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    Publicado em 29 de Fevereiro às 10:40:39

    Ambev (ABEV3) | Resultado do 4T23: Um resultado misto

    Pontos de destaque:

    (i) Vimos um resultado misto, com uma receita fraca e abaixo do que esperávamos, mas margens acima de nossas projeções; (ii) Brasil e CAC (América Central e Caribe) foram novamente os destaques positivos; (iii) Argentina, pertencente ao LAS (América Latina do Sul), e Canadá, os negativos; (iv) Commodities (trigo e milho) em queda foi um vento favorável e deve seguir sendo nos próximos exercícios; (v) Observamos potencial de crescimento limitado na companhia; (vi) Não esperamos melhoras em LAS e no Canadá no curto e médio prazo; (vii) Reiteramos recomendação de MANTER com Target Price 12M de R$ 15,00.

    A Ambev (ABEV3) entregou um resultado misto, com resultados abaixo das nossas expectativas em termos de Receita (-13,0% vs. Genial Est.), mas com rentabilidade acima das nossas projeções de margem EBITDA (+2,7p.p. vs. Genial Est.) e margem Líquida (+3,0p.p. vs. Genial Est.).

    Vimos um relevante recuo na receita líquida, prejudica por Argentina (segmento LAS) e Canadá, mas uma importante expansão de margens. Como esperávamos, o Brasil e o segmento CAC (América Central e Caribe) foram os destaques positivos, enquanto LAS (América Latina do Sul), devido a dificuldades macroeconômicas na Argentina, e Canadá, foram os negativos.

    Olhando para os próximos trimestres, estamos com viés baixista para as commodities trigo e milho. Isto nos leva a acreditar que ainda há espaço para novas pequenas expansões de margens nos próximos exercícios.

    Contudo, em nossa visão, o potencial de crescimento da companhia é limitado, e não identificamos melhorias nos horizontes de curto a médio prazo nos segmentos LAS (América Latina do Sul) e Canadá, além de vermos pouco upside em relação ao preço atual de tela.

    Assim, reiteramos nossa recomendação de MANTER com Target Price 12M de R$ 15,00.

    Análise dos Resultados

    Foi entregue um top-line de R$ 20,0b (-11,9% a/a e -13,0% vs. Genial Est.), e um EBITDA de R$ 7,1b (+0,6% a/a e -5,8% vs Genial Est.). Desse modo, a companhia atingiu uma margem EBITDA de 35,8% (+4,4p.p. a/a e +2,7p.p. vs. Genial Est.). Por fim, o lucro líquido foi de R$ 4,5b (-12,6% a/a e +0,2% vs. Genial Est.).

    Ambev: Variação Anual e Trimestral

    Cerveja Brasil. Este segmento contou com (i) uma receita líquida por hectolitro (ROL/hl) impulsionada por fatores similares aos observados no 3T23, ou seja, pelo carry-over dos aumentos de preços implementados em 2023 e por iniciativas de gestão de receita, crescendo 7,2% a/a, acima da inflação; (ii) um ligeiro recuo de -1,1% a/a em volumes, devido a uma base de comparação difícil (no 4T22, houve um evento não-recorrente, a Copa do Mundo); (iii) um custo por hectolitro (COGS/hl) excl. depreciação e amortização desacelerando sequencialmente, e recuando -2,0% a/a, devido à queda nas commodities; (iv) um SG&A excl. D&A recuando -2,3% a/a, dado eficiências capturadas em distribuição e administração e (v) a linha premium (Corona, Original, Spaten, entre outras) avançando, em 2023, 25,0% a/a, crescimento acima da indústria.

    Desse modo, a receita atingiu R$ 11,4b (+6,1% a/a, reportado), e o EBITDA foi de R$ 4,1b (+33,3% a/a, reportado), com uma expansão de margem de 7,4p.p., a qual alcançou 36,1%. O segmento Cerveja Brasil representou 57,3% da receita líquida consolidada neste trimestre.

    NAB Brasil. Já no segmento de operações de bebidas não alcoólicas no Brasil, vimos (i) uma receita líquida por hectolitro (ROL/hl) recuando -0,5% a/a, em virtude de uma piora de mix e um aumento da base tributável do ICMS; (ii) uma crescimento de 6,2% a/a nos volumes; (iii) um custo por hectolitro (COGS/hl) excl. D&A reduzindo 7,2% a/a, devido à questões cambiais e à redução no preço do açúcar; (iv) um SG&A excl. D&A recuando -2,2% a/a, demonstrando maiores eficiências nas despesas de distribuição e comerciais e (v) a categoria de saúde e bem-estar, composta por energéticos, isotônicos e refrigerantes diet (Guaraná Antarctica Zero, Pepsi Black, entre outros), e liderada pela Fusion, se destacando operacionalmente em termos de volume em 2023.

