Permanecemos com a recomendação de MANTER para as ações da Brava. Apesar dos pesares, não achamos que o resultado foi tão ruim quanto o que poderia ser tendo em vista a performance da produção da empresa no 4T24 – EBITDA fraco, mas com alguns avanços em respeito a custos/lifting cost, retorno da produção no 4T24 com possível incremento ainda em 2025 derivado de Atlanta e Papa-Terra, possível venda do Polo Recôncavo (c. US$500-800 milhões), redução do CAPEX e queima de caixa moderada. Sendo assim, para além dos fatores citamos acima, acreditamos que a certificação de reservas da empresa deva ser acompanhada de perto para termos uma melhor visibilidade do plano de investimentos e curvas de produção esperadas daqui por diante. Sendo assim, preferimos esperar essa informação antes de tomarmos qualquer atitude em relação a nossa recomendação.
Destaques 4T24
Antes de mais nada, é importante que ainda não temos estimativas para a nova empresa formada com a Enauta + 3R, afinal de contas, apenas agora a empresa divulgou os números consolidados e auditados. Sendo assim, vamos trabalhar para publicar os números o quanto antes de todas as empresas de petróleo que reportaram agora no 4T24. Vale lembrar que ao contrário da Prio e da Petrorecôncavo, a Brava foi a única que ainda não divulgou a sua certificação de reservas.
A receita alcançou R$1.9 bilhões (-14,3% a/a). Como amplamente divulgado ao longo do 4T24, a produção da empresa foi negativamente afetada pela parada técnica no Campo de Papa-Terra, que apresentou a produção praticamente zerada ao longo de todo o 4T24. Dito isso, a produção média do 4T24 foi de apenas 39,4k bpde (vs 51,7k bpde no 3T24 e 63,6k bpde no 4T23). Além disso, o preço de venda realizado do brent foi de US$68,9/barril vs US$75-80/barril ao longo de 2024. O preço realizado foi de 92% do preço do brent, razoavelmente em linha com o realizado de meses anteriores (91%-94%). Como amplamente divulgado, as expressivas quedas nas ações da empresa foram derivadas exatamente desses números à medida que eles foram sendo divulgados ao longo do trimestre. Entretanto, é importante mencionar que desde a última semana de Dezembro tanto o Polo Papa-Terra já retornou a operar quando a FPSO Atlanta já está produzindo, com a produção total da empresa alcançando 73,9k bpde em Fevereiro/25. Como outras informações interessantes, citamos o interesse da empresa em conectar mais quatro poços do Campo de Atlanta e seguir rampando a produção em Papa-Terra. Dito isso, nossa interpretação é que o pior já teria passado no que diz respeito a produção – ao menos até agora.
O EBITDA no 4T24 foi de R$505 milhões (-41% a/a) e margem EBITDA de 25,9% (-11,7 p.p. a/a). A linha de custos operacionais foi de R$1,5 bilhões (-7,8% a/a) devido a não-operação/menores volumes de Papa-Terra. A linha de G&A alcançou R$145 milhões (+8,6% a/a) devido ainda todos os custos relacionados a combinação de negócios, principalmente. Uma surpresa positiva veio do lifting cost US$17,5/barril vs US$21,5/barril no 4T23 com boa performance do Polo Recôncavo no trimestre, o que acabou por derrubar o custo da empresa.
O resultado financeiro foi negativo em R$1,8 bilhões. Apesar do número assustar, a maior parte do impacto foi não-caixa devido a apreciação do US$ vs R$ no 4T24 – impacto negativo de R$855 milhões no 4T24. Além disso, citamos o impacto negativo de R$447 milhões em contratos de hedge.
Os investimentos no trimestre também alcançaram R$1,3 bilhões. De acordo com o press-release, os investimentos ao longo de 2024 (c. R$5 bilhões) tiveram um grande foco na entrada operacional de Atlanta e uma outra parte do volume focada nas instalações da empresa. Dito isso, a empresa deixou claro que para além da conclusão dos projetos em implantação (como Atlanta), o foco dos investimentos nos próximos 12-24 meses vão ser majoritariamente focados no aumento de produção – o que enxergamos com muito bons olhos tendo em vista todo o contexto apresentado pela empresa.
Fluxo de caixa ainda negativo, mas com perspectivas interessantes adiante. O fluxo de caixa livre da empresa (Fluxo de Caixa Operacional – Investimentos – Juros Dívida) excluindo a emissão da debenture, foi negativo em R$277 milhões – bem modesto tendo em vista a produção fraca. Sendo assim, o endividamento ficou em R$9,6 bilhões, implicando em uma relação dívida líquida/EBITDA 2,8x. Com incremento da produção e investimento declinante, esperamos ver uma geração de caixa/queda do endividamento mais robustos ao longo de 2025.