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    Publicado em 31 de Janeiro às 16:02:18

    Plano Decenal de Expansão de Energia 2031: O que muda para as elétricas?

    Conclusão

    Positivo para as empresas! Em nossa leitura, as informações divulgadas no último Plano Decenal de Energia Elétrica são positivas para as empresas de energia, principalmente aquelas expostas ao segmento de Transmissão e Geração. Nossa afirmação deriva do aumento expressivo da necessidade de investimentos na expansão de ambos os segmentos nos próximos dez anos. Ou seja: as empresas terão a opção de expandir seus campos geradores/linhas de transmissão nos leilões vindouros. Em nossa leitura, a medida que as expectativas de investimentos aumentam, esperamos não apenas que mais projetos sejam oferecidos, mas também que a intensidade da competição seja eventualmente diluída em sua maior quantidade, fazendo com que as empresas entrem em investimentos com rentabilidades mais atraentes do que nos últimos leilões. Em nosso universo de cobertura, vemos a Transmissão Paulista e Alupar como os principais nomes a terem vantagem nesse cenário devido ao seu baixo endividamento.

    Pressão BAIXISTA nos preços de energia de longo prazo no segmento de geração não pode ser descartado. Nos últimos cinco anos, o preço dos contratos de energia de longo prazo orbitou na casa dos R$150-165 MWh – referência de preço essa que as empresas sob nossa cobertura fecham os seus contratos de longo prazo com efeito direto em nossas estimativas, geração de caixa e valuation. Achamos que esse patamar de preços pode estar sob risco baixista a medida que I) razão estrutural: balanço de oferta e demanda de energia opera com bastante excedente até pelo menos 2027, de acordo com os cenários traçados pelo PDE e II) razão conjuntural: o final de 2021 e início de 2022 tem sido marcado por fortes chuvas, que afastou o risco de racionamento do sistema e derrubou os preços de curto prazo (PLD). Nosso ponto é: caso a retomada econômica não se materialize em 2022-2023 e o cenário de chuvas mais fortes venha a se consolidar para além de 2022, faz sentido esperar uma queda no preço dos contratos de energia – o que seria ruim para as empresas geradoras. Por enquanto, ainda é cedo para afirmar categoricamente que isso vai acontecer, mas é uma questão a ser acompanhada de perto. Em nosso universo de cobertura, CESP é a empresa com maior contratação do seu portfólio no curto prazo e deve a ser menos afetada caso esse cenário se concretize.

    Introdução

    O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) é um estudo elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que objetiva traçar um panorama do cenário nacional de energia elétrica para os próximos 10 anos, focando em suas perspectivas de expansão e investimentos para suportar a segurança energética do país. O PDE permite melhor estruturação das políticas públicas pelas autoridades regulatórias do setor, uma vez que apresenta as necessidades enérgicas do país buscando atender a demanda relacionada ao crescimento econômico e tendo em vista o melhor aproveitamento dos recursos nacionais.

    O PDE é relevante para as todas as empresas que operam no setor elétrico e tem o poder de pautar suas estratégias e plano de negócios para os próximos anos. Dessa forma, analisaremos nesse relatório os impactos que o cenário traçado pelo PDE 2031 terá no setor de energia, sob a ótica das empresas que nele atuam. Outro objetivo é discutir a relação dele ao anterior, PDE 2030 e ao cenário atual, tendo como referência o ano de 2021 e como isso pode afetar as empresas sob nossa cobertura.

    Transmissão: Mais crescimento! (Positivo)

    O PDE 2031 conta com investimentos de R$ 100.7 bilhões em transmissão no cenário de referência, podendo chegar a R$ 126.4 bilhões no cenário otimista. No cenário-base, R$49 bilhões são projetos a serem leiloados, o que representa um aumento de 63% do pipeline em relação ao plano do ano anterior, que tinha R$30 bilhões. Esse aumento é justificado, entre outras razões, por mais linhas de transmissão trazerem maior flexibilidade e controlabilidade ao Sistema Nacional, provendo mais segurança na medida em que o crescimento da capacidade de geração conta cada vez mais com geradores independente.

