Azul e Gol divulgaram os dados de tráfego aéreo relativos ao mês de março. Do ponto de vista operacional os dados foram positivos, ambas as empresas seguem apresentando melhora nas principais métricas, em relação aos terríveis anos de 2020 e 2021. Em março, o principal destaque é a volta da demanda do segmento corporativo. Do lado negativo tivemos a alta do petróleo, que para nossa surpresa, não interferiu tanto nos dados operacionais de março. Nesse cenário, entendemos que parte dos custos estão sendo repassados para os consumidores, refletindo em aumentos nas tarifas. Os dados reportadas por Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) apresentaram melhora em relação ao mês de fevereiro.
Outro ponto importante a ser ressaltado é a queda do dólar, que acaba aliviando os custos das companhias com leasing de aeronaves. Somado a essa queda, no começo de março, a Petrobras anunciou novos reajustes para o querosene de aviação (QAV). Os reajustes refletiram em cerca de 17% de aumento no preço do combustível. Segundo o próprio CEO da Gol, o insumos representava na época cerca de 50% do total de custos e despesas operacionais da empresa.
Continuamos com uma visão mais otimista para Azul (AZUL4) do que para Gol (GOLL4), embasados na baixa competição nas rotas da Azul. Num momento de aumento de custos com combustível, o poder de repasse superior em relação a Gol. Além disso, a empresa já apresenta crescimento em relação ao período pré pandemia justamente pela menor exposição à demanda corporativa.
Azul (AZUL4)
Em março, o volume total de passageiros transportados o (RPK) foi de 2,509 bilhões, crescimento de 68,6% na comparação com 2021. A oferta total de assento (ASK) foi de 3,187 bilhões, um aumentou cerca de 52,6% na comparação anual. Com a demanda subindo mais do que a oferta, tivemos em uma taxa de ocupação melhor, finalizando o mês em 78,7% contra 71,2% no mesmo mês do ano passado. Quando comparamos os números com o período pré pandemia, observamos um crescimento de 15,8% da demanda (RPK) e 18,9% a mais oferta (ASK). A taxa de ocupação ainda está abaixo, em março de 2019 foi de 80,8%.
GOL (GOLL4)
Na comparação com o fraco mês de março 2021, a empresa reportou aumento de +113,9% no chamado indicador RPK de demanda, com uma taxa de ocupação 79,5%, equivalente a 2,1 milhões passageiros transportados. O indicador de oferta, ASK, registrou o valor de 3,1 bilhões em março de 2022, aumento de 93,0% em relação a março de 2021. Em relação a período pré-pandemia, a companhia teve recuperação de 76% das decolagens e do total de assentos oferecidos, que em março totalizaram 2,7 milhões. O ASK teve uma retomada de 78,4% e o RPK de 2,5 bilhões ficou em 78,8% dos níveis pré-pandemia. Os números no mercado internacional ainda seguem muito fracos.
Do lado negativo, mesmo sendo esperado pelo mercado, a Gol anunciou a aprovação do aumento de capital na faixa de R$ 948 ~ R$ 2.873 milhões, equivalente à emissão de até 67,3 milhões ações. O preço por ação fixado de R$ 42,67, com prêmio de 257,36% em relação à média das últimas 52 semanas. A operação ocorre em meio ao acordo de cooperação comercial firmado com a American Airlines, que previa o aumento de capital e subscrição das ações pela companhia americana. A empresa americana assumiu o compromisso de investir US$ 200 milhões na Gol, mediante a subscrição. Esse ágio pago pela American Airlines é uma valoração estratégica e não uma sugestão de valuation. Considerando subscrição e integralização total do aumento de capital, os acionistas que não subscreverem, serão diluídos em 14,6%, assumindo a subscrição e integralização apenas do valor mínimo do aumento, a diluição será de 5,3%.