Conclusão. Seguimos confiantes no case da RRRP3 e mantemos a nossa recomendação de COMPRAR. Conforme já discutido em outros relatórios, acreditamos que o mercado ainda avalia o case da empresa como pré-operacional, a medida que a mesma segue sendo a mais descontada em relação aos seus pares no Brasil e na América Latina a despeito da contínua evolução do ponto de vista operacional, com aumento da produção dos campos adquirido e consolidação dos ativos que foram adquiridos da Petrobrás ao longo do processo de desinvestimento. A apresentação serviu para nos dar um direcionamento para gatilhos de curto prazo da empresa que, em nossa opinião, deveria levar a 3R e negociar a, pelo menos, em linha com o seus pares (c. US$7 EV/2P vs US$5 EV/2P da 3R). Apesar do nosso viés positivo em relação a tese da empresa, a 3R divulgou a sua produção referente ao mês de Maio/22. Em nossa leitura, os dados de produção podem ser considerados neutros para tese em um mês marcado por uma paralização pontual na auferição da produção do Polo Macau, melhora na performance do Polo Rio Ventura e consolidação da produção do Polo Recôncavo, cujo a aquisição foi recentemente concluída pela empresa.
O Evento. O evento foi realizado no Rio de Janeiro, com a presenção do top management (Presidente, Diretor Financeiro, Diretor de Operações, Presidente do Conselho, etc) onde os mesmos fizeram a abertura de uma série de pontos interessantes sobre a tese da empresa. Nos próximos tópicos, pretendemos abordar o que julgamos mais interessante para tese da empresa.
Ativos em Transição. Os executivos abriram o cronograma esperado para o closing de alguns dos seus campos que ainda estão em transição. De acordo com os mesmos, os ativos que devem ter seu closing anunciados no curto prazo devem ser a fatia restante de 65% do Polo de Pescada e Arabaiana (empresa já controla 35% do campo), Polo Peroá e Papa Terra ao longo do segundo semestre. Os executivos também comentaram a proximidade da aprovação dos benefícios fiscais SUDAM/SUDENE para os campos localizados no nordeste (Recôncavo, Rio Ventura e demais campos cujo a aquisição ainda deve ser concluída).
Fator de Recuperação: Qual verdadeiro potencial da empresa? Os executivos colocaram uma provocação que julgamos muito interessante no que diz respeito as reservas recuperáveis da empresa. De acordo com os últimos relatórios de reserva da empresa, 3R tem um total de 512 milhões de barris 2P (provadas + possíveis), implicando em uma potencial de recuperação de 24% do total do volume nas reservas (vs. 16% de fator de recuperação acumulada) – valor esse muito inferior a média de recuperação mundial de 35%. Ou seja, supondo que as reservas recuperáveis venham convergir a média mundial, as reservas recuperáveis da 3R poderiam ser de até 800 milhões de barris. Sobre esse tema aqui, como já mencionamos em relatórios anteriores, as empresas de redesenvolvimento tem um histórico muito interessante de destravamento de valor em relação aos campos adquiridos. Tanto pelo “mato alto” (subinvestimento da Petrobrás e baixos fatores de recuperação da empresa) quanto pelo próprio conservadorismo das certificadoras, que precisam adotar os critérios mais rígidos em suas avaliações.
Macau + Rio Ventura. Para além do eventual incremento dos fatores de recuperação, a empresa mencionou a evolução da produção dos atuais polos que a mesma já controla mesmo com uma quantidade mínima de investimentos necessários no redesenvolvimento (principalmente em perfurações, esperadas para começar em breve), demosntrando que o melhor ainda deve estar por vir. Mencionaram também o potencial exploratório dos campos, com potencial de descoberta de novas quantidades de petróleo previamente despezados pelo antigo operador.
Peroá. Como principais pontos de destravamento de valor citados para o Polo peroá, citamos I) uso so gás produzido pelo campo nos próprios polos com o objetivo de diminuir os custos com energia elétrica/lifting costs dos mesmos, II) possivel tieback do Polo Peroá e Malombe, o que deve ajudar na redução de custos operacionais/lifting costs da empresa e III) renegociação e melhores preços no volume de gás vendido pela empresa com a recente abertura do mercado.
Papa-Terra. Como já é de comum conhecimento, a atual produção do campo está em zero pelos atuais operadores (Petrobrás e Chevron) devido a um problema em sua caldeira (que serve para aquecer o petróleo do poço, que por sua vez é bastante pesado e viscoso) – e como esperado, é visto como um dos pontos delicados da tese da empresa. Como pontos positivos levantados pelos executivos da empresa, foram ressaltados os baixos fatores de recuperação do campo, o conhecimento sobre a geologia do campo (com mais de 20 anos de análise desde a sua descoberta), baixo preço pago na aquisição do mesmo e características geológicas específicas que trazem confiança aos executivos na recuperação econômica do campo.
Financiamento. Outro ponto interessante é a iminente emissão de dívida que a empresa deve realizar com o objetivo de suportar o seu pipeline de aquisições (vale mencionar que a empresa hoje não tem dívida e já levantou todo o caixa necessário para aquisição dos campos via as suas emissões de ações). De acordo com os executivos, a empresa deve anunciar os termos da sua emissão de dívida em breve e está apenas finalizando alguns termos com os bancos emissores e agências de rating.
Dados de Produção de Maio/22: Neutro.
Dados de Produção Maio/22: Neutro. A empresa reportou também a sua produção para o mês de Maio. De acordo com o relatório, o total de barris produzidos referentes a participação da empresa nos campos foi de 10,286 bpd (vs. 9,164 no 1T12 e 9,330 em Abril/22). Em nossa leitura, uma vez mais o grande destaque ficou por conta do Polo de Rio Ventura, com a produção alcançando 1,506 bpd no mês de maio (vs. 1,341 abril/22). Ou seja, o que achamos interessante nessa performance foi a mudança de patamar da produção do campo em um relativo curto espaço de tempo: 890 bdp no 3T21 (quando a empresa assumiu as operações da Petrobrás) até o atual nível de produção, um incremento de c. 69,2% em menos de um ano. No lado negativo, vemos a produção do campo de Macau no mês de Maio. O Polo Macau produziu apenas 5,8k bpd em maio/22 (vs. 7,2k bpd no 1T22). De acordo com a nota de produção, tal queda foi justificada por uma queda no fornecimento de energia em um dos sub-clusters do Polo Potiguar que acabou por afetar diversas concessões na Bacia Potiguar e, consequentemente, o processo de medição e rateio da produção do qual o Polo Macau está inserido. Por se tratar de um evento pontual, imaginamos que a produção do campo deva retornar aos patamares anterior a esse ponto, quando o Polo Macau produzia pouco mais de 7k bpd antes de abril/22. Como grande novidade na produção da empresa, está a conclusão da aquisição da Polo Recôncavo, que já contribuiu com uma produção de quase 2,1k bpd no mês de maio (relativos a apenas 21 dias de operação). Vale lembrar que os próximos 2-3 meses devem ser focados no estabelecimento do time da 3R no campo recém absorvido, troca de materiais, reconhecimento da geologia do campo, etc. Sendo assim, um incremento na produção de maneira mais expressiva deve acontecer apenas depois disso.