    Dessa forma, o pipeline de ativos de transmissão deve ser maior do que o previsto em relação ao PDE anterior, apresentando oportunidades de novos investimento para as empresas do setor. Em nossa visão isso pode alterar o case do setor nos próximos anos, que era focado em valor ante ao crescimento, com altos dividendos. O aumento do pipeline pode nos fazer ver empresas como Taesa (TAEE11), Isa CTEEP (TRPL4) e Alupar (ALUP11) em cases de crescimento o que, embora possa afetar os altos payouts previstos para essas empresas, tem potencial para trazer um upside significativo em seu valuation, ainda que a médio e longo prazo. Ainda sobre esse ponto de vista, chamamos atenção o endividamento da Taesa em relação aos seus pares: a empresa fechou 3T21 com uma alavancagem de 4.3x Dívida Líquida/EBITDA – níveis razoavelmente elevados em comparação com a Transmissão Paulista e Alupar que devem ter mais “munição” para capturarem novos projetos para os seus portfólios.  

    Geração

    Vamos analisar os cenários para o segmento de geração por duas óticas: I) Crescimento, II) Oferta e Demanda e possíveis impactos no preços dos contratos.

    I) Crescimento: Mais crescimento também! (Positivo)

    De acordo com o atual Plano Decenal de Energia, o total de investimentos esperados no segmento de geração alcança R$475 bilhões nos próximos dez anos versus R$275 bilhões no Plano Decenal anterior – um expressivo incremento de 55%. Observando os gráficos abaixo, percebemos um planejamento em expandir a capacidade instalada brasileiro em +75 GW vs +50 GW no mesmo período de dez anos no plano anterior. Ou seja, assim como no segmento de transmissão de energia elétrica, a geração também deve gozar de perspectivas de crescimento mais interessantes em relação aos planos anteriores – algo que também julgamos positivo por dar mais opções de crescimento para as empresas expostas ao segmento de geração.

    Além disso, o plano segue na expansão das fontes renováveis dentro da matriz energética, com destaque para eólica e solar. Sob esse aspecto, não observamos nenhuma novidade neste plano em relação aos anteriores e essa questão já deve fazer parte do plano de negócios de todas as empresas sob nossa cobertura.

    Preços podem estar se aproximando a um cenário baixista – fique de olho!

    Preços para baixo em geração. Será?

    A tabela abaixo mostra o balanço energético de oferta x demanda de energia do Brasil em três cenários diferentes – cenário base, pessimista e otimista. Independente de qual cenário vá se consolidar nos próximos dez anos, o que podemos concluir é: mesmo no cenário de consumo otimista, o balanço energético brasileiro tem sobra estrutural de energia até 2028. Ou seja, por um critério estrutural (que considera questões de mais longo prazo), o preço da energia deveria cair – negativo para empresas de geração que derivam as suas receitas via contratos de longo prazo no ambiente de contratação Livre e Regulado. A sobra estrutural no balanço energético brasileiro não é uma novidade e já vem de muito tempo desde os planos decenais anteriores. Porém, o ano de 2022 reserva uma novidade conjuntural (que considera questões de curto prazo): chuvas fortes e recuperação dos reservatórios – algo que não aconteceu nos últimos anos. Ainda é cedo para vaticinar alguma coisa, mas devemos ficar de olho por ser um risco para tese das geradoras.

    Nível de contratação: CESP + Contratada/AES Brasil – Contratada. Observando as empresas sob nossa cobertura, em um cenário de queda de preços de longo prazo, CESP tende a ser a menos exposta à renovação dos seus contratos por ser a empresa mais contratada ao longo dos próximos anos. AES Brasil é a empresa mais exposta à renovação dos seus contratos de longo prazo. Mais uma vez, gostaríamos de ressaltar que ainda é cedo para afirmar se esse cenário vai de fato se consolidar. Cabe a nós o acompanhamento do cenário hidrológico e o nível de preços dos novos contratos a medida que a empresa passe a renovar seu portfólio.

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