Após o encerramento do pregão dessa quinta-feira (04/mai), o Assaí reportou seu resultado do 1T23. A dinâmica veio em linha com as nossas expectativas.
Em nossa visão, o grande impacto desse trimestre veio do alto nível de alavancagem, pressionando o resultado financeiro e trazendo o lucro líquido abaixo dos R$ 100m pela primeira vez em mais de 3 anos.
Acreditamos que, passados os pagamentos das lojas convertidas, as novas unidades devem impulsionar a geração de caixa operacional, aliviando o nível de alavancagem da companhia a partir do 2S23. Esperamos uma forte recuperação ao longo do 2º semestre.
Negociando a um múltiplo atrativo, 13x P/E 2023E, e considerando o potencial de entregar valor ao acionista, mantemos a nossa recomendação de COMPRA para ASAI3, com preço-alvo de R$ 20,0 – implicando em um upside de +74,2% em relação ao preço de fechamento desta quinta-feira (04/05).
Vale ressaltar que outro montante de venda do controlador Casino ainda neste ano poderia pressionar as ações no curto prazo. O lock-up restringe a venda das ações por parte do grupo francês por 90 dias após a última oferta, que ocorreu em março. Ainda assim, acreditamos que seria uma pressão de curto prazo sobre o papel, já que a companhia segue entregando uma boa performance operacional.
Análise do 1T23
Com 3 conversões realizadas no trimestre, o Assaí fechou o 1T23 com 266 lojas e uma área de vendas de ~1.300.00m² (+38% vs. 1T22).
Impulsionado pela abertura de 59 novas lojas em 2022, a companhia reportou um faturamento bruto de R$ 16,6b (+32,6% a/a), em linha com as nossas expectativas (-0,1% vs. Est. Genial). A receita líquida chegou à R$ 15,1b (+31,9% a/a) vs. R$ 15,2b Est. Genial.
Frente a um cenário de desinflação alimentar, sem recomposição imediata de volume na cesta média do consumidor, a maior contribuição positiva para o crescimento do top line veio da forte expansão da área de vendas nos últimos 12M. Assim, observamos uma retração sequencial do SSS, reportado em 7,2% a/a vs. 8,0% a/a Est. Genial., revertendo o patamar de duplo dígito reportado no 4T22.
Por outro lado, na visão anual, mesmo considerando a desaceleração de preços vemos uma melhora +50bps desse indicador.
O lucro bruto veio em linha com nossas estimativas (+0,4% vs. Est. Genial), reportado em R$ 2,4b (+33,0% a/a). A contribuição da performance das conversões, localizadas em pontos premium e com alto fluxo de clientes, permitiu um ganho de +13bps a/a na margem bruta do trimestre, chegando a 16,1%.
Com apenas 3 conversões no trimestre e menos lojas a serem convertidas em 2023, observamos uma pressão menor das despesas pré-operacionais sobre o EBITDA. A maior parte da pressão sobre a margem operacional veio de despesas relacionadas a forte expansão do 4T22, com abertura de +37 lojas que ainda estão em estágios iniciais de maturação.
Ainda assim, com uma margem EBITDA de 6,3%, a pressão de -27bps a/a é menor do que as observadas nos últimos trimestres (-54bps a/a 4T22 e -167bps a/a 3T22).
A alavancagem atingiu o maior patamar nos últimos 12M. Com uma relação Dívida Líquida/EBITDA de 2,78x, a alavancagem deste trimestre foi impactada pelo cronograma de pagamentos ao Extra e por outros investimentos relacionados ao plano de expansão.
Considerando o cronograma de pagamentos ao Extra, ainda existe uma parcela de R$ 700m a ser paga no 2T23, de modo que ainda devemos observar um alto nível de alavancagem no próximo trimestre. Porém, acreditamos que a partir do 2S23 devemos ver melhora no nível de endividamento, reduzindo a pressão da alavancagem sobre o resultado da Companhia.
Em nosso último relatório (ASAI3 | Prévia 1T23) ressaltamos que a companhia possui contratos de empréstimos e financiamentos relacionados a covenants que implicam na obrigação da manutenção da relação Dívida Líquida/EBITDA inferior a 3,0x. Em nossa visão, a alavancagem de 2,78x reportada representa um ponto de atenção para o próximo trimestre. Considerando o pagamento da parcela de R$ 700m a ser feito no 2T23, a companhia deverá ser cautelosa para evitar pressões adicionais sobre a alavancagem.
Com um nível de endividamento elevado e frente a um cenário de altas taxas de juros, observamos um resultado financeiro pressionando a última linha. O custo da dívida aumentou em +114,2% a/a, enquanto os juros de arrendamento aumentaram em 102,0% a/a.
Ao mesmo tempo, dado o pagamento de R$ 500m feito ao Extra no 1T23, temos um menor montante de juros capitalizados beneficiando a receita financeira. Assim, a Companhia reportou um resultado financeiro de -R$ 630m (+108,6% a/a), chegando a 4,2% da receita líquida vs. 2,6% no 1T22.
Com uma forte pressão da alavancagem sobre a última linha, o diferimento de IR/CSLL por efeito de subvenção de investimentos salvou a última linha de um prejuízo. O Assaí reportou um lucro líquido de R$ 72m (-66,4% a/a), com uma margem líquida de 0,5% (-139bps a/a).
Ainda assim, acreditamos que essa pressão será temporária. As lojas convertidas vêm performando positivamente, com uplift de vendas de 2,2x superior em relação ao formato de hipermercado, mesmo com poucos meses de operação. Passados os pagamentos das lojas convertidas, as novas unidades devem impulsionar a geração de caixa operacional, aliviando o nível de alavancagem da companhia a partir do 2S23.