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    Publicado em 19 de Janeiro às 21:57:12

    Aéreas | Prévia de Resultados 4T22: Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4)

    Com os resultados operacionais do setor aéreo já divulgados ao longo dos meses de outubro, novembro e dezembro, observaremos um trimestre positivo do ponto de vista operacional para Azul e Gol. Estamos entrando no período sazonalmente mais forte do setor, o período de férias, e pela primeira vez em 2 anos sem restrições de circulação.

    Além do histórico aumento da demanda por viagens aéreas no período, ainda observamos repasse de preço. O IPCA divulgado, sugere que o movimento de aumento nos Yields deve se manter no 4T22. De outubro a dezembro, a média do preço das passagens se manteve 20% superior ao 3º trimestre.

    Conforme havíamos mencionado em nosso relatório de prévias relativo ao 3T22, as diminuições de preço do Querosene de Aviação (QAV) divulgadas pela Petrobras no ano passado devem ser sentidas pelas companhias do setor ao longo do 4T22, porém 100% do efeito será sentido somente no 1T23, o que implica em uma redução moderada do preço pago por litro.

    No que se refere à greve dos aeronautas que ocorreu em dezembro, acreditamos que os efeitos serão desprezíveis nos resultados das companhias. Azul e Gol mencionaram que o impacto não foi significativo, devido às bases de contingência para as possíveis adesões.

    O que esperar para 2023?

    Continuamos pessimistas com o setor, dado um possível movimento do governo eleito voltado para uma deterioração do fiscal, resultando em um aumento significativo do dólar e sufocando ainda mais os resultados das companhias. Com isso, alguns efeitos positivos que vemos para as companhias para o ano de 2023 poderiam ser ofuscados, frustrando os guidances divulgados pelas empresas ao final de 2022.

    Já na primeira semana do ano, a Petrobras anunciou um corte de 11,6% no preço do combustível. Lembramos que apesar de ser anunciado no início do 1T23, somente veremos sua redução 100% refletida nos resultados do 2º trimestre, dado a defasagem de aproximadamente 45 dias. O setor ainda vive a expectativa da continuação no movimento de queda do barril de petróleo, que na nossa visão não deve acontecer. Esse movimento ocasionaria mais reduções no preço do querosene, o que aliviaria o operacional das empresas.

    O segundo é a recente isenção de PIS/COFINS, anunciada na última semana de 2022 e que terá efeito de 60 dias começando a partir de janeiro, podendo ser prorrogada por mais 60 dias. O principal ponto que esperamos para essa medida é a sua conversão em lei, algo que consideramos factível e que beneficiaria muito as companhias do setor. Ressaltamos que, mesmo não sendo convertida, sua vigência se dá em um período de sazonalidade ainda elevada (janeiro e fevereiro), o que em tese impulsionaria ainda mais a receita do período. Acreditamos que a zeragem das alíquotas poderá gerar algo próximo a R$ 600 milhões de EBITDA em 2023.

    Por fim, falaremos sobre um ponto relativamente incerto, mas que pode nos surpreender de maneira positiva durante 2023, a demanda por viagens aéreas. As companhias esperam que a demanda siga em patamares elevados durante o ano corrente. Se isso se confirmar, podemos observar a manutenção dos Yields em patamares elevados, e, consequentemente, melhora nas receitas. No entanto, um olhar mais atento às taxas de ocupação divulgadas nos últimos meses nos deixam com uma visão um pouco mais pessimista do que as companhias esperam.

    A queda na ocupação nos sugere que as companhias estão se aproximando de um ponto de inflexão, onde a demanda, mesmo que reprimida, não aceita pagar por tarifas muito altas, principalmente em um cenário de juros, inflação e câmbio ainda elevados. Isso não só coloca em xeque a manutenção do Yield esperado para 2023, mas também os níveis de demanda.

    Em suma, teremos que monitorar de perto os resultados das companhias para entender se o ponto de equilíbrio entre tarifas elevadas e ocupação conseguirá maximizar as receitas sem compressão de margens.

    Recentemente publicamos um relatório completo mostrando nossas expectativas para os setores de Transporte e Indústria para o ano de 2023. Para conferir, clique aqui.

