que tenham interesse em entrar no mercado brasileiro e, assim, destravar um valor interessante para os acionistas da Alupar. Vale lembrar que não ouvimos nenhum rumor sobre essa possibilidade, mas em nossa opinião, não deve ser descartada.

Pontos Positivos e Oportunidades

  • Controlador bem definido (Família Godoy Pereira)
  • Redução de alavancagem nos próximos dois anos
  • Valuation extremamente descontado
  • Aproximadamente 38% dos contratos expostos ao IGPM
  • Bom comprador de ativos de transmissão
  • Possível alvo de aquisição
  • Possível venda de ativos no Brasil por múltiplos interessantes

Desafios e Riscos

  • Encontrar novos projetos em condições atrativas
  • Ainda não é uma pagadora de dividendos
  • Projetos em desenvolvimento podem sofrer novos atrasos
  • Aumento na taxa de juros pode ser um risco para rentabilidade de novos projetos
  • Oportunidade de investimentos mais restrita ao longo dos próximos anos

Análise Inicial Taesa [TAEE11]

Recomendação: VENDER
Preço-Alvo: R$36

Resumo da Recomendação

Aos preços atuais, observamos TAEE11 com downside em relação ao nosso preço alvo. A empresa negociando com uma taxa interna de retorno implícita de 6.1% (vs. Rendimento das NTN-Bs de 4.5%). Com a recente performance das ações da empresa, acreditamos que o atual preço não apresente mais potencial de valorização se considerarmos a empresa rigorosamente como ela é hoje. É importante fazermos essa colocação porque nas últimas semanas o seu principal controlador (CEMIG) anunciou que está avaliando estruturas para venda da sua participação na Taesa. Em nossa leitura, o atual nível de preços da ação reflete não apenas seu valor fundamental, mas também passa a considerar eventuais prêmios de controle e/ou ganhos de sinergia operacionais caso essa venda se concretize. À medida que tal operação ainda está longe de ser concluída e os eventuais valores das sinergias operacionais ainda não foram estimados ou anunciados, não nos sentimos confortáveis em ter uma recomendação mais agressiva no papel.

Independente do cenário, vale mencionar que Taesa está entre as mais generosas pagadoras de dividendos de todo o Ibovespa e que, aos preços atuais, deve seguir com um rendimento acima dos 9% ao longo dos próximos anos, refletindo a entrada de novos projetos e o reajuste dos seus contratos esperado para jun/21. Em nossa leitura, tal rendimento deve funcionar como um “piso” para a ação caso a seu intuito de venda não se materializar e as ações venham a devolver os ganhos acima do nosso preço-alvo para o papel.

Dividendos, dividendos e dividendos… e a dívida?

Falar sobre dividendos em relação a Taesa é o famoso “chover no molhado”. Mas esse parágrafo não deixa de ser necessário à medida que os lucros da empresa devem continuar a ser beneficiados pela entrada de novos projetos e a exposição dos seus contratos ao IGPM. Dito isso, em nossa leitura, o grande ponto a ser considerado, diz respeito ao endividamento da empresa, que deve ficar em quase de 4x Dívida Líquida/EBITDA 21e. Tal indicador por si só não é um problema em nossa leitura… mas a medida que achamos pouco provável a alteração da política da empresa em distribuir 100% dos seus lucros, tal indicador deve ser observado com atenção à medida que o “poder-de-fogo” financeiro para entrada em novos projetos ou realizar novas aquisições deve ser limitado daqui por diante.

Exposição ao IGPM e novos projetos: Dividendos, Dividendos e mais Dividendos

Dentre todas as empresas sob nossa cobertura, no setor de transmissão, Taesa é aquela que tem maior exposição dos seus contratos ao IGPM. Ou seja, além dos seus projetos que ainda devem entrar em operação ao longo de 2021, as RAPs (Receitas Anuais Permitidas) das empresas serão beneficiadas pelo atual nível do IGPM. Dessa forma, nossas estimativas em termos de dividendo nos levam a acreditar em uma rentabilidade acima de 10% acima nos próximos anos.

Possivel Evento Societário?

