A Cogna e a Yduqs divulgam seus resultados na quinta-feira, dia 10 de novembro, após o fechamento do mercado. Já a Ânima será no dia 14 de novembro, antes da abertura do pregão. Esperamos resultados mistos para as companhias em nossa cobertura, como veremos a seguir.
Macro ainda segue desafiador
O enredo do trimestre ainda passa pelas dificuldades observadas no cenário macroeconômico, afetando cada uma das regiões de maneira particular. O combo entre menor renda disponível e maior seletividade nas cestas de consumo das famílias, impactaram o segundo ciclo de captação do ano. Junto a isso, consideramos também certa cautela por parte da população em se comprometer com uma graduação.
A dinâmica de inflação ainda deve trazer incerteza para o setor. A desaceleração vista nos últimos meses, foi fruto da medida de redução do ICMS, que contribuiu para a queda dos preços da gasolina e energia. Contudo, há sinais de uma leve tendência de alta, como o IPC avançando 0,50% em outubro.
Ânima (ANIM3) | O que esperar do 3T22?
Acreditamos que a Ânima deve reportar o maior crescimento de receita líquida das empresas sob cobertura. A companhia deve fechar o trimestre com R$882m, crescendo 8% ano contra ano.
Por mais que esperamos um cenário mais desafiador para a Ânima Core, devemos observar um bom balanço entre captação e ticket. Os esforços direcionados para o reposicionamento do ticket, tem surtido efeito à medida que as safras novas vão entrando e as já “reposicionadas” vão ganhando tração.
No segmento de medicina, a Inspirali deve seguir trazendo ventos favoráveis para a tese, com crescimento a/a. Vale considerar que o braço das escolas de medicina, teve um forte 2T com alta no ticket e volume, contribuindo com o carrego positivo para esse trimestre.
Na linha EAD, esperamos um razoável ciclo de captação e um ticket flat pela postura da Ânima em ser price taker, dado que as companhias foram mais conscientes em preços no trimestre. Não houve nenhuma abertura de polo nova e devemos esperar o incremento na base vindo da maturação dos polos já existentes
Estimamos um lucro bruto de R$ 562m (+4,5% a/a) com margem de 63,7%, queda na comparação anual de -210bps, porém com alta de +110bps t/t. Na linha de despesas, podemos ter alguns frutos positivos no médio prazo, advindos de uma melhor gestão de campis, menores custos com aluguéis e reduções de despesas corporativas.
O EBITDA ajustado ficará em R$ 291m (-15,6% a/a) e margem de 33%, provocando uma queda de -9,2 pontos percentuais. A queda mais forte já é esperada por conta dos ganhos com efeitos não recorrentes vindos no 3T21, como a revisão da provisão dos earn-outs e do efeito do PDD positivo.
Na última linha, esperamos um lucro líquido de R$ 10m (-83% a/a) e margem de 1,1% (-604 bps a/a), dado a escalada da taxa de juros e o atual nível de alavancagem da Ânima.
Mantemos nossa recomendação de COMPRAR com preço-alvo YE23 de R$ 9,48.
Cogna (COGN3) | O que esperar do 3T22?
Esperamos que a Cogna apresente resultados positivos nesse 3T22, fruto da boa captação no segundo ciclo e de melhoras operacionais. A companhia deve reportar uma receita líquida de R$ 1,01b, porém ainda com queda anual de -13%.
Kroton
Para Kroton, estimamos uma receita líquida de R$ 745m (+8,7% a/a), registrando o primeiro crescimento de receita dos últimos três anos. Observamos um bom ciclo de captação indo na contramão da maioria do mercado. Os destaques ficam para a baixa presencialidade, contudo devemos reforçar que a alta presencialidade também está dando indícios de retomada.
O desempenho positivo é fruto da estratégia da companhia na forte abertura de polos durante o ano de 2021 e que agora começa a colher os frutos com a maturação destes. A mudança promocional com maiores canais de oferta online ao invés dos meios offline vão ter efeitos positivos nesse trimestre também, onde veremos as despesas com marketing da Kroton diluindo.
Temos a expectativa de um EBITDA Ajustado de R$200m, com crescimento de 24,3% a/a e uma margem de 26,8% (+343 bps), reflexo dos pontos acima e da melhora operacional da reestruturação do segmento.
Vasta
Falando de Vasta, esperamos uma receita líquida de R$ 168m (+32,1% a/a) e atingindo o guidance de R$ 1b de ACV (Valor Anual de Contrato). Devemos ainda esperar surpresas positivas para o guidance do ciclo 2023.
O EBITDA Ajustado do braço deve vir em R$ 10m (revertendo o prejuízo do ano passado), com uma margem de 6%. Daqui para frente, devemos obter uma visão mais normalizada do mercado da Vasta, visto que o ensino K12 foi fortemente impactado pela pandemia – efeito que não consideramos daqui para frente.
Saber
A Saber segue sendo o segmento de pior desempenho da Cogna. Esperamos uma receita líquida de R$ 101m (-34,8% a/a), por conta do PNLD mais fraco. O EBITDA Ajustado deve ficar em R$ 11m (-70% a/a) e uma margem de 11%, com retração de -12,7 p.p.
No consolidado, esperamos um EBITDA Ajustado de R$ 221m (-6,17% a/a), com ganho de margem em +164 bps, chegando em 21,78%.
Ainda em um cenário de juros altos e o ainda pesado resultado financeiro, estimamos um prejuízo líquido de -R$ 152m no trimestre.
Seguimos com nossa recomendação de MANTER com preço-alvo YE23 de R$ 2,90.
Yduqs (YDUQ3) | O que esperar do 3T22?
A Yduqs deve reportar o pior resultado dentre as empresas de nossa cobertura, com crescimento de receita líquida de 3,1% a/a, chegando em R$ 1,09b.
Nesse segundo ciclo de captação, a companhia não conseguiu performar bem. Vimos o impacto do cenário macroeconômico com uma maior sensibilidade ao Rio de Janeiro, prejudicando as ofertas da Estácio, além de também contar com uma forte base comparativa do ano passado.
O desempenho da captação no EAD deve ser o principal ponto negativo do trimestre, onde o volume não veio mesmo com melhores preços. O presencial com a elevação do ticket na campanha 399 deve compensar parte do segmento EAD.
O destaque positivo foi o segmento premium. Contrário a Estácio, a Idomed tem desempenhado bem. A forte demanda das escolas de medicina, junto do portfólio mais jovem de cadeiras, tem mostrado a resiliência que esse segmento traz para a Yduqs. O repasse de inflação para calouros e para veteranos, tem preservado o preço saudável.
Estimamos um EBITDA Ajustado de R$ 393m (+8,6% a/a) e uma margem de 34,7% (+178 bps).
A Yduqs é a companhia com a melhor alavancagem do setor, com cerca de 1,8x Dív. Líq./EBITDA, não sofrendo tanto quanto as demais com o atual patamar da Selic. Temos a expectativa de um lucro líquido de R$35m (-52% a/a) e uma margem de 3,1% vs 6,6% no 3T21.
Seguimos com nossa recomendação de MANTER com preço-alvo YE23 de R$ 22,00.