Rápidos no gatilho!
Seguimos com recomendação de MANTER. Apesar dos números razoavelmente em linha com as estimativas, gostamos da estratégia comercial apresentada pela empresa para o ano de 2023 – essencialmente, a empresa conseguiu se recontratar completamente para este ano e aumentou a contratação do seu portfólio para 2023-2025E para cima de 90% de sua capacidade assegurada. Observando o deck de preços médios apresentada em seu balanço energético, nota-se que ficou praticamente inalterado vs 4T22. O deck de preços ACL Hídrico/ACL Eólico 23-25E foi de R$171-160/MWh e R$213-204/MWh, respectivamente no 1T23 versus R$175-163/MWh e R$192-178/MWh no 4T22 para 23-25E. Ou seja, a empresa conseguiu mitigar o risco da exposição aos baixos preços de energia nos próximos dois anos e, quem sabe, capturar a ascensão dos preços caso o atual cenário (demanda fraca e chuvas abundantes) venha a ser revertido. A Engie fez algo parecido no trimestre passado e, em nossa leitura, deve manter o seu espaço para pagamento de dividendos em 2023 sem grandes sobressaltos (para maiores informações, clique aqui). Entretanto, considerando a atual situação da AES Brasil, como amplamente divulgado, a empresa deve utilizar seu fluxo de caixa para colocar seus projetos em desenvolvimento de pé e manter o endividamento em situação confortável, sem grandes espaços para pagamento de dividendos.
Detalhamento dos Resultados 1T23
A empresa obteve uma receita líquida operacional de R$786 milhões no 1T23, aumento de 16,2% em comparação ao 1T22 em função do aumento no preço médio de venda de energia hídrica (R$195/MWh no 1T22 vs R$176/MWh no 1T22) e aumento dos volumes comercializados, reflexo da gestão ativa que a cia fez ao longo do trimestre no atual cenário e, principalmente, a consolidação dos Complexos Eólicos Araripe, Caetés e Cassino no 4T22. A margem operacional líquida foi de R$559,8 milhões, impactado principalmente pela consolidação do ativo eólico mencionado acima.
Os custos e despesas operacionais somaram R$161 milhões no 1T23, 27,2% superior ao 1T22, em decorrência da inflação no período e das aquisições realizadas. Com isso, o EBITDA da companhia totalizou R$ 409 milhões, valor 31% superior ao 1T22.
O resultado financeiro da empresa fechou em negativos R$144 milhões, contra R$95 milhões no 1T22. Como comentado, houve um aumento dos encargos da dívida de R$145 milhões no 1T22 para R$337,8 milhões no 1T22. Chama a atenção o salto da receita financeira, de R$82 milhões no 1T22 para R$150 milhões no 1T23 devido a evolução da SELIC mas também devido a manutenção de um maior saldo de caixa médio devido aos esforços de preservação de disponibilidades feito pela companhia.
O endividamento da companhia fechou o ano em 3,61x Dívida líquida/EBITDA, com dívida bruta de R$11,9 bilhões, em função de diversas captações realizadas para aquisição de projetos no período. Na linha de investimentos, a companhia disponibilizou o seu plano de investimentos de 5 anos, sendo 2023 o pico de valor projetado, no total de R$2,5 bilhões (R$878 milhões foram investidos apenas nesse trimestre).
Somando-se todos os fatores citados, a empresa reportou um lucro líquido de R$60 milhões no 1T23, pequena queda vs 1T22, que apresentou resultado de R$70,9 milhões.