Conclusão. Em geral, podemos interpretar os dados como ligeiramente negativos. Queremos dar ênfase na expressão “ligeiramente” pelo fato da atualização trazer alterações muito marginais em relação a certificação passada. Essencialmente, apesar do pequeno incremento nos volumes em termos de barris recuperáveis, a curva de produção apresentou uma pequena deslocação temporal na expectativa da sua produção, levando o pico de produção mais a frente e uma pequena diminuição no curto prazo nos volumes esperados. Os investimentos nas campanhas de redesenvolvimento também sofreram uma alteração no sentido contrário, com maiores volumes sendo alocados no curto prazo. Entretanto, a magnitude de tais alterações e risível e não achamos que vá trazer alterações expressivas nas nossas estimativas (que vamos trabalhar para publicar o mais rápido possível, assim como foi com a Prio e Petrorecôncavo após a publicação dos seus certificados de reserva). E, claro, um fluxo de caixa mais apertado devido a menores volumes e maiores investimentos no curto prazo vai necessariamente fazer com que as nossas estimativas para a empresa fique mais apertada. Apesar dos pesares, é importante mencionar que para além do fluxo de notícias negativas que vem impactando o setor (como as incertezas em relação ao processo de desinvestimento da Petrobrás e o Polo Potiguar com contrato assinado pela 3R Petroleum), as ações da 3R acabaram por sofrer as vésperas da publicação dos seus certificados por receio do mercado de enfrentarem um evento similar ao que aconteceu com a Petrorecôncavo no último dia 15 de Março (para maiores informações, clique aqui) onde a explosão dos investimentos esperados para o redesenvolvimento dos campos levou as ações da empresa a despencar no dia do anúncio. Como a 3R também opera muitos campos onshore e em regiões muito próximas Petrorecôncavo, existia o temor das certificações da 3R virem com números similares. Sendo assim, não duvidamos que o mercado vá ter uma reação positiva as certificações publicadas tendo em vista a mitigação de incertezas sobre esse ponto e a recente performance das ações da 3R.
O Fato. A empresa divulgou o relatório de reservas dos seus ativos operacionais (Macau, Rio Ventura, Fazenda Belém, Pescada, Peroá, Recôncavo, Duna e Papa-Terra – dessa vez classificados em quatro subregiões) certificados pela consultoria Degolyer & Macnoughton com data-base de Dezembro de 2022. O certificado deve ser analisado sob os pontos tradicionais: I) volumes esperados, II) perfil das reservas (qual percentual das reservas são provadas e possuem pelo menos 90% de chance de serem recuperáveis), III) premissas de preços utilizadas para avaliação das reservas e IV) investimentos esperados.
I) Volume de Reservas: Um pouco mais… mas só la na frente!
Os volumes recuperáveis 2P sofreu um ligeiro incremento em relação a certificação anterior, alcançando 535 milhões de barris (vs 515 milhões de barris na certificação anterior e 516 milhões se não considerarmos o equivalente a 16 milhões referentes a Malombe, que foi classificado com reserva contingente), incremento de 3,8% a/a. Entretanto, como podemos perceber no gráfico de produção diária de barris de petróleo por dia, o pico de produção e os maiores volumes esperados foram deslocados mais para mais alguns anos a frente. Tal fato, naturalmente, tende a diminuir a percepção de valor do mercado em relação a empresa.
II) Perfil: Provadas (1P)/Prováveis (2P):
A atual certificação de reservas trouxe também uma ligeira deterioração na percepção da segurança do portfólio da empresa. Entretanto, como podemos perceper no gráfico abaixo, essa deterioração foi de apenas 0,8% – 1,8% em relação as três métricas que utilizamos nesse sentido.
III) Premissas de Preços de Petróleo
Depois da recente decisão da OPEP+ em cortar a produção diária em pelo menos 1 milhão de barris/dia, a curva de preços do mercado apresentou uma recuperação expressiva e já começou a ficar mais aderente em relação a curva utilizada para certificar os volumes divulgados. Vale lembrar que em nossas estimativas, estamos utilizando a curva anterior a essa decisão (linha verde, a mais conservadora de todas).
V) Investimentos Esperados: Reperfilamento dos Investimentos!
Assim como houve uma postergação nos volumes esperados de produção, os investimentos vão precisar ser maiores no curto prazo vs a certificação anterior além de ligeiramente superiores (US$2,3 bilhões vs US$2,1 bilhões na certificação anterior). Sendo assim, essa variável também irá funcionar como uma detratora nas novas estimativas que estaremos trabalhando e vamos publicar assim que possível.