Em linhas gerais, achamos o resultado neutro. Os destaques positivos do trimestre foram o i) repasse de preços acima das nossas expectativas, contribuindo para a melhora da receita na comparação com o trimestre anterior e ii) redução significativa do custo com materiais diretos. O dólar médio elevado no 3T22 também colaborou para a melhora nas receitas por MW fornecido. Os volumes de 675 MW foram 12% abaixo das nossas estimativas, decorrente dos atrasos na entrega de um dos modelos de pás fabricados para a Simens Gamesa e da extensão no prazo médio nas atividades de acabamento devido ao aumento do tamanho médio das pás. Mesmo ainda abaixo do seu guidance divulgado para 2022, a Aeris reportou seu melhor trimestre do ano em termos de receita.
Do lado negativo, a empresa decepcionou nossas estimativas em relação ao volume de pás produzidas, que resultou em queda na quantidade de MW fornecidos no trimestre (-8,6% t/t). Além das elevadas despesas cambiais (~32 milhões) e financeiras (~151 milhões), tivemos outros dois pontos que chamaram nossa atenção negativamente no resultado: a contínua redução no volume de potencial de ordens cobertas por contratos (12,2 GW antes vs. 10,5GW agora) e a baixa geração de caixa excluindo captações (~34 milhões) que não contribuiu para a redução da alavancagem de 2,8x (Div. Liq./EBITDA).
O ano de 2022 deixou a desejar, 2023 deve ser melhor…
Na totalidade, o ano de 2022 foi bastante negativo para a Aeris e para os players do setor eólico. As projeções para 2023 são mais positivas, dado que a pandemia e guerra na Ucrânia atrapalharam a cadeia de suprimentos, o que acabou não apenas atrasou projetos como também aumentou os custos com matérias-primas e frete.
Além disso, as contínuas paradas nas linhas de produção, resultantes de falhas nos projetos com alto volume, fizeram com que parte das entregas e maturidade da linhas programadas atrasassem. A mudança no perfil das pás fabricadas também contribuíram para um aumento substancial do ciclo de fabricação.
Acreditamos que 2023 seja um ano melhor para Aeris. Esperamos que novos aditivos contratuais sejam divulgados, o que não só poderia aumentar os níveis de volume de pás produzidos, mas também poderá acarretar uma maior receita por MW. Nossa expectativa é de que ao longo de 2023, os volumes voltem para algo próximo a 1000MW/trimestre vs. uma média de 700MW/trimestre em 2022.
Por fim, enxergamos a recente mudança no cargo de CEO, posição agora ocupada por Alexandre Sarnes Negrão, como positiva. Acreditamos que novas abordagens devem surgir em termos de precificação dos contratos. Nossa expectativa é de um impacto positivo nas margens operacionais.
Seguimos com nossa recomendação de COMPRA com preço alvo de R$ 2,80.
Análise Quantitativa
O 4T22 totalizou um valor de R$ 655 milhões de receita líquida (+11,2% a/a e +4,7% t/t), ficando em linha com nossas expectativas e 21,5% abaixo das estimativas do mercado. O EBITDA no 4T22 somou R$ 81 milhões (+5,4% a/a e +25,9% t/t), ficando em linha com nossas expectativas e com o consenso do mercado. A Companhia reportou um prejuízo líquido de R$ 39 milhões (-52,2% t/t), frustrando nossas de um prejuízo de R$ 22 milhões e um lucro de R$ 33 milhões esperado pelo mercado.