A calmaria antes da tempestade?
Mantemos a recomendação de COMPRA para as ações da empresa. A Alupar, em nossa visão, é uma empresa que apresenta uma qualidade operacional, bem gerenciada e que consegue entregar resultados sempre em linha ou superiores as nossas expectativas e as do consenso de mercado. Desta vez não foi diferente, até mesmo por causa da natureza do setor, há uma previsibilidade de receitas da companhia e, no tocante a previsibilidade, se nesse trimestre vimos números em linha, no próximo, poderemos observar algumas turbulências. Em decorrência da atualização da RAP para o ciclo 2023/2024, que ocorreu no meio do ano, veremos uma redução nas receitas provenientes das linhas de transmissão indexadas ao IGPM, uma vez que esse indicador apresentou deflação no período média de -4,5%, o que custará a empresa uma redução na RAP anual de aproximadamente R$67 milhões. Em contrapartida, as linhas indexadas ao IPCA tiveram um reajuste médio de 4,3%, que trará a empresa um incremento de R$73 milhões anualmente. Ou seja, no consolidado a empresa terá aumento de RAP em R$6 milhões, o que não necessariamente é ruim, mas frente a RAP total de R$3,1 bilhões, é desprezível. O ponto ruim desse fator é que a Alupar só passará por uma nova atualização de sua RAP em meados de 2024, assim, durante esse período a companhia estará exposta ao risco de a inflação afetar suas linhas de custo e até mesmo de uma outra, porém pouco provável, deflação no IGPM, o que viria a comprimir as margens da companhia.
Dito tudo isso, a companhia apresentou uma margem EBITDA de 84,2% no trimestre, muito confortável e com espaço para pequenos desaforos e, aliado a qualidade operacional que a empresa possui, acreditamos que ela terá habilidades para contornar quaisquer possíveis desafios futuros. Assim, vemos a Alupar negociando à Taxa Interna de Retorno Implícita de 10% em termos reais (vs. NTN-Bs 2055 5,3%) e com potencial de upside de 19% excluindo dividend yield 23E, e por isso reiteramos nossa recomendação de COMPRAR para as ações da empresa. Interessante, mas em termos menos atraentes que em outros momentos tendo em vista a evolução das cotações da empresa.
Detalhamento dos resultados
A receita líquida regulatória da Alupar no 1T23 foi de R$808 milhões, aumento de 15,3% em relação ao 2T22, devido principalmente pela atualização do ciclo RAP 2022/2023 e maiores preços médios de venda de energia. Os custos e despesas operacionais apresentaram aumento anual de 3,9%, totalizando R$192 milhões, principalmente pelo aumento de custos de serviços prestados e na linha de pessoal.
O EBITDA regulatório fechou o trimestre em R$680milhões (+14,3% a/a), com uma margem operacional de 84,2%. OResultado financeiro recuou em 42,9% a/a, totalizando R$193 milhões negativos, função principalmente da redução dos juros da dívida. O endividamento da companhia fechou o trimestre com o indicador de 3,5x Dívida Líquida/EBITDA 12M, manutenção com relação ao trimestre passado. Por fim, o lucro líquido regulatório referente aos acionistas da Alupar foi de R$203 milhões (304% a/a), acima do consenso e de nossas expectativas.