    A receita alcançou R$ 2,1b (+5,7% a/a, reportado), e o EBITDA foi de R$ 587m (+22,1% a/a, reportado), com um considerável avanço de margem de 3,7p.p., a qual atingiu 27,5%. A operação NAB Brasil representou 10,7% da receita líquida consolidada neste trimestre.

    América Central e Caribe (CAC). Para a divisão CAC, vimos um trimestre forte, com números fortes impulsionados pelo bom desempenho operacional da República Dominicana. Desse modo, vimos (i) um avanço no top-line, o qual cresceu +3,0% a/a, impulsionado pelo (ii) crescimento de volumes, os quais avançaram +7,7% a/a, puxados por uma forte recuperação da indústria na República Dominicana; (iii) um custo por hectolitro (COGS/hl) excl. D&A retraindo -5,9% a/a, beneficiado pela queda nas commodities e melhora no mix de embalagens e (iv) um SG&A excl. D&A avançando 2,1% a/a, consequência de ligeiras perdas de eficiência na região.

    A receita atingiu R$ 2,8b (+3,0% a/a, reportado), e o EBITDA foi de R$ 1,2b (+17,8% a/a, reportado), com uma expansão de margem de 5,3p.p., a qual alcançou 42,5%. A divisão CAC representou 14,0% da receita líquida consolidada neste trimestre.

    América Latina do Sul (LAS). Em LAS, observamos (i) a operação na Argentina, que representa ~60% do EBITDA do segmento, impactando negativamente de modo significativo o desempenho operacional do LAS, devido às dificuldades macroeconômicas do país, que tem prejudicado a renda disponível da população (e contribuído para uma queda de -3,8% a/a nos volumes), e aos efeitos contábeis da hiperinflação no país e (ii) um desempenho sólido das operações LAS ex-Argentina (Paraguai, Bolívia, Uruguai e Chile), mas incapaz de compensar o desempenho fraco da Argentina.

    Desse modo, a receita alcançou R$ 1,5b (-68,8% a/a, reportado), e o EBITDA foi de R$ 795m (-60,8% a/a, reportado), com uma expansão de margem de 10,8p.p., a qual alcançou 53,0%. O segmento LAS representou 7,5% da receita líquida consolidada neste trimestre.

    Canadá. No Canadá, seguimos vendo uma indústria desafiadora no 4T23. Assim, o segmento entregou (i) uma queda de top-line impulsionada por volumes mais fracos (-7,4% a/a); (ii) uma receita por hectolitro (ROL/hl) crescendo +4,0% a/a organicamente, devido ao mix positivo de marcas e embalagens e a iniciativas de gestão de receita; (iii) um custo por hectolitro (COGS/hl) excl. D&A pior, avançando +6,4 a/a  e (iv) um SG&A excl. D&A recuando -19,8% a/a e possibilitando margens ligeiramente melhores, apesar do ambiente desafiador da indústria.

    A receita entregue foi de R$ 2,1b (-10,5% a/a, reportado), e o EBITDA de R$ 444m (-8,6% a/a, reportado), com uma expansão de margem de 0,4p.p., a qual alcançou 21,1%. O segmento Canadá representou 10,5% da receita líquida consolidada neste trimestre.

    Nossa visão e recomendação

    Em nossa visão, após esse trimestre sólido, e em virtude de nosso viés baixista para as commodities que compõem o COGS da Ambev, a companhia deve seguir entregando uma expansão gradual de margens ao longo de 2024.

    Esperamos também (i) uma continuação do momentum positivo no Brasil e na República Dominicana. No entanto, (ii) a companhia deve seguir enfrentando grandes desafios na Argentina, que representa ~60% do EBITDA do LAS, uma vez que não vemos o cenário de hiperinflação arrefecendo no curto e médio prazo, e (iii) não vislumbramos melhorias relevantes na indústria de cerveja no Canadá em 2024.

    Além disso, vemos um potencial de crescimento da companhia limitado, dada a crescente competição no mercado de cervejas no Brasil, e enxergamos um upside baixo em relação ao preço atual de tela. Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de MANTER com Target Price 12M de R$ 15,00.

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