Conclusão
Mantemos a recomendação de MANTER para as ações da BRAV3. A teleconferência trouxe informações construtivas para a tese e que deve aliviar boa parte das maiores preocupações dos investidores em relação a tese da empresa: geração de caixa e desalavancagem, principalmente em meio a preços baixistas do brent. Após anos de CapEx intensivo, a empresa cruza o “vale da execução” e agora se posiciona para acelerar geração de caixa, comprimir custos e desalavancar. O ramp-up de produção veio acima do esperado e lifting cost caindo de maneira acentuada, principalmente com início de materialização a partir de 2T25. Apesar dos pesares, seguimos preferindo o case da PRIO3 por valuation/execução e geração de caixa/dividendos já em 2026 – caso tudo dê certo, claro.
Principais pontos discutidos
I) Vamos para o que interessa: Produção chegou a 94k bpde!
De acordo com o management da empresa, a produção da Brava alcançou 82k bpde em abril/25, 82k bpde em maio e 94k bpde nos últimos dias antes da conferência. Acreditamos que essa informação deve trazer um grande alívio para o case da empresa tendo em vista a sua contínua queima de caixa devido a produção claudicante em meio aos custos operacionais não-otimizados e pesados investimentos com o plano de investimentos e pagamento de ativos anteriormente adquiridos (como a parcela referente a Potiguar nesse trimestre). A empresa espera retornar com a produção de Manati em breve. Meta de produção segue sendo 100k bpde com a conexão esperada de 4 novos poços, sendo dois em Atlanta e outros dois em Papa-Terra até o final de 2026.
Atlanta | É esperado também um pico de produção de Atlanta, seguido por um declínio ainda em 2025. Tal declínio deve ser revertido a partir de 2026 em uma segunda fase de desenvolvimento do ativo, seguido por uma longa cauda de produção.
Achamos esse guidance de produção interessante por estar alinhado com a apresentação feita pela Maha Energy (Brava Energy (BRAV3) | Apresentação da Maha: Insights interessantes de um acionista relevante), um dos acionistas relevantes da Brava e formada por executivos que participaram do desenvolvimento da 3R Petroleum. Independente de qualquer discordância da apresentação, acreditamos que ter em mente os insights da Maha deve trazer pontos importantes a se considerar daqui por diante em relação a tese da empresa – principalmente no que diz respeito a dividendos.
II) Evolução nos lifting costs e Break-Evens
O incremento de volume veio precisamente dos ativos off-shore: Atlanta e Papa-Terra. Com o novo patamar de produção, o lifting cost da off-shore deve cair dos atuais US$20/barril para apenas US$10/barril vs a queda de US$17,7/barril para c. US$16/barril no segmento on-shore. Dessa maneira, a empresa considera um preço de equilíbrio em relação ao seu custo-caixa de US$50-53/barril (considerando CAPEX e Investimentos). Sendo assim, a empresa deve passar a gerar caixa com o atual patamar de produtividade de investimentos esperados. Importante mencionar que o guidance de break-even não considera a estrutura de hedge via derivativos montada pela empresa.
II) Investimentos | 2025 e 2026
A empresa espera investir US$450 milhões ao longo de 2025 e apresentar um patamar similar em 2026 a depender da evolução do preço de brent. Desses US$ 450 milhões, pelo menos US$150 milhões já foram investidos pela empresa no 1T25. Sendo assim, os desembolsos nessa linha devem ser mais suaves daqui para frente. Ao longo da teleconferência, foi mencionada a redução de plataformas terrestres de produção como via de eficiência – resta saber se de fato mesmo com menos plataformas a empresa deve manter suas metas de produção.
IV) Desalavancagem & Venda de Ativos
A Brava decidiu por manter seus ativos onshore no portfólio não é apenas tática, mas estrategicamente fundamentada na melhora de margem, geração de caixa e integração operacional com sua cadeia de gás. O que antes era visto como uma posição transitória, hoje se apresenta como uma fonte adicional de valor e estabilidade para o portfólio energético da empresa. Sendo assim, a desalavancagem não acontecer via esse tipo de medida e deve se materializar apenas via evolução orgânica do volume esperado da empresa. Na teleconferência, e o management disse que segue aumentando a eficiência do ativo na Bahia e seguem trabalhando para vender o gás produzido nesse ativo e não pretende realizar seu desinvestimento mesmo em caso de recuperação dos preços do petróleo.
Em nossa leitura, a venda de parte dos ativos seria interessante não apenas do ponto de vista da desalavancagem, mas também traria uma referência de valor ao restante do portfólio on-shore da empresa – exatamente aqueles que ainda não apresentaram grandes performances no que diz respeito a evolução na produção e que vem consumindo muito do caixa da empresa via investimentos.