    Gol (GOLL4)

    O volume total de passageiros transportados (RPK) no último mês do ano foi de 3,3 bilhões (+15,2% a/a e +16,6% m/m). A oferta total de assento (ASK) foi de 4,2 bilhões (+21,1% a/a e +21,8% m/m). Ainda houve uma taxa de ocupação relativamente menor, finalizando o mês em 77,9% contra 81,4% no mesmo mês do ano passado. Já no consolidado do 4º trimestre, o RPK divulgado totalizou 9,1 bilhões (+27% vs. 4T21 e -16% vs. 4T19), enquanto o ASK reportado somou 11,3 bilhões (+31% vs. 4T21 e -14% vs. 4T19).

    Segundo a atualização referente ao 4T22 divulgada pela companhia, apesar de um Yield (47,8 centavos) e margens relativamente elevadas (EBIT ~11% e EBITDA ~20%), a Gol deve reportar um prejuízo próximo aos R$ 300 milhões, o que, somado aos outros resultados do ano, resultam em um prejuízo de R$ 2 bilhões em 2022.

    O nível de endividamento da companhia, junto ao operacional ainda abaixo dos níveis pré-pandemia e uma liquidez relativamente pequena, nos deixa com uma visão mais pessimista para Gol do que para Azul.

    Isso aliado às nossas premissas macroeconômicas mais desafiadoras nos fez revisar nossas perspectivas para Gol, seguimos com recomendação de VENDER, com um preço alvo de R$ 5,40.

    Azul (AZUL4)

    O volume total de passageiros transportados (RPK) em dezembro foi de 2,9 bilhões (-0,1% a/a e +11,3% m/m). A oferta total de assento (ASK) foi de 3,7 bilhões (+6,7% a/a e +14,1% m/m). A taxa de ocupação segue em declínio, passando de 82,9% em dezembro de 2021 para 77,6% em 2022. Já no consolidado do 4º trimestre, o RPK divulgado totalizou 8,1 bilhões (+5% vs. 4T21 e +1% vs. 4T19), enquanto o ASK reportado somou 10,4 bilhões (+10% vs. 4T21 e +8% vs. 4T19).

    Apesar de uma ocupação comparativamente mais fraca em relação aos outros trimestres, a Azul segue em patamares acima do pré-pandemia. O ponto de atenção está no operacional relativamente mais fraco em relação ao 3º trimestre, algo que é incomum dado a maior sazonalidade. Isso provavelmente se da devido à inflexão mencionada anteriormente. Ou seja, a empresa pode estar buscando um ponto ótimo entre Yield e ocupação para maximizar receitas e margens.

    A Azul, diferentemente da Gol, não divulga atualizações sobre o trimestre. Dada a diminuição da taxa de ocupação (a menor dos últimos 4 anos para um 4º trimestre), esperamos que o Yield siga subindo em relação ao trimestre passado. Estimamos um Yield de aproximadamente 50,7 centavos para o 4T22 da Azul, o que seria o maior visto até hoje.

    Projetamos um EBITDA de R$ 980 milhões para Azul no 4º trimestre, com uma margem de aproximadamente 22%, refletindo a maior demanda nos últimos meses do ano seguidas de um reajuste nas tarifas.

    Recentemente alteramos nossa recomendação para Azul para MANTER, com preço alvo de R$ 15,00.

    Glossário

    • Yield: valor médio pago por um passageiro para voar um quilômetro. O yield é calculado com a divisão da receita de passageiro pelo total de assento-quilômetro ocupado (RPK).
    • ASK (Assentos-quilômetro oferecidos): número de assentos disponíveis multiplicado pelos quilômetros voados. Equivalente à Oferta.
    • RPK (Passageiros-quilômetro transportados): passageiros pagantes transportados em um quilômetro. O RPK é calculado ao multiplicar-se o número de passageiros pagantes pelos quilômetros voados. Equivalente à Demanda.
    • PRASK (Receita de passageiros por assentos-quilômetros oferecidos): receita de passageiros dividida pelo total de assentos-quilômetro disponíveis (também calculado pela multiplicação do load factor pelo yield).
    • RASK (Receita operacional por assentos-quilômetro oferecidos): receita operacional dividida pelo total de assentos-quilômetro oferecidos.
    • Taxa de ocupação: capacidade da aeronave utilizada em termos de assento (calculada pela divisão do RPK pelo ASK).
    • CASK (Custo/ASK): custo operacional dividido pelo total de assentos-quilômetro oferecidos.
    • CASK ex-combustível (Custo/ASK ex-combustível ): custo operacional dividido pelo total de assentos-quilômetro oferecidos, excluindo despesas com combustível.
    • EBITDA: Lucro operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
    Acesse o disclaimer.

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