Muito bom!
Seguimos com a recomendação de COMPRAR para as ações da SBSP3. A Sabesp reportou números operacionais acima do consenso de mercado. O desempenho do segundo trimestre confirma a capacidade da Sabesp de conduzir, de forma simultânea, a expansão de sua base de atendimento, a captura de ganhos de eficiência operacional e a gestão ativa de sua estrutura de capital. Os efeitos de curto prazo decorrentes da mudança no mix tarifário e da aplicação da tarifa efetiva devem ser absorvidos ao longo dos próximos ciclos de revisão tarifária. O elevado ritmo de execução dos investimentos, aliado à manutenção de margens elevadas e a uma posição financeira robusta, reforça a atratividade da tese no médio e no longo prazos. Ainda entendemos que há espaço para que a companhia prossiga no atingimento do guidance (CAPEX de 2025 para ~R$15 bilhões, aproximadamente ~R$3,8 bilhões por tri).
Como já citamos em Sabesp (SBSP3) | Finalmente, a atualização de Estimativas Pós-Privatização! – Novo Preço-Alvo!, o filme continua bom – olhando para a avaliação de múltiplo VF/BRR versus Evolução da Base de Remuneração Regulatória. Se a companhia conseguir entregar o CAPEX esperado para os próximos tris, podemos esperar mais upsides para o case, mesmo considerando múltiplos ainda conservadores para a eficiência que a companhia tem entregue (em 1,2x VF/BRR). Vemos a empresa negociar a uma TIR real implícita de 10,6%. Desse modo, seguimos nossa recomendação de COMPRAR.
Destaques 2T25: Impressionante!
Tudo dando certo! A empresa registrou no 2T25 receita líquida de serviços de saneamento ajustada de R$ 5,8 bilhões, representando crescimento de 7,4% na comparação anual. Dentre os motivos, citamos: I) efeito residual do ciclo tarifário de 2024, II) pela retirada de descontos anteriormente concedidos a grandes clientes e III) pelo aumento no volume faturado, impulsionado tanto pela elevação do consumo quanto pela adição de novas economias. Esses fatores foram parcialmente compensados pelo impacto negativo no mix tarifário, decorrente da ampliação de ligações residenciais com tarifa subsidiada no âmbito do Cadastro Único, e pelo efeito da tarifa efetiva estabelecida após a privatização, implantada em julho de 2024. Em nossa interpretação, a empresa apresentou um excelente performance na linha de receitas, com grande destaque ao resultado derivado do fim do desconto aplicado a grandes consumidores (tarifas no segmento industrial alcançaram ~R$18/m³, representando um reajuste > 20% a/a), forte expansão do número de unidades consumidores derivada do novo patamar de investimentos e aumento do consumo faturado (+1,8% a/a, alcançando 1,099 milhões M³).
Arrumando a casa! O custo operacional ajustado totalizou R$ 2.0 bilhões no 2T25, representando queda de 18,7% em relação ao mesmo período de 2024. A redução foi disseminada por praticamente todas as linhas de custo. Como principais destaques, citamos: I) as despesas gerais e administrativas recuaram para R$ 15 milhões, uma diminuição expressiva frente aos R$ 414 milhões do 2T24 (-96% a/a), II) As despesas com pessoal totalizaram R$ 672 milhões, queda de R$ 77 milhões (-10,3% a/a), acompanhando a redução de 11% no quadro de colaboradores, que passou de 10.214 no 2T24 para 9.190 no 2T25, III) gastos com materiais gerais recuaram para R$ 39 milhões (-54,2% a/a), enquanto as despesas com materiais de tratamento caíram para R$ 86 milhões (-31,0% a/a). Em contrapartida, as despesas com energia elétrica subiram para R$ 401 milhões (+3,7% a/a), movimento associado ao aumento da pressão na rede e a condições climáticas menos favoráveis.
Acima do consenso! O EBITDA ajustado alcançou R$ 3,6 bilhões (21,5% a/a) e alcançando margem de 64,2% (+540 bps), beneficiado pelo crescimento da receita, pelo controle de custos e pela menor incidência de despesas não recorrentes. O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 118 milhões, o que representou melhora significativa frente à perda registrada no mesmo período do ano anterior, favorecida pela gestão ativa da dívida, pelo alongamento dos prazos de vencimento e pela redução dos spreads. O lucro líquido reportado foi de R$ 2,2 bilhões, equivalente a R$ 3,12/ação, o que representa crescimento de 76,6% na comparação anual. Excluídos efeitos não recorrentes, o lucro líquido ajustado foi de R$ 1.956 milhões, com alta de 64,3% em relação ao mesmo trimestre de 2024. Os custos foram reduzidos em c. R$740 milhões YTD em 2025.
Pé no acelerador dos investimentos! Os investimentos totalizaram R$ 3,6 bilhões, um aumento de 178% sobre o mesmo período do ano anterior e de 26% em relação ao trimestre imediatamente anterior, com destaque para R$ 1.044 milhões aplicados em projetos de abastecimento de água e R$ 2,6 bilhões destinados a sistemas de esgoto. O backlog contratado alcança R$ 35 bilhões até 2029, com projetos relevantes de ampliação da capacidade de tratamento de esgoto, que deverá crescer 68% ao final das obras. Os investimentos totais alcançaram R$6,5 bilhões no 1º semestre de 2025 – o que julgamos muito positivo tendo em vista a necessidade da empresa acelerar investimentos e não sofrer nenhuma penalidade no momento da sua revisão tarifárias devido a esforços aquém do necessário para universalização dos serviços de água e esgoto.
Queima de Caixa – o que é muito razoável. O fluxo de caixa operacional somou R$ 3,2 bilhões, crescimento de 79,4% na comparação anual, com conversão de 87,9% do EBITDA. O fluxo de investimentos foi de R$3,1 bilhões. A alavancagem medida pela relação dívida líquida sobre EBITDA ajustado dos últimos doze meses encerrou o trimestre em 1,9 vez, patamar considerado confortável para a execução do plano de investimentos. Observamos o incremento da alavancagem da empresa com muita naturalidade tendo em vista o pesado plano de investimentos que a empresa deve tocar até avançar na direção da sua universalização.