Avaliação do Resultado 2T22:
Avaliamos o resultado das ações AZUL como positivo. O grande destaque positivo do 2T22 foi o aumento expressivo no yield reportado: 46,4 vs 39,00 no 1T22, +18,9% t/t e +28% vs 2T19. O trimestre foi marcado por mais altas no preço do querosene de aviação (QAV) e por um câmbio médio inferior 5,23 1T22 vs 4,93 no 2T22. Embora o câmbio médio tenha diminuído, o câmbio final de período (que afeta o pagamento de leasing) subiu de 4,74 no 1T22 para 5,24 no 2T22, o que ajudou a comprimir as últimas linhas da DRE. A contínua volta da demanda, e, principalmente, do corporativo, fez com que fosse possível um maior repasse de custos, o que ajudou a aliviar às pressões nas margens. Mesmo num cenário difícil, o PRASK (36,53 centavos) superior ao 2T21 e 1T22, o que nos mostra um ganho de eficiência apesar da alta nos insumos.
A receita líquida reportada foi R$ 3,9 bilhões, ficando acima das nossas estimativas (3%) e do consenso de mercado (1%), superando o faturamento reportado no 1T22 e no 2T21 em 23% e 131%, respectivamente. O EBITDA reportado pela companhia totalizou R$ 615 milhões, sendo 2% maior que nossas estimativas e 13% maior que o consenso de mercado, ficando 4% acima na comparação trimestral e sendo R$ 666 milhões maior que o reportado no mesmo período do ano passado (-R$ 51 milhões). A margem EBITDA reportada foi de 15,7%, ficando em linha com nossas estimativas e 1,7% acima das expectativas de mercado, representando uma queda de 2,9% t/t e um aumento de 18,6% a/a.
Acreditamos que o ambiente para as companhia aéreas deve começar a ficar menos conturbado, principalmente para a Azul devido ao seu poder de repasse de preço. As quedas nos preços de barril de petróleo deverão refletir nos custos em breve, e uma retomada de demanda devido à sazonalidade pode resultar em uma não redução de tarifas. Em outras palavras, o aumento na demanda por passagens aéreas poderá justificar um congelamento de tarifas, mesmo com as quedas nos preços dos combustíveis, o que aumentaria as margens e o yield da companhia.
O prejuízo reportado foi puxado pelas variações cambiais, que possuem efeito não caixa. Fora isso, vemos ganhos significativos de eficiência na operação, com um CASK ex-fuel relativamente estável na comparação trimestral, apesar do aumento de mais de 30% no QAV em relação ao 1T22, além de um Break-even 18,7 p.p menor na comparação anual. Em relação ao 2T19, o CASK ex-fuel é relativamente maior, devido a um maior custo com pessoal e aumento de outros preços devido à inflação.
Outro ponto de atenção para Azul é a nova reorganização dos slots no aeroporto de Congonhas. A ANAC realocou os slots que pertenciam previamente à Avianca. Isso aliada a uma nova norma de participação máxima, poderá fazer com que a companhia dobre seus voos diários realizados no aeroporto. Destacamos que essa expansão poderá ser seguida por uma realocação nas aeronaves, não necessariamente implicaria em uma maior necessidade de aquisição de aeronaves.
Dado esse conjunto de fatores, seguimos com nossa recomendação de COMPRA para Azul, com preço alvo de R$28.