A Vestas, líder global do mercado de aerogeradores e a Aeris celebraram novo aditivo contratual, prorrogando o fornecimento de pás eólicas até o final de 2024 do modelo de turbina V150, um dos carros chefes da fabricante de aerogeradores. Além disso, houve a extensão do contrato atual, do segundo trimestre de 2023, para o final de 2026.
No 1T22 o backlog era de 11,1 GW, com R$ 8,7 bilhões receita líquida potencial coberta por contratos de longo prazo. A prorrogação do contrato atual pode adicionar até 3,3 GW (+30%) de potência no backlog de capacidade fornecida, ou seja, um adicional de até R$ 2,6 bilhões na receita potencial.
Em maio, o Broadcast Energia havia apurado que a fabricante de pás eólicas estava em negociação avançada com a Vestas e outro cliente para renovação/extensão de contrato. Ou seja, existe ainda a expectativa de que um segundo contrato seja assinado nas próximas semanas, o que destravaria ainda mais valor para o setor.
O aumento de pedidos da Vestas, confirma a boa parceria entre as empresas. A própria Aeris informou que pode receber um complemento de ordens para outros modelos, por exemplo, o modelo V162, maior tamanho de rotor do portfólio onshore da Vestas, com um alto fator de capacidade. Devido aos novos possíveis investimentos em offshore no Brasil, não descartamos a entrada de pedidos para turbinas V164 ou V174.
A Aeris estima que para os anos de 2025 e 2026 esses novos contratos adicionariam mais 4 GW de capacidade. No total a companhia pode receber um complemento de ordens, apenas da Vestas, que representem uma capacidade adicional equivalente 7,3 GW de potência, cerca de 66% de incremento no backlog atual.
Como comunicado anteriormente, alteramos a recomendação de MANTER para COMPRAR. A queda no preço-alvo ocorre principalmente por dois motivos: i) aumento mais lento do market-share do mercado de pás global (excluindo Brasil e China) e ii) aumento da taxa de desconto devido ao aumento do risco Brasil e subida da taxa livre de risco, atrelada ao títulos do tesouro americano (GT10 US Bond).
Atualização Indústria Eólica
Embora o ano de 2022 não tenha sido dos melhores para a indústria eólica, o cenário de renegociação entre os operadores dos parques e os fabricantes de aerogeradores vai caminhando. A nova disposição de custos de matéria-prima fez com que muitos projetos não saíssem do papel, na expectativa de reajustes contratuais. À medida que esses ajustes aconteçam é normal que voltemos a ver um aumento no volume de pedidos aos fabricantes de aerogeradores.
Siemens Gamesa, Vestas e GE três das principais clientes da Aeris, estão investindo e iniciando a produção de rotores maiores. Atualmente, a SG instalou sua turbina SG 6.6-170, sendo a maior do mundo em tamanho e capacidade de geração. Além disso, a WEG anunciou que está investindo na fabricação de um novo aerogerador com potência de 7 MW, comparados ao anterior, que tinha capacidade de apenas 4,2 MW.
Os esforços mundiais para aumentar a capacidade de energias renováveis continuam. Segundo a CELA, o volume de energia renovável contratado no mercado livre de energia para projetos eólicos e solares cresceu 37% entre janeiro de 2021 e fevereiro de 2022. No Brasil, somente em energia eólica pretende-se aumentar em 54,78% da capacidade até o ano de 2031, o que faria a atual capacidade de 21 GW subir para aproximadamente 32,5 GW. Atualmente, existem cerca de 14 parques eólicos em construção no país e 12 planejados, estes teriam, somados, capacidade de aproximadamente 4.850MW.
O Rio Grande do Sul, por exemplo, assinou um acordo bilionário com a espanhola Ocean Winds visando aproveitar o potencial offshore de energia eólica. Segundo especialistas, a ausência de barreiras em alto mar faz com que o estado seja capaz de gerar cerca de 114 GW, o que ainda sim, só seria apenas 5% da capacidade nacional de energia eólica. Segundo o governador do Rio Grande do Sul, se concretizados os projetos na costa, o estado receberia investimentos na ordem dos R$ 100 bilhões além de gerar mais de 10 mil vagas de emprego.
Além disso, visando incentivar ainda mais a construção de parques eólicos offshore no Brasil, tramita no Senado o marco para geração de energia eólica offshore. O texto apresentado disciplina a oferta de áreas marítimas para instalação de parques eólicos em alto mar, além de reduzir a alíquota de “royalties”, o que incentivaria ainda mais projetos de energias renováveis em alto mar.
Já a União Europeia, devido aos impactos da guerra da Ucrânia, intensificou ainda mais seus esforços para aumentar sua matriz energética. Atualmente a União Europeia importa cerca de 155bcm de gás da Rússia. A meta do REPowerEU é diminuir essa importação para 50bcm anualmente até o final de 2022. Segundo o Refinitiv, essa meta é bem improvável de se concretizar, devido à alta capacidade de instalação necessária, porém, podemos esperar um grande aumento na capacidade instalada dos países europeus, visando reduzir as suas dependências ao gás russo.