As três principais companhias aéreas do Brasil, Azul, Gol e Latam, anunciaram um plano para oferecer passagens aéreas mais acessíveis em voos domésticos. O programa começa a valer em março, fora do período de alta temporada, e deve perdurar até o fim de 2024.
A iniciativa prevê 25 milhões de passagens com preços entre R$ 699 e R$ 799, dependendo da companhia. Azul irá fornecer 10 milhões de assentos a R$ 799 em 2024, condicionados à compra antecipada de 14 dias. Gol disponibilizará 15 milhões de passagens a R$ 699, com promoções para compras antecipadas. Latam não definiu um teto, mas prometeu intensificar campanhas para passagens mais baratas e aumentar a oferta de assentos.
Nossa visão é de que o mercado esperava algo pior, a oferta de assentos com tarifas reduzidas não parece conseguir diminuir o yield significativamente em 2024. Estamos otimistas com a alta temporada de dezembro e janeiro. Observamos que as companhias aéreas, mantendo uma disciplina rigorosa em termos de oferta de assentos e precificação, buscando rentabilidade e geração de caixa.
Azul reiterou o guidance de R$6,3 bilhões de EBITDA para 2024 e a Gol não se manifestou a respeito.
Estamos colocando as recomendações EM REVISÃO, tanto para Azul (AZUL4) quanto para Gol (GOLL4). Na sequência divulgaremos nossas estimativas atualizadas sobre 2024.
Tudo certo… enquanto os custos estiverem controlados!
A princípio, estipular um preço-teto para as passagens pode parecer negativo, porém acreditamos que o impacto para as companhias áreas seja muito pequeno. A flexibilidade na alocação desses assentos nas rotas mais adequadas e as restrições associadas às ofertas, como a compra antecipada e possíveis limitações de bagagem, também são fatores que contribuem para manter um equilíbrio entre oferta, demanda e rentabilidade.
Além disso, lembramos que a média de preços praticada em setembro, foi de aproximadamente R$ 750 e vimos o acordo firmado em um nível de preço muito próximo a esse valor (o mais alto desde 2010). No 3T23 a Azul teve uma média de tarifa de R$ 590, inferior ao teto estipulado no plano.
Em contrapartida, o governo, se comprometeu a buscar redução nos custos em três frentes: negociação com a Petrobras para diminuir o valor do querosene, redução da judicialização e construção de 120 novos aeroportos nos próximos três anos.
Do ponto de vista de custos, os preços praticados nas refinarias da Petrobras estão com um prêmio significativo em relação à paridade do mercado internacional, o que sugere a possibilidade de cortes no ainda no fim do ano. Como o plano não abrange o período da alta temporada, se os demais custos se mantiverem controlados e as companhias aéreas operarem com um bom nível de capacidade, os resultados do 1T24 devem apresentar margens excelentes.
Por fim, recordamos que os preços das passagens aéreas estão estruturalmente mais altos por três razões principais. Primeiro, a oferta está limitada devido a atrasos nas entregas de novas aeronaves pela Airbus, Embraer e, no caso da Gol, pela Boeing. Sem novas entregas para renovação ou expansão da frota, a oferta permanece restrita. Segundo, há uma demanda resiliente, como mostram os dados de tráfego, com uma retomada forte nas viagens corporativas até o 3T23 e a entrada em um período sazonalmente mais favorável. Terceiro, as companhias estão se beneficiando da saída de players com estratégias de preços mais baixos, como a 123Milhas e o Hurb.
Em breve voltaremos com nossos números atualizados para 2024.