O Assaí irá reportar as cifras referentes ao 3º trimestre de 2024 em 07/nov, após o encerramento do pregão.
Após dois meses de deflação na categoria “Alimentação no domicílio”, os dados do IPCA-15 sinalizam que setembro foi o primeiro mês do 3º trimestre a apresentar inflação m/m no segmento, atingindo 5,5% no acumulado dos últimos 12 meses – um número que se consolidou 33% acima do índice geral.
Apesar de uma visível melhora nos preços no último mês do trimestre, que saiu de uma inflação de 4,35% (agosto visão acum. 12m) para 5,50% (setembro visão acum. 12m), acreditamos na possibilidade de vermos dois impactos completamente diferentes entre os dois tipos de consumidores (B2B e B2C) durante o período.
Pensando no B2B, que é o público transformador, acreditamos que a estocagem realizada ao longo do 2º trimestre deve enfraquecer o volume de compras no 3º trimestre – movimento esse endossado pelo cenário de deflação na categoria alimentar em julho e em agosto, segundo IPCA-15 (IBGE).
A nossa análise para o público B2C é que uma inflação consistentemente alta da categoria (>4,0% a.a) deve levar a uma redução no volume e frequência de compras e trade-down de marcas, procurando produtos básicos mais baratos, o que deve levar a uma maior penetração de produtos de marca própria e priorização do modelo cash-and-carry para realizar as compras.
Dito isso, acreditamos que equação entre preço e volume ao longo do trimestre não deve animar o mercado, mesmo em um trimestre sazonalmente favorável para o Assaí, que faz uma campanha de aniversário durante o período.
💭 Deve faltar aquele “molho” que os investidores gostavam de ver na tese, que sustentava um crescimento de mesmas lojas acima da inflação alimentar, sem escorregar em margem e em geração de caixa.
Estimamos que o Assaí apresente um Same Store Sales marginalmente acima do apresentado no 2º trimestre, em 3,2% (+20bps t/t; +410bps a/a), porém bem abaixo da inflação no mesmo período (de 5,5% a/a). Projetamos uma receita bruta de R$ 20,7 bilhões (+12% a/a), puxado principalmente pela abertura de 23 lojas nos últimos 12 meses.
🚨 Não é animador! Tínhamos a expectativa de que o 2º trimestre teria sido um ponto negativo fora da curva e não uma tendência do que esperar para o 2º semestre.
Com o crescimento de vendas por metro quadrado de lojas maduras se perpetuando abaixo da inflação e diante de um custo de capital elevado combinado a uma alavancagem financeira consistentemente alta (4,2x – visão IFRS16 inc. arrendamento e exc. recebíveis), acreditamos que o Assaí tem uma munição limitada para tentar acelerar esse crescimento do top line.
Você viu o nosso último relatório de Assaí? Atualizamos as nossas estimativas para os próximos anos.
Em termos de rentabilidade, não esperamos grandes mudanças em relação ao apresentado no 2º trimestre. Projetamos um EBITDA aj. de R$ 1,4 bilhões (+13% a/a) e uma margem operacional de 7,2% (+10bps a/a).
O lucro líquido da companhia deve continuar a sofrer retração a/a, dado o impacto de (i) maiores despesas financeiras e (ii) pagamento de impostos (o qual ainda não encontra uma base comparativa normalizada). Estimamos um lucro de R$ 163 milhões e uma margem de 0,9% (+20bps a/a).
Em relação ao item (i), apesar de vermos bons esforços na redução dos spreads de captação, saindo de 1,50% (custo médio de dívida da companhia) para 1,25% (10ª emissão de debênture), acreditamos que a contrapartida de aumento no montante de dívida bruta e abertura na curva de juro longa do Brasil deve se sobressair na equação, elevando as despesas financeiras do Assaí ao longo dos próximos anos.
Tabela 1: Expectativa Genial para o 3º trimestre do Assaí (R$ milhões; IFRS 16).