Como mencionamos, a Cemig anunciou o intuito em desinvestir a sua participação na Taesa. Como toda essa questão ainda é muito preliminar (foi anunciado na última semana de Março/21), ainda não temos grandes informações para estimar os eventuais ganhos para o acionista. Por enquanto, podemos prever alguns cenários possíveis. Em teoria (teoria, veja bem) seria uma aquisição pelo grupo ISA. O grupo colombiano ISA (controlador da Transmissão Paulista) já possui uma fatia de 14.8% na companhia. A Cemig ainda possui uma fatia de 21.7% na Taesa, mas vem em um processo de desinvestimento e venda de ativos não-estratégicos já há alguns anos. E porque não pensar em uma fusão entre as duas empresas? Vale mencionar que não encontramos nada no fluxo de notícias sobre ambas as empresas nos últimos anos, mas é algo que deve ser considerado e que vale a pena ser acompanhado. Como segundo ponto, vemos o interesse – ainda que parcial – por parte da Alupar. Taesa e Alupar detém uma série de linhas compartilhadas dentro de um veículo chamado TBE e, em caso de venda por parte da Taesa, faria muito sentido que a Alupar tivesse o direito de preferência de adquirir os ativos que estão dentro dessa estrutura.

Pontos Positivos e Oportunidades

  • Excelente pagadora de dividendos no setor de transmissão;
  • Altas margens operacionais;
  • Maior exposição ao IGPM em seus contratos;
  • Bom histórico de alocação de capital;
  • Possibilidade de fusão ou venda pela Cemig pode destravar valor para a empresa.

Desafios e Riscos

  • Encontrar novos projetos em condições atrativas;
  • Atual nível de endividamento limita o poder de fogo da empresa para novas aquisições ou investimentos;
  • Ausência de novos projetos ou oportunidades de aquisições podem ser um entrave à renovação de seu portfólio.

Análise Inicial Transmissão Paulista [TRPL4]

Recomendação: MANTER
Preço-Alvo: R$27

Resumo da Recomendação

Aos preços atuais, observamos TRPL4 com um retorno esperado de 4.4% e negociando com uma taxa interna de retorno implícita de 7.1% (vs. Rendimento das NTN-Bs de 4.5%). Nos últimos 12 meses, TRPL4 apresentou uma das melhores performances dentre as ações de energia elétrica – justificadamente, em nossa opinião. Transmissão Paulista teve um ano brilhante, marcado por uma impressionante melhoria na parte de custos operacionais, entrada operacional de linhas com antecipação em relação ao cronograma oficial e uma melhor performance dos investimentos realizados em relação ao que era esperado pela ANEEL. Apesar disso, acreditamos que o melhor dos cenários já tenha sido apropriado aos preços e preferimos ficar de fora e aguardar um momento mais apropriado.

Oportunidade de crescimento e com altos retornos garantidos: Reforços de Rede

De acordo com o site da empresa, a origem A ISA CTEEP é dada em 1999 “a partir da divisão dos ativos da estatal paulista Companhia Energética de São Paulo (CESP), como parte do programa de privatização do Governo Estadual. Em 2001, a Companhia incorporou a Empresa Paulista de Transmissão de Energia Elétrica (EPTE), resultante do desmembramento da Eletropaulo”. Ou seja, Transmissão Paulista tem uma rede extensa e bem antiga no estado de São Paulo – o maior centro consumidor de energia elétrica de todo o Brasil.

Dito isso, tendo em vista o contínuo crescimento da cidade de São Paulo e o tempo de uso de tais operações, as atuais linhas tendem a não ser o suficiente para atender a demanda da região. Para evitar a necessidade de licitar novas linhas para região, a ANEEL autoriza a CTEEP investir uma determinada quantidade de recursos com o objetivo de atender as necessidades locais de expansão ou troca de equipamentos – os chamados reforços de investimentos.

Tais reforços alcançam aproximadamente R$250 milhões/ano e convertem aproximadamente 10-12% desse valor em nova RAP para a empresa, o que implicar em taxas de retornos interessantes ao acionista e o melhor: sem nenhuma necessidade de competição. A Empresa pretende alcançar até R$400 milhões/ano em reforços. Por mero conservadorismo, colocamos apenas R$350 milhões pelos próximos 10 anos em nossas estimativas.

