Conclusão: Vemos o resultado como positivo, apesar da aquisição ocorrer a termos marginalmente apertados, com um resultado estimado de impacto positivo de R$0,33/ação no preço-alvo da AESB3. Muito mais do que a análise econômica do ativo, a AES Brasil pode acabar ganhando em outros aspectos ao diversificar seu portfólio gerador, se protegendo de períodos hidrológicos ruins e extensão do prazo médio de sua concessão. Vale salientar que, por ser um ativo que já se encontra em operação, com contratos já firmados, era esperado uma geração de valor baixa, em virtude do ativo já se encontrar precificado. Em resumo, apesar de positivo, por apresentar baixa geração de valor para a empresa e representar um aumento da dívida líquida em momentos de incerteza econômica, persistimos na recomendação de MANTER para a companhia.
O Fato: A AES Brasil anunciou hoje, via fato relevante, a conclusão a aquisição dos Complexos eólicos Ventos do Araripe, Caetés e Cassino. Os ativos possuem capacidade instalada total de 456MW e contratos de longo prazo para vendas de energia à um preço médio de R$190/MWh.
O valor total da operação foi de R$1.855 milhões, sendo: (I) pagamento de R$ 960 milhões; e (II) assunção da dívida líquida do projeto de R$ 855 milhões (data base 30/11/2022).
O que acrescenta à empresa? Vemos, segundo nossas estimativas, uma aquisição com taxa interna de retorno alavancada de 13% em termos reais (TIR desalavancada de 9,8%) e um valor presente líquido de R$ 195 milhões, o que representaria um impacto positivo de R$0,33/ação no preço-alvo da AESB3.
Uma aquisição marginalmente positiva, com um impacto ligeiramente maior do que estimávamos na primeira análise que havíamos realizado dessa aquisição. Lembrando que as notas do tesouro nacional IPCA 2045, investimento com baixíssimo risco, oferece retorno real de 6%, ou seja, o custo mínimo para um empreendimento gerar valor para a empresa seria uma taxa interna de retorno real de 9,2%.
Considerando o preço e fechamento de hoje da AESB3 (R$10,43/ação), a aquisição representa uma geração de valor de 3,1% sobre valor de mercado atual da empresa.
Apesar de condições positivas, o projeto representa um aumento no endividamento da companhia em cerca de 0,4x Dívida Líq/EBTIDA, se aproximando de um índice de endividamento de 4,0x, o que, nas condições futuras incertas da economia, pode vir a se tornar um risco à companhia.
Quais premissas utilizamos? Para chegarmos a esses números, modelamos as Usinas Eólicas de acordo com os termos apresentados no fato relevante: (I) Capacidade instalada de 456 MW, considerando todos os parques adquiridos e com prazo de acordo com os seus prazos de maturidade da concessão (de acordo com a tabela acima), (II) Energia Contratada de 229 MWm até o respectivo final dos seus prazos e ajustados pelo indexador do contrato (IPCA) + Preço de Energia de Longo Prazo de R$150/MWh ao final do contrato, (III) re-alavancagem de 3,5x EBITDA ao custo de SELIC + 2%, (IV) Imposto de Renda de 27,5% (considerando benefícios fiscais de SUDAM/SUDENE em termos médias as alíquotas de IR).