O que esperar do Assaí no 3º trimestre?
O Assaí reportará o resultado no 3º trimestre em 30/out. Consumidores com poder de compra pressionado, desinflação alimentar e mudança de comportamento do público B2B – o cenário é muito similar ao 2º trimestre deste ano.
A redução da inflação alimentar, sem grandes recomposições de volume, junto a um consumidor B2B que fraciona seu consumo ao longo dos meses devem resultar em um Same Store Sales ainda em território negativo neste trimestre, estimado em -1,5% a/a (vs. 9,0% no 3T22). Vale ressaltar que, apesar de negativo, esperamos que o indicador seja menos impactado do que seu principal concorrente, o Atacadão (a ser discutido adiante).
Nesse contexto, entendemos que a evolução do topline será guiada pelas 52 aberturas nos últimos 12M. Estimamos um faturamento bruto de R$ 18,4b (+21,0% a/a).
Em relação à margem bruta, não esperamos grandes novidades. Acreditamos que o excedente de margem das lojas convertidas continuará sendo investido em regiões mais competitivas, e, portanto, esperamos uma margem relativamente estável na comparação anual. Estimamos uma margem bruta de 16,2% (-10bps a/a).
Com menos conversões no trimestre e uma quantidade menor de lojas a serem convertidas, esperamos uma redução das despesas pré-operacionais. Ao mesmo tempo, a performance positiva das lojas convertidas – com uplift de vendas acima do apresentado no 2T23 (>2,5x) – deve ajudar a diluir o impacto das despesas do trimestre.
Esperamos uma leve pressão de -15bps a/a na margem operacional, inferior ao impacto observado nos últimos trimestres. Estimamos um EBITDA aj. de R$ 1,2b (+18,5% a/a), implicando em uma margem de 7,2% (-15bps a/a).
Com a captação de R$ 1,0b realizada em julho, acreditamos que o montante de despesas financeiras terá um impacto relevante sobre a última linha. Estimamos uma retração de -41,1% a/a do lucro líquido, totalizando R$ 166m (-41,1% a/a).
Não esperamos ver desalavancagem neste trimestre. Após um 2T excepcional em termos de capital de giro, devemos observar uma recomposição de estoques em preparação para o evento de aniversário, Black Friday e festas de final de ano. Dada essa dinâmica, acreditamos que a alavancagem deve arrefecer ao patamar de ~2,5x Dívida Líquida/ EBITDA (Est. Genial).
Sinais positivos para frente. Com uma sazonalidade melhor no 4T23 e uma normalização dos estoques, devemos observar a retomada ao trajeto de desalavancagem. A partir de 2024, com menos investimentos, fim dos pagamentos das transações e uma trajetória de queda na taxa de juros, esperamos ver um forte processo de desalavancagem financeira.
O que esperar do Carrefour no 3º trimestre?
O Grupo Carrefour divulgará a prévia de vendas em 25/out e o resultado financeiro consolidado em 31/out. Com o cenário de desinflação alimentar impactando a principal bandeira do grupo, Atacadão, esperamos que a companhia apresente mais um trimestre de prejuízo.
Se as nossas estimativas se concretizarem, este seria o 3º trimestre seguido que o grupo apresentaria um prejuízo líquido – e o 4º desde que o Carrefour Brasil fez o IPO, em 2017.
Atacadão
Com a mudança de comportamento de consumo do B2B e dada a exposição da vertical a este público (~60% do volume de compras), esperamos que o Atacadão apresente mais um trimestre de fraca alavancagem operacional, com uma piora na visão sequencial e anual do Same Store Sales (SSS), estimado em -6,0% a/a (vs. +10,5% no 3T22 e vs. -4,3% no 2T23).
Por outro lado, a margem operacional deve mostrar um alívio na visão sequencial – reflexo do “fim” de despesas pré-operacionais, uma vez que não há mais lojas BIG e Maxxi a serem convertidas, e fruto também de um maior controle de SG&A pela companhia. Estimamos uma margem EBITDA aj. (inc. BIG) de 5,9% (-70bps a/a; +20bps t/t).
Gostaríamos de chamar a atenção para dois pontos que devem ganhar mais notoriedade ao longo dos próximos trimestres:
(I) Com a companhia direcionando os seus esforços em reduzir as despesas SG&A, devemos ver um break-even de lojas convertidas (Maxxi e BIG) mais rápido que o esperado anteriormente, com o ramp-up de margem contribuindo para recomposição de rentabilidade operacional em 2024;
(II) A estabilização das taxas de juros em um patamar maior que o esperado anteriormente (Est. Genial Selic em 10% em 2025) e o cenário de desinflação alimentar devem fazer com que o guidance fornecido em nov/22, relativo à abertura de lojas Atacadão, sofra um atraso de dois anos, atingindo 470 lojas de Cash-and-Carry apenas em 2028.
Varejo
A vertical possui a maior base de comparação anual e acreditamos que deva ser a principal detratora de rentabilidade do grupo neste 3º trimestre.
Não esperamos um crescimento de receita na vertical de varejo ao longo do 2º semestre de 2023. Além do impacto da desinflação alimentar, a qual ainda não traz um aumento de volume na cesta do consumidor, o segmento de varejo do Carrefour deve retrair com a forte saída de lojas em sua base (convertidas em Atacadão), em relação ao ano passado. Estimamos um SSS de -8,0% a/a para a vertical (vs. 14,0% no 3T22).
A forte desalavancagem operacional deve impactar negativamente a rentabilidade no trimestre de varejo do grupo. Estimamos uma margem EBITDA sequencialmente menor, a 2,4% (-140bps a/a; -40bps t/t).
Sam’s Club
Dado o mês de aniversário do Sam’s caindo neste 3º trimestre, esperamos um trimestre com campanhas promocionais mais agressivas para a vertical de clube do Carrefour – o que deve implicar em uma menor margem bruta na visão sequencial. Estimamos um SSS de +2,0% a/a e uma margem operacional de 5,0% (-260bps a/a; +10bps t/t).
Banco Carrefour (CSF)
A vertical de serviços financeiros do grupo deve ser o principal destaque positivo no trimestre – principalmente ao levarmos em consideração a base mais fraca no 3º trimestre de 2022, quando a companhia incorporou a carga de risco do BIG ao grupo.
Com um crescimento da carteira de crédito estimado em 26,9% a/a e considerando a inadimplência sequencialmente estável (e em níveis menores que o do mercado), o operacional do Banco Carrefour deve apresentar uma melhora significativa neste trimestre.