Seguimos com recomendação de MANTER para Auren. A empresa reportou um EBITDA ajustado abaixo das nossas estimativas e do mercado. O ajuste realizado diz respeito aos efeitos da marcação a mercado dos contratos futuros de energia da empresa. Assim, preferimos usar o resultado ajustado por trazer números mais próximos do que enxergamos ser recorrente para a companhia. No geral, achamos o resultado neutro, com um bom gerenciamento do portfólio energético da empresa, distribuição de dividendos, baixo endividamento e entrega de projetos em desenvolvimento dentro do planejado.
Atualmente a empresa possui R$3.1 bilhões em caixa, fruto principlamente da securitização da indenização da usina de Três Irmãos. Com esse dinheiro disponível, a companhia busca oportunidades de investimento no setor de energia, mas devido as condições macroeconômicas atuais e ao cenário de volatilidade dos preços de longo prazo de energia, tem sido difícil a aparição de bons projetos, o que abre a possibilidade de novos dividendos extraordinários. Aos atuais níveis de preço, vemos a empresa negociando com uma taxa implícita de retorno de 9,5% em termos reais, nível que consideramos interessante, mas insuficiente para adotarmos uma postura mais agressiva quanto ao papel. Por isso, preferimos manter nossa recomendação inalterada por hora.
Desempenho Operacional
A receita líquida foi de R$1.4 bilhão, redução de 1,2% a/a. A queda na receita foi fruto do encerramento de alguns contratos do segmento de geração hidrelétrica, sendo parcialmente compensados pelo aumento do volume de energia negociada em 13,4% derivado da boa operação de sua comercializadora e da entrada operacional dos ativos de Sol de Piauí e Sol de Jaíba. Vale mencionar que a empresa tem um grau de contratação próximo dos 90% do seu portfólio para os próximos dois anos, o que é positivo, haja visto a alta volatilidade apresentada nos contratos de energia de longo prazo nesse início de ano, trazendo maior estabilidade as receitas da companhia.
O EBITDA ajustado da empresa foi de R$360 milhões (-2,2% a/a). Apesar da pequena retração da receita, os custos operacionais apresentaram uma queda expressiva, alcançando R$964 milhões (-14,7% a/a). Principais fatores que trouxeram tal impacto na linha de custos foram os menores custos com PMSO e efeito positivo da marcação a mercado dos contratos futuros de energia.
O endividamento líquido alcançou R$3,4 bilhões no 1T24 (R$1,3 bilhão no 3T23). A relação dívida líquida/EBITDA 12M foi de 1,96x vs 1,79x no 4T23. Achamos esse aumento no endividamento como algo saudável e natural tendo em vista as novas captações de dívida para desenvolvimento dos seus projetos eólicos. Aos atuais patamares, ainda julgamos o endividamento da empresa como muito saudável e deve dar espaço para novas distribuições de dividendos à medida que não existem novos projetos sendo desenvolvidos para serem entregues para além de 2024.