Dito isso, tendo em vista o contínuo crescimento da cidade de São Paulo e o tempo de uso de tais operações, as atuais linhas tendem a não ser o suficiente para atender a demanda da região. Para evitar a necessidade de relicitar novas linhas para região, a ANEEL autoriza a CTEEP a investir uma determinada quantidade de dinheiro com o objetivo de atender as necessidades locais de expansão ou troca de equipamentos – os chamados Reforços de Investimentos.

Monetizar o seu banco de terrenos. Porque não?

Como já mencionamos, a CTEEP tem maior parte das suas operações no maior centro consumidor do Brasil. São linhas que são oriundas de um processo de privatização e que já operam a décadas na região.

O que queremos dizer com isso é: CTEEP tem uma malha antiga em uma região que acaba por representar a maior parte da dinâmica econômica do Brasil. Tal característica acaba por gerar oportunidades interessantes em um front que a empresa começou a explorar a muito pouco tempo atrás: os terrenos onde estão as suas operações.

Na imagem abaixo, podemos observar a Subestação Bandeirantes. Por um acaso do destino, tal subestação fica a apenas duas quadras da Genial Investimentos (inclusive, no andar onde trabalhamos conseguimos ver tal subestação por completo) e fica localizado em uma área perto de regiões famosas pela presença expressiva de prédios comerciais com lajes corporativas (uma série delas negociando como fundos imobiliários).

Um dos planos da empresa é tentar monetizar esse terreno via alguma parceria com alguma incorporadora. O objetivo provável seria a construção de algum empreendimento imobiliário. Vale lembrar que a subestação bandeirantes se localiza em uma interseção entre os bairros da Vila Olímpia e Brooklyn, um ponto bastante famoso pela abundância de lajes corporativas e fundos imobiliários diversos. Em um cenário de escassez de espaço para novos empreendimentos, tal terreno com localização privilegiada pode despertar a cobiça de empreendedores com foco em desenvolver uma parceria com a CTEEP. O terreno possui 48.000 M² e tem potencial para destravar um valor interessante para a CTEEP à medida que tal terreno hoje é utilizado apenas com sua subestação. Vale lembrar que a construção de cada metro quadrado de área bruta locável na região gera a custa 15-25k/m2.

Imagem: Subsestação Bandeirantes

Imagem: Subsestação Bandeirantes
Fonte: Google Earth

Dividendos, porque não?

Apesar da quantidade expressiva de investimentos em novos projetos e aquisições ao longo dos últimos anos, a empresa ainda segue um fluxo de caixa saudável e um balanço desalavancado. Nossas estimativas em termos de fluxo de dividendos pode parecer conservadora… talvez seja. Temos esses números porque estamos respeitando a política de dividendos traçado pela empresa, de distribuir “apenas” 75% do seu lucro. Entretanto, considerando o seu baixo endividamento, acreditamos na possibilidade da empresa pagar dividendos extraordinários, o que já aconteceu em 2019. O não pagamento de dividendos extraordinários, em nossa leitura, pode ser uma indicação da empresa em “guardar munição” para aquisição de linhas já operacionais. Achamos tal possibilidade muito interessante tendo em vista os retornos alcançados nas últimas aquisições.

Pontos Positivos e Oportunidades

  • Empresa mais desalavancada do setor de transmissão;
  • Ativa na aquisição de novos projetos em leilões ou no mercado secundário;
  • Reforços de rede como um canal interessante de investimentos;
  • Dividendos extraordinários são possíveis e não devem ser desconsiderados;
  • Possível fusão com a Taesa não deve ser desconsiderada.

Desafios e Riscos

  • Agressividade nos próximos leilões de transmissão podem consumir a rentabilidade da empresa;
  • Aquisições à preços pouco atraentes;
  • Possibilidade de crescimento em relação à aprovação de novos reforços podem ser mais difícil do que o esperado.

