A Auren reportou um EBITDA dentro do esperado (R$981 milhões), com uma pequena queda (-4%) em relação às nossas estimativas e um avanço de mesma magnitude (+4%) em relação ao consenso. Em nossa visão, o fator mais importante aqui foi a continuidade da sua melhora operacional (crescimento de +18% em EBITDA ajustado), ainda que em um ritmo menor t/t. Dito isso, é importante relembrar que a evolução menor no 2T25 não polui o resultado do primeiro semestre da companhia pós fusão: R$2,2 bilhões em EBITDA – o que já representa uma robusta alta de +40% em comparação ao resultado combinado das duas companhias no semestre do ano anterior. A alavancagem também apresentou uma melhora (-0,2x em Dívida Líquida/EBITDA Ajustado 12M comparado ao 1T25), mas de forma mais tímida.
A melhora operacional é visível nos resultados da companhia e reforça que o principal desafio para o papel não é dentro da companhia, mas fora, em um ambiente macroeconômico mais exigente em termos de retornos. Em um cenário de taxa de juros mais altas, em 15% a.a., entendemos que os patamares de TIR Real de 9% não suficientemente atrativos (vs. NTN-B 2060 com rendimento real de 7% a.a.) comparados à outras opções dentro do setor. Nossa principal recomendação dentro do setor de energia elétrica continua sendo ELET3 com TIR Real de 13%.
Desempenho Operacional e Financeiro 1T25
A companhia reportou uma receita líquida de R$2,9 bilhões, um aumento de 99% a/a. Em geração, a companhia expandiu (em MW médios) em todos os segmentos: hidrelétrico (1,8 GW; +16% a/a), eólico (1,3 GW; + 13% a/a) e solar (0,1 GW; +29% a/a) – o que correspondeu a um incremento de 17% a/a em receita líquida no segmento consolidado, em R$1,6 bilhão. A margem líquida do segmento veio pior em -3,6p.p., principalmente por conta dos aumentos nos custos com compra de energia em -R$335 milhões (+57% a/a). Apesar disso, a companhia conseguiu atingir um PMSO de -R$231 milhões, uma redução de -18% a/a que levou uma eficiência operacional maior refletida no EBITDA ajustado de R$955 milhões do segmento, juntamente com maiores dividendos recebidos (R$95 milhões, +134% a/a) nas participações minoritárias da companhia.
No segmento de comercialização, a Auren reportou um incremento robusto de +54% a/a em receita líquida, chegando a patamar de R$1,9 bilhão. Contudo, o resultado foi duramente impactado por custo com energia em -R$1,8 bilhão, uma piora de 63%. Esse impacto está relacionado ao aumento no PLD médio do 2T25 em R$216/MWh vs. R$63/MWh no 2T24, implicando nos contratos de compra de curto prazo. Tal situação vista nesse trimestre foi oposta ao que vimos no 1T25. Durante o 2T25, a companhia estava comprando energia no mercado de curto prazo para cumprir compromissos, e enfrentou os custos mais altos de R$/MWh citados anteriormente. No custo gerenciável (PMSO), a companhia reportou -R$30,4 milhões, +47% a/a, uma piora relacionada a adição da Esfera Comercializadora, que teve um impacto de -R$8,2 milhões na linha. Por fim, o EBITDA Ajustado da comercializadora foi de R$54 milhões, uma queda de -46% a/a.
O balanço energético da companhia apresentou um nível de contratação de 95% para 2025 e 2026 e 86% em 2027. O curtailment continua como um dos principais pontos de atenção para o setor. A companhia foi impactada, tanto nos ativos eólicos quanto nos ativos solares em 178 MW médios no 2T25. Os dados totais indicaram cortes de 12%, sendo 1% ressarcível. Assim, o corte gerou um reflexo financeiro líquido de -R$36 milhões.
A companhia reduziu a alavancagem em -0,2x; de 5,0x para 4,8x Dívida Líquida/EBITDA Ajustado 12M. Apesar de uma desaceleração trimestral no processo de desalavancagem, a companhia continuou a avançar com a redução da dívida bruta. A companhia reportou um valor de R$25 bilhões, nessa linha, representando uma queda de R$1 bilhão t/t e estendeu o prazo médio da dívida para 7 anos, um incremento sequencial dos 6,5 anos no 1T25 e 5,9 anos no 4T24.
O prejuízo líquido foi de R$563 milhões. Essa resultado mais negativo está relacionado à uma aceleração na depreciação e amortização de -R$522 milhões, -36% a/a, e um resultado financeiro mais pressionado com -R$645 milhões, -64% a/a. Ainda assim, quando olhamos para o Fluxo de Caixa Operacional (FCO), notamos uma sólida performance, com uma geração de R$1,2 bilhão (+32% a/a). O CAPEX Projetos foi de -R$106 milhões (-31% a/a) e de -R$81 milhões (-26% a/a) – fatores que reiteram a baixa necessidade de investimentos da companhia. Nesse momento, as amortizações são as principais responsáveis pela queima de caixa da companhia, justificadas pelo processo de compra alavancada realizada na fusão com a AES.