Mantemos a recomendação de MANTER para as ações da empresa. Como esperado de uma empresa de transmissão, os resultados da Alupar vieram em linha com nossas estimativas e as do mercado. Apesar de prejudicada pelo reajuste negativo de suas RAPs, para as linhas indexadas ao IGPM, e por um menor preço de comercialização de energia no ACL (R$262/MWh vs R$275/MWh), a empresa conseguiu minimizar os impactos negativos do resultado com a entrada operacional de alguns parques eólicos e maior volume de energia comercializada.
Como vinhamos comentando em relatórios anteriores, com a conclusão de diversas obras e a entrada operacional desses parques eólicos, a Alupar está para entrar em um novo ciclo de investimentos. Com a aquisição do Lote 2 no Leilão ANEEL 02/2023, o Lote TEL na Colômbia, o Lote TES no Chile e alguns projetos mais antigos, a expectativa é de investir R$4.8 bilhões nos próximos 6 anos. Devido ao alto volume de investimentos previstos, é natural que a companhia necessite de mais caixa para cumprir com suas obrigações e consequentemente abaixe o montante de dividendos distribuidos durante esse período.
Estamos confiantes de que a empresa é capaz de realizar bons projetos que irão agregar valor a empresa e ao acionista no longo prazo, ainda que isso signifique um volume menor de dividendos no curto prazo. Por mais um trimestre, vemos a Alupar apresentar um resultado sólido e com boa qualidade operacional. Dessa vez, a companhia anunciou dividendos intercalares de R$0,21/unit, dividend yield de 0,7%. Considerando que a empresa venha a restringir a distribuição ao patamar mínimo de 50% do lucro líquido regulatório, o dividend yield anual estimado seria de 4,5% para 2024.
Estamos trabalhando em um relatório de atualização de estimativas das empresas de transmissão, mas por hora, nesse nível de preços, com a empresa negociando com uma TIR implícita de 11,6% em termos reais, considerarmos o nosso de Ke 8,7%, não achamos suficiente para adotarmos uma postura mais agressiva no papel, assim, estamos seguimos com nossa recomendação para MANTER.
Detalhamento dos resultados
A receita líquida regulatória da Alupar no 1T24 foi de R$791 milhões, redução de 0,5% em relação ao 4T22, devido principalmente pela atualização do ciclo RAP 2023/2024, com o IGPM impactando negativamente algumas linhas, mas balanceado pela entrada de novos ativos geradores e maior volume comercializado de energia. Os custos e despesas operacionais totalizaram R$200 milhões, praticamente em linha com o 1T23.
O EBITDA regulatório fechou o trimestre em R$669 milhões (-0,5% a/a), com uma margem operacional de 84,6%. O Resultado financeiro totalizou R$253 milhões negativos (redução de 10,8%% a/a), função principalmente da redução dos juros da dívida e aumento de aplicações financeiras. O endividamento da companhia fechou o trimestre com o indicador de 3,3x Dívida Líquida/EBITDA 12M, manutenção com relação ao trimestre passado. Por fim, o lucro líquido regulatório referente aos acionistas da Alupar foi de R$266 milhões (7,7% a/a).