A última atualização
Horas antes do atual CEO Leonardo Coelho dar o depoimento à CPI da Americanas, a varejista divulgou um fato relevante ao mercado, contendo a opinião preliminar da assessoria jurídica contratada pela Americanas para averiguar o rombo de mais de R$ 20 bilhões, anunciado em janeiro deste ano.
Pela primeira vez desde janeiro, a companhia usou o termo “fraude contábil”, abandonando o “inconsistência contábil” de antigos relatórios. Em uma linguagem cuidadosa, a Americanas atribuiu a responsabilidade a nomes da antiga gestão executiva – poupando o Conselho de Administração e acionistas de referência da empresa.
Preenchendo as lacunas do “rombo bilionário”
Afinal, de onde saiu o rombo de R$ 20 bilhões? É uma fraude complexa, que aos poucos começa a ganhar forma. Como era uma operação se mantinha “artificialmente em pé”, o lucro e o caixa foram artificialmente inflados pelas operações de risco sacado.
Mediante a criação de contratos de verba de propaganda cooperada (VPC) sem lastros financeiros, a companhia conseguia reduzir artificialmente o seu custo de mercadoria vendida, inflando os seus resultados operacionais através de contratos falsos.
A Americanas contabilizava o recebimento de verbas sem nunca ter recebido esses recursos de seus fornecedores.
Com um lucro fictício, a companhia precisava sustentar a “criação” de caixa através de empréstimos bancários, e é aqui que entra o “risco sacado” (ou forfait) – cuja existência e relevância era negada pela companhia até janeiro deste ano.
O “risco sacado” é uma operação comum na indústria brasileira. Contudo, simultaneamente às operações fictícias de VPC, a Americanas contabilizava o forfait, inadequadamente, como uma conta redutora de fornecedores, dentro do balanço patrimonial.
Nossa visão
A companhia deve divulgar os dados financeiros auditados, até final de agosto deste ano – juntamente com o resultado do 4º trimestre de 2022. Dado a indevida contabilização das operações de financiamento, não podemos conhecer o verdadeiro grau de endividamento da companhia.
A falta de demonstrações financeiras que reflita a atual realidade patrimonial da companhia nos deixa restritos em elaborar projeções e fluxo de caixa para Americanas. Não efetuaremos recomendações aos investidores até termos plena ciência desses dados.