Gol e Azul divulgaram os dados de tráfego aéreo do mês de maio. De maneira geral, o cenário segue turbulento para as companhias aéreas principalmente por conta do noticiário político. Outro ponto importante a ser ressaltado é que mesmo com o querosene de aviação (QAV) em patamares elevados, a manutenção do câmbio com o dólar forte faz com que as companhias tenham mais pressão nos custos com leasing de aeronaves.
No dia 02/06, a Petrobras anunciou o aumento do preço médio do querosene de aviação em 11,4%. A medida deve seguir encarecendo ainda mais as passagens aéreas, que já tiveram seus preços aumentados em 89% na comparação anual. Conforme o IPCA de maio, as passagens aéreas tiveram um aumento de 18,33% no mês, acumulando -6,88% no ano de 2022 e 88,65% nos últimos 12 meses.
Mesmo com pressão sobre os custos, foi possível observar uma melhora substancial na oferta e na demanda de assentos, facilitando o repasse de preços por parta das companhias aéreas aos consumidores. As empresas destacaram em suas prévias operacionais o rápido aumento das tarifas e da receita unitária.
O senado aprovou a MP que prevê a gratuidade no despacho de bagagens. Porém, a matéria voltará para a câmara por sofrer algumas mudanças no texto. Seguimos com uma visão negativa para essa medida, mesmo acreditando que os efeitos não serão tão significativos para o setor no curto prazo, visto que as companhias costumam repassar estes custos aos seus consumidores. A Azul possuía cerca de 40% de seus clientes despachando bagagens, enquanto na Gol esse número girava em torno de 60%.
A cidade de Guarulhos, sancionou a lei de cobrança de taxa de poluição das companhias aéreas a partir do ano de 2023. A prefeitura disse que o valor cobrado será conforme o peso total da aeronave, auferido antes da decolagem.
O presidente Jair Bolsonaro sancionou um projeto de lei que prorroga a isenção do imposto de renda nas operações de leasing de aeronaves, importante medida para manutenção dos custos, principalmente em um momento em que as empresas tentam reduzir seus níveis de endividamento.
Por fim, o aumento dos casos de covid no país nas últimas semanas gera certo grau de incerteza e novas preocupações em relação às novas restrições de mobilidade. Isso afeta o setor de turismo como um todo, também contribuindo para as fortes quedas de CVC (CVCB3), Azul (AZUL4) e GOL (GOLL4).
Continuamos com uma visão mais otimista para Azul (AZUL4) do que para Gol (GOLL4), embasados na baixa competição nas rotas da Azul. Em momentos de aumento de custos, seu poder de repasse é superior em relação a Gol. Além disso, a empresa segue apresentando crescimento em relação ao período pré pandemia justamente pela menor exposição à demanda corporativa.
Azul (AZUL4)
Segundo a Azul, houve um aumento relativo na comparação anual e mensal da demanda e da oferta de assentos. O volume total de passageiros transportados (RPK) no mês de maio foi de 2.665 milhões, o que representa um aumento de 74% na comparação anual e de 7,1% quando comparado ao mês de abril de 2022. Já a oferta total de assentos (ASK) foi de 3.446 milhões, sendo 70,5% maior que maio de 2021 e 10,5% maior que o mês passado. No acumulado, os volumes seguem acima de 2021, onde o RPK e ASK da companhia aumentaram 49% e 43%. Em relação a 2019, RPK e ASK estão 10% e 15% maiores, refletindo a maior resiliência da companhia.
Gol (GOLL4)
A demanda total reportada pela companhia no mês de maio foi de 2.403 milhões, enquanto sua oferta reportada foi de 3.109 milhões, levando a uma taxa de ocupação de 77,3%. Na comparação mensal, isso representa um aumento de 5% na demanda e 6% na oferta, enquanto na comparação anual, estes apresentaram aumentos significativos de 97% e 124%, respectivamente. No acumulado do ano, de janeiro a maio, vemos uma melhora considerável em relação ao ano passado, onde o RPK e o ASK da companhia aumentaram 70% e 74% respectivamente. No acumulado, os volumes seguem abaixo de 2019, RPK e ASK estão 23% e 21% inferiores. Por outro lado, os volumes internacionais vêm apresentando melhora, refletindo o cenário de retomada e normalização pós-covid-19.