Estrutura Acionária – Transmissão Paulista

Visão Geral do Setor de transmissão

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Com o Ibovespa alcançando máximas históricas e todas as incertezas relacionadas ao ano de 2021, acreditamos que o setor de transmissão é o nosso preferido a se estar exposto no setor de energia elétrica. Nossa confiança é suportada devido à natureza do negócio de transmissão:

  • Receitas fixas, ajustadas anualmente pela inflação (IPCA ou IGPM);
  • Altas margens operacionais;
  • Dividendos: boas perspectivas quanto ao aumento do pagamento de proventos após a entrada operacional de projetos que estavam em desenvolvimento;
  • Crescimento: apesar da acirrada competição nos últimos leilões, existem oportunidades interessantes no mercado secundário.

Retrospectiva do setor de transmissão em 2020

 O ano passado foi um período de alta volatilidade para o mercado de ações e mesmo o setor de energia elétrica sendo considerado um porto seguro para momentos como este, o mesmo não passou sem sofrer nenhum impacto. Na nossa opinião, o segmento de distribuição foi o mais afetado com a queda no consumo e aumento das perdas/provisões. O segmento de geração foi marginalmente impactado, com grande incerteza quanto aos preços dos contratos futuros de longo prazo.

Como demonstrado no gráfico abaixo, o índice do setor de Energia Elétrica teve uma performance superior ao Ibovespa. Taesa e Transmissão Paulista superaram o Ibovespa com folga. Alupar apresentou uma performance abaixo dos seus pares.

Brasil alcançou 154.419 Kms em linhas de transmissão no final de 2019

As fontes geradoras de energia estão distantes dos centros consumidores. Sendo assim, a conexão entre ambos necessita de um extenso sistema de transmissão de energia para entregar a energia gerada por 170.071 MWh de capacidade instalada no Sistema Integrado Nacional (SIN). O SIN conecta áreas com alta capacidade de geração as regiões consumidoras, aumentando assim a eficiência do sistema e reduzindo os riscos do sistema durante os períodos de seca. Observando a imagem 01, perceba o grande potencial energético das regiões Norte/Nordeste (principalmente de fontes eólicas) em relação às regiões Sul/Sudeste.

Imagem 01: Malha do Sistema Existente Linhas de Transmissão

Malha do Sistema Existente Linhas de Transmissão
Fonte: EPE/ANEEL – PDE 2029

Imagem 02: Potencial Energético Brasileiro (2017)

Potencial Energético Brasileiro (2017)
Fonte: EPE/ANEEL

Leilões – setor de transmissão

Os blocos são ofertados em leilões públicos realizados pela ANEEL. Com as RAPs de cada lote pré-estabelecida pelo regulador, o vencedor é aquele que ofertar a menor RAP possível. Na tabela abaixo, mostramos a performance dos leilões realizados pela ANEEL desde Outubro/2016. Como podemos observar, os leilões foram um sucesso: praticamente 100% dos lotes oferecidos foram leiloados. Observamos também a alta competição em cada um dos certames, com deságios crescentes em relação as RAPs oferecidas.

O que achamos dos deságios? Desmistificando a “agressividade” das empresas

Como mencionamos ao longo dos parágrafos anteriores, o processo de leilão de linhas de transmissão é feito através de ofertas descendentes em relação à RAP oferecida pela ANEEL. Como diferenciais competitivos de uma empresa e outra no momento da oferta, citamos:

  • Experiência e habilidade do grupo vencedor na realização de projetos complexos;
  • Localização geográfica do lote;
  • Sinergias operacionais entre o lote ofertado e outras linhas já operacionais;
  • Maior eficiência em custos, etc.

À medida que acompanhamos os leilões dos últimos anos, sempre tivemos cautela aos resultados dos leilões devido aos altos deságios apresentados em cada um dos certames tendo em vista as premissas que utilizávamos na avaliação de cada um dos lotes ofertados – em geral, uma eficiência de 20% em termos dos investimentos esperados pela ANEEL (ou “CAPEX Regulatório”) em relação aos números da ANEEL e sem antecipação na entrada operacional.

Com o passar dos anos e observando os projetos leiloados em 2016 entrando em operação, constatamos que, na média, a eficiência nos investimentos levados para desenvolver os projetos ficaram entre 30-50% e com antecipações de seis meses até dois anos. Ou seja, os deságios apresentados nos leilões não eram tão incoerentes se considerarmos a geração de valor ao acionista tendo em vista as premissas reais dos projetos.

