Na visão geral, o resultado do Assaí veio melhor do que o esperado, beneficiado por uma diluição de despesas de vendas acima do estimado. Mantemos o papel como nosso “top pick” do setor de varejo alimentar e reiteramos a posição de COMPRAR, com preço-alvo de R$ 23,50 para 2023, upside de 30%.
A receita bruta do Assaí atingiu R$ 15,2b (+30,1% a/a), exatamente em linha ao que esperávamos (ver nossa prévia de resultado). Alguns movimentos ficaram claros em relação à primeira linha do resultado do atacarejo, são eles:
(I) O movimento divergente entre inflação e deflação, já comentado em nossa prévia, jogou contra o aumento do faturamento, com o comportamento do consumidor mudando para capturar a queda de preço de alimentos ao longo do trimestre;
(II) A maior contribuição positiva veio para a forte abertura de lojas (44 unidades) nos últimos 12 meses;
(III) As lojas maduras contribuíram com um LfL (Like-for-Like) de 9% nesse trimestre;
(IV) O investimento na melhoria da experiência de compra, com adaptação de sortimento e inclusão de novos serviços, tem trazido resultados positivos para o “top line” do atacarejo;
(V) As lojas convertidas no trimestre confirmam as perspectivas de uma curva de maturação mais acelerada, nos deixando mais otimistas quanto ao atingimento do faturamento de R$ 100b em 2024.
Excluindo o efeito de créditos fiscais, o grupo registrou uma receita líquida de R$ 13,8b (+29,2% a/a). Analisando o acumulado dos nove meses do ano, o Assaí conseguiu apresentar um crescimento de faturamento líquido de 28%, somando R$ 38,6b em 9M22.
A maior parte desse crescimento, cerca de 17,9%, foi reflexo das expansões de pontos de venda nos últimos 12 meses. E, falando em expansão, o Assaí atualizou o seu guidance para as conversões das lojas Extra no 2º semestre deste ano: de 40 unidades para 45.
Sem muitas surpresas, a margem bruta veio dentro do esperado. O Assaí registrou um lucro bruto de R$ 2,2b (+26% a/a), com uma margem bruta de 16,3% no 3T22 (+10bps acima do estimado).
O que nos surpreendeu, positivamente falando, foi a margem operacional da companhia. Tínhamos uma expectativa de uma maior pressão na margem EBITDA ajustada, considerando a entrada de novas lojas apenas no mês de setembro.
A nossa expectativa para a margem EBITDA ajustada era de 6,8%, o que significaria uma pressão de 100 bps. Contudo, o Assaí reportou uma margem +50 bps acima de nossa expectativa, em função de uma maior diluição das despesas com vendas no período (e: (1
O EBITDA ajustado consolidado foi de R$ 1,01b (+20,6% a/a), apresentando uma margem EBITDA de 7,3% no período.
A maior alavancagem operacional amenizou a queda esperada para a última linha do resultado. O lucro líquido reportado foi de R$ 281m – um número 55% acima do que esperávamos. No entanto, o resultado melhor do que o esperado não foi suficiente ‘estancar’ a queda de quase -50% do lucro, na comparação ano contra ano.
O lucro líquido do Assaí foi fortemente impactado pela sua alavancagem financeira e maior patamar de juros no período, cerca de 3x do CDI em relação ao período no ano passado.