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    Publicado em 08 de Agosto às 00:19:09

    B3 (B3SA3) | Resultado 2T25: Resultado Financeiro, Volatilidade e Diversificação Impulsionam Lucro

    No 2T25, a B3 reportou lucro líquido recorrente de R$ 1,28 bilhão, alta de +13,3% t/t e +4,2% a/a. O resultado veio 2,6% acima do consenso de mercado e em linha com nossas estimativas. A expansão trimestral foi impulsionada principalmente pelo forte resultado financeiro — sustentado por maiores receitas financeiras — e pela boa performance das receitas, com destaque para a linha de Ações à Vista (+10,7% t/t), favorecida pelo aumento dos volumes negociados, mesmo diante de um cenário de juros elevados.

    A expansão dos volumes refletiu o aumento da volatilidade nos mercados globais após o anúncio de novas tarifas pelo presidente dos EUA, movimento que teria estimulado uma rotação de fluxo para mercados emergentes, favorecendo particularmente o Brasil.

    Olhando para frente, no entanto, observamos em julho um arrefecimento parcial nos volumes de Ações à Vista, com queda de -20,0% m/m e -1,2% a/a, movimento que pode estar relacionado à sazonalidade típica do período, marcada pelo início das férias americanas, ou um refluxo do capital estrangeiro do mercado brasileiro.

    Volume (ADTV): Melhora na volumetria no 2T25, mas junho veio mais fraco

    Diversificação da Receita Bruta: A estratégia de diversificação da B3 ajudou a mitigar o impacto da retração nas receitas de renda variável

    No mercado de ações à vista, o ADTV avançou +9,4% t/t e +9,2% a/a, impulsionado pelo desempenho em ações (+6,5% a/a), ETFs (+23,0% a/a) e BDRs (+73,8% a/a). Já a margem da companhia recuou -0,191 bps t/t, reflexo principalmente do maior volume negociado por meio de formadores de mercado e provedores de liquidez, que possuem tarifação diferenciada.

    O resultado financeiro da B3 somou R$ 136 milhões no 2T25, 8,7x acima do 1T25 e revertendo o prejuízo de -R$ 39 milhões no 2T24. O avanço foi impulsionado por um ganho não recorrente de R$ 29 milhões com atualização monetária de créditos tributários de PIS/Cofins, além do maior CDI e do efeito positivo das variações cambiais.

    Do lado mais negativo, as despesas operacionais cresceram +1,9% t/t e registraram forte alta de +15,8% a/a. O forte avanço anual foi explicado principalmente pelo maior gasto com processamento de dados, além de incentivos relacionados ao Futuro de Bitcoin, financiamento de veículos e segmento de dados.

    Valuation: Reiteramos COMPRA

    Embora o ano de 2025 careça de catalisadores domésticos evidentes, o mercado de equities tem apresentado desempenho mais favorável, com o fluxo de investidores estrangeiros impulsionando o Ibovespa a patamares historicamente altos. Além disso, a companhia foi beneficiada por duas decisões judiciais favoráveis no começo de 2025 relacionadas ao ágio da fusão com a Cetip, o que contribuiu para a redução do risco judicial e sustentou a boa performance das ações no acumulado do ano.

    Por outro lado, o ambiente competitivo tende a se intensificar com o início dos testes das novas bolsas concorrentes, como a A5X (derivativos) e a Base (ações à vista). Ainda que seus efeitos sejam limitados no curto prazo, a possibilidade de entrada efetiva de concorrência no mercado brasileiro deve permanecer no radar.

    Com valuation atrativo e diversificação crescente das receitas — que ajuda a compensar o menor dinamismo no segmento de ações à vista —, reiteramos nossa recomendação de COMPRA para B3SA3. Nosso preço-alvo é de R$ 15,80, implicando um upside de 22,4%. A ação está sendo negociada a 14,1x P/L 2025e e 12,7x P/L 2026e, bem abaixo da média dos pares globais (~21,9x P/L 2025e), reforçando a tese de desconto relativo.

    Novas Funcionalidades e Desenvolvimento de Mercado no 2T25

    B3 segue avançando em sua agenda de diversificação, reforçando seu posicionamento estratégico por meio do lançamento de novos produtos e serviços e de melhorias tecnológicas que elevam a eficiência e a competitividade da plataforma.

