Azul e Gol anunciaram um acordo de codeshare que entrará em vigor no final de junho. Esse acordo conectará as malhas aéreas das duas companhias no Brasil. A parceria inclui rotas domésticas exclusivas e a integração dos programas de fidelidade, permitindo que os clientes acumulem pontos ou milhas em ambos os programas. Além disso, os passageiros poderão comprar passagens de uma companhia e serem atendidos pela outra no embarque, otimizando a eficiência operacional entre as empresas. A parceria é um movimento estratégico que aproveita as complementariedades das rotas das duas companhias, criando uma rede de conexões mais robusta para os consumidores. As empresas estimam que essa colaboração pode resultar em mais de 2.700 novas combinações de rotas, ampliando significativamente as opções de viagem disponíveis.
Em resposta aos rumores de fusão entre Azul e Gol, entendemos que essa parceria de codeshare é uma maneira inteligente de identificar sinergias operacionais e a complementariedade das operações das duas companhias. A colaboração entre concorrentes diretos é uma abordagem incomum no setor aéreo, que abrem mão da possibilidade de disputar o mercado em prol de uma parceria. A integração das operações em aeroportos onde uma companhia tem presença e a outra não, facilita a criação de novas rotas e conexões. Testar se o consumidor realmente flutua entre as regiões é crucial para avaliar as sinergias potenciais e a complementariedade das operações, tanto no contexto do acordo de codeshare quanto em uma possível fusão futura.
Essa estratégia permite que Azul teste a viabilidade de uma eventual fusão, suas teses de sinergia e complementariedade, em os riscos imediatos de uma fusão completa e sem assumir os riscos e passivos imediatos da Gol. Enxergamos essa iniciativa de forma positiva e acreditamos que o mercado compartilha dessa visão, essa colaboração representa a melhor saída no momento, oferecendo poucas barreiras em relação a restrições que o CADE poderia impor. Na nossa visão, esse acordo pode representar um primeiro passo importante na direção de uma potencial fusão.
Seguimos com recomendação de VENDA para Gol e MANTER para Azul, com preços-alvo de R$ 1,00 e R$ 17,00 respectivamente.
Sobreposição de rotas
Durante nossas conversas com a Azul, levantamos a questão da sobreposição de rotas entre Azul e Gol ser maior do que aparenta inicialmente. Embora as rotas das duas companhias não sejam exatamente as mesmas, muitas vezes operam em aeroportos próximos ou em regiões adjacentes. Por exemplo, a Azul tem uma presença significativa em aeroportos secundários, enquanto a Gol opera em aeroportos principais. No entanto, esses aeroportos frequentemente servem as mesmas áreas metropolitanas ou regiões geográficas, criando uma sobreposição indireta de rotas. Essa sobreposição pode aumentar dependendo do raio de atuação considerado para cada aeroporto. Se incluirmos destinos próximos ou adjacentes, a sobreposição de rotas entre Azul e Gol se torna mais evidente.
A título de exemplo, trouxemos a participação de mercado nos principais aeroportos do país de Azul e Gol. Em 2023, a Gol possuía cerca de 38% do market-share no Rio de Janeiro, sendo 40% no Santos Dumont e 34% no Galeão. Enquanto que em São Paulo essa fatia representava 36% da capacidade, sendo 31% em Guarulhos e 43% em Congonhas. Em comparação, a presença da Azul era de apenas 19% no Rio e 9% em São Paulo, sendo 6% no Galeão, 25% no Santos Dumont, 11% em Congonhas e 7% em Guarulhos.