Conclusão. Em linhas gerais, maior parte das informações divulgadas no evento no que diz respeito a orientação estratégica da empresa daqui por diante já foi em maior ou menor grau abordados ao longo dos nossos documentos. Parte do evento foi focada nas realizações dos últimos (execução de R$6 bilhões em linhas de transmissão e geração), nas perspectivas para novos leilões de transmissão – com um certo ceticismo em relação a oportunidades nos leilões vindouros tendo em vista a grande concorrência nos leilões passados, nova política de dividendos, reestabelecimento do desenvolvimento da linha TNE e outros. Nossa interpretação das informações divulgadas no evento foram positivas até o limite do possível à medida que não necessariamente enxergamos um oceano de grandes oportunidades no principal segmento de negócios que a empresa atua, que é o de transmissão de energia elétrica. Entretanto, em nossa leitura, à medida que os projetos outrora desenvolvidos nos últimos anos se consolidem no resultado e o cenário de curto e médio prazo se mostre mais restritivo para novos projetos, faz muito sentido que a empresa entre em um momento de desalavancagem e se torne mais generosa quanto ao pagamento de dividendos – e o anúncio da nova política de dividendos, em nossa leitura, demonstra exatamente esse direcionamento. Aos atuais níveis de preço, vemos ALUP11 negociando a uma TIR implícita de 13% em termos reais e uma rendimento em dividendos de c. 9% para 2023E caso a empresa decida por distribuir 100% do seu lucro líquido regulatório. Um case que mistura boa gestão, execução, negócios defensivos e remuneração via proventos – um bom guarda chuva para os momentos difíceis que possivelmente nos aguarda em 2023. Sendo assim, permanecemos com a recomendação de COMPRAR para as ações da Alupar.
Entrando em um novo momento. A introdução do evento foi focado na boa execução dos projetos desenvolvidos nos últimos anos (e todo o óvio impacto em receitas e lucros…) e também no ceticismo quanto a atratividade de novos lotes nos leilões vindouros tendo em vista a alta competitividade originando os altos deságios nos leilões pregressos. Além disso, foi citado também a eventual desconexão do banco de preços da ANEEL (que envolve metal, aço, cabos e outros itens que sofreram um rally de preços nos últimos tempos) e da pressão que a grande quantidade de lotes ofertados nos últimos anos trouxe para cadeia de suprimeiros e fornecedores para o setor de transmissão. Ou seja, o atual momento para novos projetos envolvem um maior custo de capital, grande competitidade e matérias primas à preços menos atraentes que no passado.
E os dividendos? A política de dividendos da empresa foi anunciada recentemente e trás uma boa informação relacionada ao momento que a empresa está atravessando, onde a maior parte dos projetos começar a entrar em operação. De acordo com as nossas estimativas, o rendimento em dividendos deve ficar entre 5-10% aos atuais níveis de preços se considerarmos uma distribuição de 50%-100% do lucro líquido regulatório. Importante lembrar que distribuição de proventos extraordinários não deve ser descartada – principalmente em caso de evolução da possibilidade de tributação de dividendos, faz muito sentido que as empresas foquem na distribuição de dividendos de maneira antecipada antes da implementação de uma nova alíquota.
E a TransNorte Energia (TNE)? A direção focou nos trâmites relacionados desenvolvimento da linha Transnorte Energia, deixando claro que o assunto avançou recentemente ainda que falte requisitos relacionados ao equilibrio econômico-financeiro da linha tendo em vista as alterações no projeto original além da cobertura de compensações as populações indígenas. Além disso, a recente privatização da Eletrobrás fez com que a diálogo com a nova empresa alcançasse um novo nível de dinamismo tendo em vista o fato da atual gestão ser privada. Por enquanto, ainda não colocamos o tal projeto em nossas estimativas.
TNE é (ou seria…) uma linha de transmissão que foi leiloada em 2011 cujo os vencedores foram a própria Alupar (51%) e Eletronorte (49%). A linha tem como objetivo conectaro estado de Roraima ao Sistema Interligado Nacional com 721 KMs de extensão. A linha passou por uma forte judicialização devido ao seu licenciamento relacionada a questão indígena tendo em vista o tracejamento atravessar área com tribos. O seu desenvolvimento foi suspenso em 2013 e se arrastou até o Novembro/22 quando a justiça homologou um acordo judicial com o objetivo de finalmente tocar adiante o projeto após anos de discussão.
E o crescimento? Um dos fronts possíveis de crescimento foram os países que a empresa tem ou ja teve operações (Chile, Peru e Colômbia) à depender das condições oferecidas por para novos projetos. A empresa citou o fato que os projetos fora do Brasil em geral possuem receitas dolarizadas e possuem algumas vantagens vs projetos denominados em reais (maior acesso à dívida por exemplo). Vale mencionar também que eventuais desinvestimentos de ativos fora do Brasil (como no passado, na linha construída em conjunto com a Cemig no Chile) tende a alcançar avaliações muito interessantes tendo em vista