Ainda não foi dessa vez…
Seguimos com a recomendação de Manter para AES Brasil. Uma vez mais a empresa apresentou um resultado decepcionante, frustrando as nossas expectativas quanto a um trimestre sem o impacto negativo dos custos derivado do cenário hidrológico ruim – o que não foi o caso, mais um vez. Apesar de mais um resultado fraco, reforçamos que não achamos a AES Brasil um case ruim ou caro. Achamos o ativo bem gerenciado e com um plano de expansão de capacidade interessante. Entretanto, preferimos manter a recomendação por causa do momento da cia e por ter preferência por outros nomes no segmento de geração.
Detalhamento dos Resultados 2T22
EBITDA abaixo do consenso. Em nossa leitura, uma vez mais, a empresa reportou um EBITDA muito abaixo do seu potencial em termos recorrentes. Nesse trimestre, mesmo com um cenário hidrológico favorável (vs período extremamente desafiador para as geradoras nos últimos trimestres), a empresa acabou por antecipar muita aquisição de energia para este trimestre a preços muito pouco interessantes tendo em vista a realidade atual. A receita alcançou R$620,9 milhões (+10,6% a/a) devido ao maior volume de energia despachada no trimestre somando as compras (3,2 GWh vs 2,9 GWh no 2T21) e preços mais elevados (R$185/MWh vs R$162/MWh no 2T21). Entretanto, como mencionado anteriormente, a empresa acabou por ter um volume de compras de energia muito elevado (927 MWh médios vs 561 MWh médios no 2T21) a preços pouco atrativos (R$228/MWh), principalmente se considerarmos a atual realidade do mercado elétrico, onde as afluências melhoraram de maneira significativa. Em nossa leitura, tal aquisição foi comprada esperando um cenário adverso para o GSF no 2T22, que acabou não se concretizando. Dito isso, o EBITDA no trimestre foi de R$239 milhões (-6,4% a/a). O endividamento alcançou R$3,4 bilhões, implicando em uma dívida líquida/EBITDA 12M de 3,95x – elevado, devido as distribuições de dividendos e investimentos nos projetos em desenvolvimento. O lucro líquido foi de apenas R$9,3 milhões devido ao EBITDA fraco e maior despesa financeira no trimestre derivado do maior custo da dívida. A empresa anunciou a distribuição de R$53 milhões de dividendos (R$0,10/ação), representando a distribuição de 100% do lucro do período.