Seguimos com a recomendação de Manter para AES Brasil. O grande destaque negativo do trimestre veio da última linha da empresa, que apresentou prejuízo devido ao custo com aquisição de energia elétrica derivada da hidrologia ruim. Vamos repetir o que falamos no último trimestre: a empresa fez o dever de casa ao se proteger do déficit hídrico e dos efeitos do GSF, mas, São Pedro não ajudou por mais um trimestre. Entretanto vale mencionar que o próximo trimestre deve trazer um alívio para as geradoras hidroelétricas à medida que as chuvas foram mais favoráveis desde o início do 4T21. Além disso, vale mencionar o recente follow on da empresa, que deve fazer com que a mesma siga com seu plano de aquisições. Aos atuais níveis de preço, não achamos a AES Brasil um case caro, mas em termos relativos, seguimos com a nossa preferência por CESP (CESP6) seguida da Engie (EGIE3), por considerarmos cases mais descontados que a AES Brasil e com melhor qualidade relativa, em nossa leitura.
Detalhamento dos Resultados 4T21
EBITDA abaixo do potencial e abaixo do consenso. Em nossa leitura, a empresa reportou um EBITDA muito abaixo do seu potencial em termos recorrentes por uma questão estritamente pontual e que afetou todas as geradoras de energia no trimestre: déficit hídrico. Como amplamente explicado em sua nota, o governo optou por preservar os reservatórios das hidroelétricas, fazendo com que as mesmas fossem obrigadas a comprar energia no mercado à vista a preços altos para honrar seus contratos – e na AES Brasil não foi diferente – evento esse plenamente antecipado pelo mercado, tendo em vista os números considerados pelo consenso. O EBITDA no trimestre foi de R$206 milhões, uma queda de 82% a/a – vale lembrar que o principal impacto para tamanha variação aconteceu no 4T20 com o ganho extraordinário de R$947 milhões devido ao ressarcimento do GSF via extensão das concessões da empresa (já reconhecimento no nosso atual preço-alvo). Além disso, vale mencionar os gastos não recorrentes no 4T21 devido à crise hídrica na casa dos R$62 milhões, que também ajudaram para derrubar a geração de caixa na empresa no trimestre. Para além dessas questões pontuais, mencionamos a entrada operacional de dois ativos da empresa, os parques eólicos Salinas e Mandacaru, que acrescentaram R$58 milhões no trimestre. Como resultado do impacto da seca no EBITDA deste trimestre, AES Brasil apresentou um prejuízo de R$34,8 milhões – notícia desagradável, mas que deve ficar no passado à medida que a hidrologia já melhorou ao longo dos últimos meses.
Pontos Positivos
- Resultados operacionais devem melhorar com hidrologia mais favorável ao longo de 2022
- Exposta a energias limpas porém ao mesmo tempo menos dependente de fontes hídricas que os peers de geração
- Repactuação do risco hidrológico levou a melhora na maturidade dos ativos com expansão de suas concessões
Pontos Negativos
- Queda nos preços de longo prazo da energia podem afetar a lucratividade do negócio
- Perfil de expansão inorgânico (por aquisições) pode levar a empresa a fazer uma nova emissão de ações
- Mudança no cenário hidrológico pode ser uma decepção