    No campo da inovação, a companhia anunciou algumas iniciativas relevantes para fortalecer o mercado de opções de índices:

    • No mercado de índices, foram introduzidos os derivativos Futuro Micro, Rolagem do Futuro Micro e Opções Mensais e Semanais atrelados ao Índice Bovespa B3 BR+, ampliando as possibilidades de diversificação de estratégias;
    • No mercado de juros, a B3 lançou os contratos futuros de juros offshore, incluindo as taxas do México (F-TIIE), Estados Unidos (SFR) e União Europeia (EST), com foco em aprimorar a eficiência operacional dos investidores locais;
    • Disponibilização dos contratos futuros de ouro com liquidação financeira, facilitando o acesso ao mercado de metais preciosos.

    B3 (B3SA3) | Resultado 2T25: Forte Resultado Financeiro Impulsiona Lucro no Trimestre

    Receita: Praticamente Estável a/a

    A receita bruta da B3 totalizou R$ 2,75 bilhões no 2T25, registrando alta de +3,3% t/t, impulsionada pelo maior volume negociado no trimestre, e estabilidade na comparação anual (+0,7% a/a). O desempenho anual foi impactado, principalmente, pela retração nas receitas do segmento de Derivativos, reflexo de uma base comparativa desafiadora, já que o 2T24 marcou recorde histórico de volumes nesse mercado.

    Por outro lado, destacamos o crescimento consistente da vertical de Balcão, impulsionada pela maior demanda por instrumentos do mercado de capitais de dívida como fonte de financiamento para empresas e instituições financeiras, em meio ao cenário ainda restritivo para novas emissões de ações.

    Receita Bruta Atinge R$ 2,75b, Alta de +0,7% a/a

    Receitas por Segmento

    Listados

    A receita do segmento de Listados atingiu R$ 1,6 bilhão no 2T25, com alta de +5,2% t/t, mas queda de -2,7% a/a. No trimestre, o avanço foi impulsionado principalmente pelas receitas de ações à vista e instrumentos (+10,7% t/t), beneficiadas pela alta nos volumes negociados, em meio à maior volatilidade observada no período.

    Na comparação anual, o desempenho seguiu pressionado, principalmente, pela linha de Juros, Moedas e Mercadorias, que recuou -3,6% a/a, reflexo da forte retração nos volumes de Juros em reais (-22,9% a/a). Vale lembrar que o 2T24 foi marcado por maior volatilidade e volumes recordes em Futuros de DI, dificultando a comparação. Esse efeito foi parcialmente compensado pelo aumento da respectiva receita média por contrato (RPC, +18,5% a/a).

    Além disso, observamos queda de -2,1% a/a nas receitas de ações à vista e instrumentos, pressionadas principalmente pelo desempenho negativo na negociação de derivativos de índices, com uma queda de -18,7% a/a do volume negociado.

    Balcão

    A receita do segmento de Balcão totalizou R$ 504 milhões no 2T25, apresentando alta robusta de +3,1% t/t e +15,5% a/a, consolidando-se como um dos destaques positivo do trimestre. O desempenho foi sustentado principalmente por:

    • Instrumentos de renda fixa (+14,9% a/a): impulsionados pelo aumento do estoque médio de captações bancárias e dívida corporativa, além do crescimento contínuo do Tesouro Direto.
    • Derivativos e operações estruturadas (+11,4% a/a): beneficiados pelo maior volume de operações de swaps, em um ambiente de volatilidade na curva de juros.

    O segmento segue beneficiado pelo ambiente favorável ao mercado de capitais de dívida, em um contexto ainda desafiador para a originação de emissão de ações.

    Infraestrutura para Financiamento

    A receita com Infraestrutura para Financiamento somou R$ 128 milhões no 2T25, registrando queda de -15,0% a/a, impactada pelo encerramento do programa Desenrola em mai/24. No ano passado, o 2T24 ainda contou com receitas não recorrentes associadas ao programa, o que distorce a base de comparação.

    Desconsiderando esse efeito, o segmento teria apresentado crescimento de apenas +5,0% a/a, desempenho modesto e basicamente em linha com a inflação do período.

    Tecnologia, Dados e Serviços

    A unidade de Tecnologia, Dados e Serviços apresentou desempenho mais fraco no agregado, com receita de R$ 595 milhões no 2T25, estável em relação ao 1T25 e com leve alta de +3,2% a/a. O avanço anual foi impactado pela base comparativa elevada, já que o 2T24 contou com um efeito positivo de R$ 47 milhões em reversão de provisões, que não se repetiu neste trimestre.

