A maior cervejaria do Brasil reportou resultados em linha com os números que estimamos. A diferença é que em termos de margens e rentabilidade foi até um pouco pior do que imaginávamos. Apesar de a Ambev ser uma ótima empresa, com gestão diferenciada e com décadas de sucesso para comprovar isso, o momento macroeconômico que estamos vivendo deve atrapalhar seus resultados. Seguimos com uma recomendação de MANTER para a ABEV3, com preço alvo de R$ 18,00.
Com avanços em suas iniciativas digitais (plataforma de entregas Zé Delivery e a plataforma B2B chamada BEES) em conjunto com uma melhora no canal on-trade (vendas em bares, restaurante, baladas, etc.) por conta da reabertura da economia “física”, a Ambev viu sua receita líquida no trimestre chegar a R$ 22,0 bilhões e representando um bom avanço de 18,6% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, e em linha com a nossa estimativa de R$ 22,6 bilhões. Enquanto isso, o EBITDA da cervejaria sofreu na comparação a/a, caindo -24,1% e chegando a R$ 6,8 bilhões, além de a Margem EBITDA sofrer forte recuo de -17,4 p.p., diminuindo de 38,3% no 4T20 para 30,8% no 4T21. Isso pode ser explicado pelo cenário inflacionário no Brasil e em outros países da América do Sul onde a Ambev tem operações, além do real (R$) desvalorizado frente o dólar (USD) e preços de commodities usadas para produção (trigo, cevada, alumínio) ainda em forte alta.
Apesar do forte declínio de EBITDA e de margens, isso já era esperado pelo mercado e por isso que não alteramos o nosso preço alvo. Apesar de estarmos pessimistas no aspecto de que o cenário não é o ideal para a empresa ter alto crescimento e valorização de suas ações, a Ambev não deixa de ser uma ótima empresa, líder de mercado que pode surpreender. Quando olhamos para a sua divisão de negócio na América Latina do Sul (Divisão LAS), por exemplo, vimos forte crescimento orgânico e ganhos operacionais, mostrando que a empresa não depende só do Brasil e está procurando expandir em mercados alternativos.