Alguns avanços, alguns desafios…
Seguimos com a recomendação de MANTER em RRRP3. A empresa apresentou números operacionais razoavelmente em linha com o consenso do mercado. Esse trimestre apresentou alguns pontos positivos para a tese da empresa e alguns questionamentos sobre pontos a serem acompanhados nos próximos trimestres. Dos pontos positivos, citamos I) primeiro trimestre com os números do Polo Potiguar consolidados, II) petróleo sendo vendido em melhores condições comerciais, significando menores deságios nos produtos vendidos vs preço do brent, III) dados de produção de julho/23 em níveis mais interessantes se considerarmos os dados publicados referentes a junho/23 (mais informações abaixo) e IV) evolução dos investimentos no trimestre no redesenvolvimento dos campos, uma das alavancas para incremento de produção por parte dos polos. Dos pontos de atenção, citamos: I) lifting costs ainda bem elevados (US$ 23,5/barril no 2T23 vs US$7/barril na Prio no mesmo período), ainda que parcialmente afetado pelos custos de transição dos polos recém adquirido, II) produção ainda abaixo do esperado em sua certificação de reservas (43,9k bpde vs 51,4k bpde esperados na recertificação), III) queima de caixa, mesmo se não considerarmos a aquisição do Polo Potiguar – este aqui um ponto muito importante, tendo em vista a recente capitalização realizada pela empresa.
Nossa leitura em relação ao case permanece o mesmo: preferimos esperar um melhor desenvolvimento do case antes de alterar a nossa recomendação. Aos atuais níveis de preço, vemos a RRRP3 negociando a 2,7x EV/EBITDA 24E em um case que segue produzindo abaixo da curva 2P da empresa. Prio negocia em patamares similares e vem produzindo acima daquilo estimado em sua última certificação de reservas (100k bpde vs 92k bdpe), nos levando a ficar ainda mais confiantes com a tese da empresa. Importante mencionar que após a recente capitalização, nos sentimos no direito de sermos mais criteriosos com a empresa.
Detalhamento 2T23
EBITDA em linha com o consenso. A receita alcançou R$836 milhões (109% a/a), pico histórico da empresa, principalmente devido ao impacto da consolidação do Polo Potiguar. É importante mencionar que o ativo trouxe consigo um ativo de refino (Refinaria Clara Camarão, com capacidade de refino de 45.000 barris) e tal ativo ainda não é considerado em nossas estimativas. O volume produzido alcançou 28,3k bpd médios (vs. 10,6k bpd no 3T22) em um preço de venda média de óleo de US$68,5/barril (vs US$88,4 no 2T22). Em relação à produção, sugerimos que os Srs. leiam o tópico abaixo, relacionado aos dados de produção da empresa. Um dos destaques da receita diz respeito a evolução dos preços comercializados do petróleo pelos campos da empresa, principalmente de Papa Terra (desconto médio de US$15,4 vs US$30 no 1T23).
Os custos operacionais aumentaram (R$597 milhões no 2T23, +367% a/a) devido a integração dos ativos adquiridos, principalmente os ativos de refino contido no Polo Potiguar). As despesas gerais e ADM expandiram devido a contração de profissionais para os seus quadros e consolidação de ativos. Nesse trimestre, o custo com ativos em transação foi de R$24 milhões. O EBITDA no 2T23 foi de R$199,5 milhões (-3,1% a/a). Os investimentos ex-Potiguar no trimestre alcançaram R$209 milhões (US$42 milhões vs US$33 milhões no 1T23), o ocasionando uma geração de caixa de praticamente zero. O lucro líquido foi de R$79 milhões no 2T23.
Destaques da Teleconferência
- A empresa teria geração de caixa positiva se não fossem os efeitos não-recorrentes relacionados aos custos de transição. A empresa espera um EBITDA de US$300 milhões no 2º semestre de 2023 (c. R$1,5 bilhões).
- Empresa avalia oportunidades de parcerias ou venda parcial de alguns ativos mid-downstream pequenos do seu portfólio, por serem considerados “non-core”.
- Expectativa de redução de custos e lifting cost, principalmente Papa Terra.
- Sem considerar a produção de gás, a empresa deve alcançar 45k barris de óleo até o fim do ano (+3k barris de Macau e +4-5k barris de Papa Terra, principalmente).
- Refinaria Clara Camarão agrega entre US$2-3 por barril produzido no Polo Potiguar (não consideramos esse fator no nosso modelo).
- Meta de produção 2P para 2024 (65k bpde) é possível de acordo com a empresa a depender do plano de redesenvolvimento. De acordo com o management, a diferença entre o planejado pela cia em caso de todos os ativos rodando 100% e a expectativa pelo atual certificado de reservas é muito pequena. Para o ano que vem, é esperado menos paradas técnicas.
Dados de Produção – Jul/23
A participação equivalente em termos de produção por parte da 3R alcançou 43,9k barris (51,9k boed no total), o pico histórico desde o seu IPO. Em termos absolutos, tal número não chega a ser uma surpresa tendo em vista a recente conclusão da aquisição do Polo Potiguar (julho considera a produção do mês inteiro). Entretanto, gostaríamos de ressaltar as performances individuais de alguns ativos. Polo Macau apresento incremento expressivo, produzindo 6,5k boed (vs 5,2k em jun/23). Chamamos atenção também da performance positiva do Polo Peroá, Rio Ventura e Papa Terra (este último ao menos, não apresentou nenhuma parada técnica nesse período).