Pontos de destaque:
(i) Margens fracas mas expectativa de recuperação sequencial nos próximos trimestres; (ii) Cerveja Brasil deve ser o principal destaque positivo; (iii) Argentina, pertence ao segmento LAS, e Canadá, os destaques negativos; (iv) Commodities em queda e apreciação do real são ventos favoráveis; (v) Cautela com efeitos da implementação do Imposto Seletivo; (vi) Reiteramos nossa recomendação de MANTER com preço-alvo de R$ 15,00.
A Ambev (ABEV3) vai reportar o seu resultado do 2T23 no dia 03/08, e, neste relatório, vamos apresentar as nossas expectativas para os números da companhia e compará-las às expectativas de mercado.
Esperamos um resultado mediano, com pequeno crescimento de top-line impulsionado pela melhora na receita líquida por hectolitro (ROL/hl) e margens relativamente fracas. Destaques positivos devem vir do Brasil, em especial da operação Cerveja Brasil, e os negativos da Argentina, pertencente ao segmento LAS, e do Canadá.
Prévia 2T23
No 2T23, esperamos uma receita total de R$ 19,3b, um crescimento de 7,1% a/a. Projetamos um EBITDA de R$ 5,0b, recuo de 9,0% a/a, representando uma retração de 4,6 p.p. a/a na margem EBITDA, a qual deve alcançar, desta forma, 26,2%. Para o lucro líquido, estimamos R$ 2,3b, recuo de 38,3% a/a.
ABEV3: Variação Anual e Trimestral
Em relação ao consenso. Nossas estimativas encontram-se um pouco abaixo do consenso em termos de receita e de margem. Dessa forma, nossa receita projetada encontra-se 1,8% abaixo do consenso, e nossa margem EBITDA menor em 0,9 p.p.
Cerveja Brasil. Neste segmento, devemos contar com (i) uma receita líquida por hectolitro (ROL/hl) pautada pelo carry-over dos aumentos de preços realizados em 2022 e por iniciativas de gestão de receita; (ii) um custo por hectolitro (COGS/hl) começando a desacelerar e (iii) um SG&A com tendência similar à observada no 1T23.
NAB Brasil. Já nas operações de bebidas não alcoólicas no Brasil, esperamos (i) um top-line sequencialmente mais fraco, mas vale notar que estamos diante de uma base comparativa difícil, dado forte crescimento de volume e pricing no 1T23; (ii) um custo por hectolitro (COGS/hl) apresentando ligeiro crescimento sequencial, devido a mudança no mix e (iii) um SG&A desacelerando em relação ao crescimento anual observado no 1T23.
América Latina do Sul (LAS). No segmento LAS, aguardamos (i) volumes fracos da Argentina, prejudicados pela volatilidade da situação macroeconômica do país, que implica em uma indústria mais fraca; (ii) boa performance em termos de volumes nos países ex-Argentina; (iii) um custo por hectolitro (COGS/hl) e um SG&A apresentando drivers similares aos observados no 1T23, com destaque para (iv) pressões de custo aumentando na Argentina, dado o menor nível de hedge que a companhia tem realizado no país.
América Central e Caribe (CAC). Para a divisão CAC, projetamos (i) uma melhora sequencial em termos de volume, mas uma retração na base anual; (ii) um top-line com desempenho consistente; (iii) um custo por hectolitro (COGS/hl) sob controle e (iv) um SG&A com desempenho mais normalizado que no 1T23, dado que no trimestre passado lidávamos com uma base comparativa complicada oriunda de economias que a companhia havia feito na região no 1T22.
Canadá. Por fim, no Canadá esperamos ver uma indústria mais resistente e dura nesse 2T23. Assim, estimamos (i) uma receita líquida por hectolitro (ROL/hl) influenciada pelo carry-over dos aumentos de preços realizados em 2022; (ii) um custo por hectolitro (COGS/hl) e SG&A desacelerando em relação ao 1T23, sendo o segundo já sendo impactado positivamente por algumas melhorias de eficiência que a companhia têm implementado.
Demais considerações
Mercado de vinhos. Este ano, a Ambev entrou no segmento de vinhos no Brasil. Acreditamos que esse seja um mercado que, embora ainda pequeno no país, possua grande potencial de crescimento à medida que a economia brasileira amadureça. Destaque ainda para o fato de ser um segmento mais rentável do que o de cerveja.
Reforma tributária. Em relação aos impactos da reforma sobre a companhia, destacamos os seguintes fatores: (i) em geral, ela apresenta um potencial positivo à medida que simplifica a tributação no Brasil; (ii) os benefícios tributários da Zona Franca de Manaus serão mantidos; (iii) a reforma propõe a criação de um denominado Imposto Seletivo, que incidirá sobre produtos prejudiciais à saúde.
Entre os produtos que devem ser taxados pelo denominado Imposto Seletivo, estão as bebidas alcoólicas, como a cerveja. Embora a alíquota deste imposto não tenha sido divulgada ainda, acreditamos que a Ambev deve ser impactada negativamente neste aspecto.
Custos menores. no que diz respeito aos custos da companhia, acreditamos que ela deve surfar ventos favoráveis nos próximos exercícios, com a (i) tendência de queda no trigo e no alumínio e a (ii) apreciação do real brasileiro. Estes fatores devem contribuir para a viabilização de melhores margens em 2024.
Nossa visão e recomendação. Por vermos pouco potencial de crescimento da companhia e enxergarmos pouco upside em relação ao preço de tela atual, reiteramos nossa recomendação de MANTER com preço-alvo de R$ 15,00.