    Apesar do crescimento modesto no total, observamos avanços relevantes nas principais verticais operacionais:

    • Tecnologia e Acesso (+9,7% a/a): beneficiada pela expansão da base de clientes no segmento de Balcão e reajustes inflacionários em produtos como o co-location.
    • Dados e Analytics (+14,0% a/a): crescimento impulsionado pelo avanço nas receitas recorrentes das verticais de Crédito, Prevenção de Perdas, Seguros e também pelo aumento da demanda em dados para o mercado de capitais.
    • Outros (+105,8% a/a): destaque para o aumento das receitas com multas e leilões.

    Despesas: Alta Puxada Por Provisões Judiciais, Incentivos e Tecnologia

    As despesas operacionais da B3 somaram R$ 844 milhões no 2T25, representando alta de +1,9% t/t e +15,8% a/a, acima da inflação do período. O avanço foi impulsionado principalmente pelo aumento dos gastos com processamento de dados, além de maiores incentivos relacionados ao Futuro de Bitcoin, financiamento de veículos e segmento de dados.

    • Despesas atreladas ao faturamento: Registraram forte alta de +49,9% a/a, totalizando R$ 103 milhões no trimestre. O crescimento reflete principalmente maiores incentivos ao Futuro de Bitcoin (lançado em abr/24), repasses aos segmentos de financiamento de veículos e processamento de dados.
    • Processamento de dados: Apresentou alta de +19,1% a/a, atingindo R$ 174 milhões. O crescimento decorre da estratégia da companhia de distribuir esses gastos ao longo do ano, evitando concentração no segundo semestre — diferente do padrão de anos anteriores.
    • Despesas diversas: Somaram R$ 45 milhões, alta de +25,6% a/a, influenciadas por maiores provisões relacionadas a disputas judiciais envolvendo o preço das ações da B3, que acumularam valorização de cerca de 42,4% no período.
    • Despesas com pessoal: Registraram alta de +8,5% a/a, totalizando R$ 379 milhões no 2T25. O avanço anual reflete a correção dos salários e impactos relacionados à incorporação da Neoway e Neurotech, com efeitos de adequações tributárias na folha de pagamento e benefícios.

    Despesas (R$m): Forte Alta a/a

    Resultado Financeiro: Alta da Receita Impulsiona Forte Recuperação

    O resultado financeiro da B3 foi positivo em R$ 136 milhões no 2T25, cerca de 8,7x superior ao reportado no trimestre anterior (R$ 16 milhões no 1T25) e revertendo o valor negativo registrado há um ano (-R$ 39 milhões no 2T24). O desempenho reflete principalmente efeitos não-recorrentes positivos que puxaram uma forte alta das receitas financeiras e impacto favorável das variações cambiais.

    • Receitas financeiras avançaram +25,9% t/t e +30,4% a/a, impulsionadas pelo maior CDI médio no período, combinado a um saldo de caixa estável. Além disso, houve um impacto não-recorrente positivo de R$ 29 milhões referentes à atualização monetária sobre créditos tributários de PIS e Cofins que também contribuiu para o avanço da linha.
    • Despesas financeiras recuaram -4,2% t/t e apresentaram alta controlada de +2,4% a/a. Apesar do maior saldo devedor, a comparação anual foi favorecida por uma base elevada no 2T24, que foi impactado por custos com liquidações antecipadas de debêntures. A queda trimestral, por sua vez, reflete a ausência de efeitos não-recorrentes de aproximadamente R$ 33 milhões que haviam pressionado as despesas no 1T25.
    • Variações cambiais líquidas contribuíram positivamente com R$ 22 milhões no trimestre, impulsionadas pela valorização do real. No 2T24, essa linha havia trazido impacto negativo de -R$ 34 milhões.

    Mesmo excluindo o efeito extraordinário nas receitas, o resultado financeiro manteve uma trajetória positiva, superando nossas estimativas e contribuindo de forma relevante para o lucro do trimestre.

    Resultado Financeiro (R$m): Em Trajetória Positiva

    Imposto: Beneficiado pelo JCP

    O lucro antes do imposto (EBT) totalizou R$ 1,8 bilhão no 2T25, representando forte alta de +16,5% t/t e +8,6% a/a. A alíquota efetiva de imposto ficou em 26,3%, com queda de -2,1pp t/t e leve alta de +1,3pp a/a.

    O resultado do trimestre foi beneficiado, em parte, pelo pagamento de R$ 378,5 milhões em Juros sobre Capital Próprio (JCP), que reduziu a base tributável e contribuiu para a menor alíquota no período.

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