Mostrando o potencial!
Seguimos com recomendação de MANTER para Auren (AURE3). Em nossa leitura, o grande destaque do trimestre foi a conclusão da securitização da indenização referente a Usina Três Irmãos. Conforme anunciado recentemente, tal processo levantou R$4,2 bilhões para o caixa da empresa e trouxe o endividamento líquido para apenas R$456 milhões, uma relação de 0,3x dívida líquida/EBITDA 12M (vale lembrar que o desembolso de R$1,5 bilhão referente ao dividendo anunciado recentemente foi distribuído nesse trimestre). Se considerarmos a geração de caixa operacional para 2023 (R$1,1 – 1,3 bilhões) da empresa e o tímido pipeline de investimentos, acreditamos que existe um espaço generoso para o pagamento de dividendos para além deste que já foram pagos recentemente.
Ainda é cedo para precisar um valor, mas em nossa leitura não seria nenhum absurdo a empresa distribuir até a totalidade do valor (c. R$4/ação). Claro que esse cenário não deve ser considerado como base tendo em vista o eventual apetite da empresa por novos projetos via aquisições ou participação direta em leilões. Aos atuais níveis de preço, vemos a empresa negociando com uma taxa implícita de retorno de 8,5% em termos reais. Interessante, mas preferimos um nível mais interessante para alterar nossa recomendação. Como mencionamos em nosso update, dentre as geradoras, seguimos achando a Eletrobras o case mais interessante e mais assimétrico em termos de avaliação.
Desempenho Operacional
A receita líquida foi de R$1,4 bilhões, uma queda de 6,7% a/a. A evolução da receita foi devido ao maior volume negociado e ao aumento dos preços médios dos contratos ajustados pela inflação. Vale mencionar que a empresa tem um grau de contratação acima dos 90% do seu portfólio para os próximos anos. Sendo assim, seu fluxo de caixa está blindado a recente queda de preços na geração. Consequentemente, mantemos a nossa estimativa quanto a geração de caixa operacional da empresa e o seu potencial em termos de pagamento de dividendos. No eólico, o grande destaque foi a entrada operacional dos complexos eólicos Ventos do Piauí II e III.
O EBITDA não-recorrente foi de R$457 milhões, impactado po alguns eventos não recorrentes como: I) provisão para litígios de R$138 milhões e II) marcação a mercado positiva de R$89 milhões, relacionados aos preços de compra e venda de energia da empresa. O fluxo de caixa pós serviço da dívida foi de R$340 milhões (R$638 milhões no 1S23).
Outro destaque do trimestre diz respeito a evolução do contencioso da empresa, que alcançou R$2,6 bilhões (vs R$2,8 bilhões no 1T23), resultante de acordos, encerramento de ações de forma favorável à Companhia e de adequações de estimativa e prognóstico dos casos, conforme evolução processual.
O lucro líquido foi de R$182 milhões, revertendo o prejuízo do 2T22. Para além do operacional, o resultado financeiro foi de apenas -R$24 milhões (vs -R$187 milhões no 2T22) devido a maior posição da caixa mantida pela empresa ao longo do trimestre devido o recebimento dos recursos da securitização da UHE Três Irmãos.