Crescimento & Oportunidades: + Dividendos – Crescimento

De acordo com o último Plano Decenal de Energia Elétrica (“PDE”), a expectativa de investimentos no setor de transmissão é de R$ 110 bilhões para o período de 2021-2029. Com investimentos já contratados de aproximadamente R$ 62.8 bilhões no período de 2021-2025, os R$ 36 bilhões remanescentes devem ser oferecidos entre 2025-2029.

Ou seja, Acreditamos que a fase mais expressiva em termos de oportunidades de adquirir blocos em novos leilões já passou. Dito isso, acreditamos que agora, mais do que nunca, as empresas entrarão em uma fase com foco maior no pagamento de dividendos ao invés de focar em crescimento via leilões. Aquisições no mercado secundário, entretanto, não devem ser descartadas.

Alupar e Taesa são os nomes mais expostos ao IGPM

Como mencionamos anteriormente, algumas linhas de transmissão possuem suas receitas atualizadas ao IPCA enquanto outras ao IGPM. Ou seja, tendo em vista a discrepância entre os índices acumulados nos últimos doze meses, empresas que possuem contratos mais expostos ao índice IGPM devem apresentar uma vantagem interessante em relação aquelas expostas ao IPCA. Como podemos notar no gráfico abaixo, a Transmissão Paulista tem pouca exposição ao índice IPCA enquanto Alupar e Taesa apresentam um percentual relevante dos seus contratos expostos ao IGPM. 

Reforma Tributária: precisamos combinar com os Russos (ou com Brasília)

Uma das reformas a serem aprovadas em 2021 é a tão esperada reforma tributária. Dentre as alterações propostas, achamos pouco provável que dois pilares da atratividade do segmento não venham a ser implementados: remoção do benefício fiscal do Juros Sob Capital Próprio e criação de impostos sobre os dividendos. Em teoria, tais alterações deveriam ser compensadas por uma diminuição na alíquota efetiva de imposto de renda. Ou seja, precisamos combinar com os russos. Caso não exista tal compensação, acreditamos que esse ponto chegue até a ser motivo para judicialização. Vale lembrar que as ofertas feitas para aquisição de linhas nos leilões da ANEEL consideram a tributação atual vigente. Aumentos na carga tributária total podem disparar disputas relacionadas ao equilíbrio econômico-financeiro de tais linhas.

Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças – Setor de Transmissão

Forças

  • Receitas Pré-Fixadas no momento do leilão (RAPs);
  • Contratos ajustados a índices inflacionários (IPCA ou IGPM);
  • Altas margens operacionais;
  • Boas pagadoras de dividendos;

Fraquezas

  • Menor expectativa de oportunidades em leilões de linhas novas;
  • “Beta Baixo”. Ações de transmissoras tendem a perder atratividade em momentos de alto crescimento econômico;
  • Alta necessidade de capital de terceiros em seus projetos.

Oportunidades

  • Oportunidade de aquisições de outras linhas em desenvolvimento por empresas menores;
  • Empresas com contratos expostas ao IGPM devem ter ganho extraordinários em relação aquelas mais expostas ao IPCA;
  • Maior expectativa de inflação para 2021/2022.

Ameaças

  • Alta da curva longa de juros deve pressionar as cotações das empresas;
  • Aumento expressivo da Selic tende a diminuir os lucros de empresas mais alavancadas;
  • Licenciamento ambiental pode atrasar entrada operacional de determinadas linhas;
  • Atrasos ou estouro no orçamento de projetos em desenvolvimento;
  • Volatilidade no câmbio e preço de commodities metálicas podem ser um desafio para elaboração de orçamento para novos projetos;
  • Reforma tributária deve passar a tributar dividendos e eventualmente acabar com JSCP.

Conversas com as Empresas

Nos últimas semanas, tivemos conversas com as três empresas que foram analisadas nesse documento. Espero que essas conversas ajudem em seu processo decisório.

Conversa Aberta com Luiz Coimbra, Gerente de RI da Alupar (22 de Junho)

Conversa aberta com Cristiano Granjeiro, Head de RI da TAESA (17 de Junho)

Conversa Aberta com Alessandro Gregori, CFO da Transmissão Paulista (25 de Fevereiro/21)

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