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    Publicado em 07 de Dezembro às 23:57:02

    Azul (AZUL4) | Nossas impressões sobre o Azul Day

    A Azul realizou hoje seu Investor Day, apresentando ao mercado suas expectativas para os próximos 3 anos. Durante o evento, a companhia recapitulou as dificuldades dos 2 últimos anos e o fortalecimento da estratégia vencedora que fez com que a Companhia saísse de 23% de market-share em 2019 para 30% em 2022. O evento foi importante para reforçar as estratégias do processo de desalavancagem, crescimento e geração de caixa (meta para 2024). Na nossa visão, os R$ 5 bilhões de EBITDA projetados para 2023 são otimistas. Embora as quedas nos preços projetados para o petróleo em 2023 sinalizem um ano de menor pressão nos custos, trabalhamos com um cenário de maior dificuldade de crescimento na demanda no segundo semestre, com câmbio subindo (desfavorável) devido à piora do fiscal e maior dificuldade de aumento de Yield.

    Variáveis fora de controle podem pesar mais do que o previsto:

    O primeiro ponto que gostaríamos de destacar são as tarifas. A empresa espera que haja um crescimento de aproximadamente 4% a/a no Yield para o ano que vem, com exceção para o 1º trimestre, onde eles esperam um aumento de aproximadamente 22% (1T22 foi bastante afetado pela variante Ômicron). Consideramos essas projeções otimistas.

    Seguimos com uma visão mais conservadora, com tarifas trimestrais em linha com 2022, decrescentes nos períodos de baixa temporada. Com a possível deterioração do fiscal, acreditamos que premissas como inflação e câmbio, que afetam negativamente a Companhia, seguem com um cenário de baixa previsibilidade. Lembramos que a capacidade de repasse de custos nas tarifas está diretamente ligada à taxa de ocupação, portanto, um cenário de redução da atividade econômica global pode frustrar as projeções da companhia.

    Controlando o que pode:

    Um destaque positivo foi a expectativa de expansão adicional das margens devido ao processo de transformação da frota. Isso não só resulta em uma diluição do custo por assento, mas também em menores custos com combustível e manutenção dada a maior eficiência das novas aeronaves. Em 2023, o objetivo é atingir 83% da frota de aeronaves de nova geração, finalizando 2026 com 100%.

    As aeronaves mais novas contribuem para a redução do custo por assento, o que gera aumento na lucratividade por assento. Como são aviões maiores, é possível ampliar o número de passageiros sem aumentar o número de decolagens, o que ajuda a elevar o RASK (Receita operacional por assentos-quilômetro oferecidos).

    Destacamos ainda o benefício da Azul em ter começado seu processo de renovação de frota antes da pandemia, com custo de capital mais baixo, quando havia maior disponibilidade de novas aeronaves. Quando olhamos para o custo com leasing das aeronaves E2 vs E1, vemos uma redução de custos próxima a 20%.

    Outra iniciativa que ajuda a reduzir custos é a otimização de rotas. A Azul vem trabalhando para conseguir deixar suas rotas mais retilíneas, diminuindo a distância percorrida, e, consequentemente seus gastos. Além disso, temos o início da operação do hangar começado em 2018 (maior da América Latina), o que ajuda a reduzir significativamente os custos de manutenção, dado que anteriormente a companhia precisava enviar suas aeronaves para o exterior, o que expunha esses custos à variação do dólar.

    Sem os impactos da pandemia e da guerra na Ucrânia (R$ 20 bilhões, sendo que 85% estão sob controle) a Azul estima que, a partir de 2024, deve voltar a gerar caixa.

    Para 2023, a receita líquida e o EBITDA projetados são de R$ 20 bilhões e R$ 5 bilhões, respectivamente. A companhia deve utilizar parte dos R$ 3 bilhões de caixa mais o incremento projetado no EBITDA para acelerar o processo de desalavancagem no próximo ano. O nível de alavancagem da Azul projetado para 2024 é de 3x Div. Líq./EBITDA.

    Além da menor competitividade em suas rotas (continuam voando sozinhos em 80% delas), a Azul segue mostrando recuperação em seus números com relação ao período pré-pandemia. Isso aliado ao processo de redução da alavancagem e um possível cenário de queda no preço do barril do petróleo nos faz acreditar que ela possivelmente terá uma pressão menor em suas margens em relação a Gol.

    Dito isso, seguimos com uma visão mais otimista para AZUL4 do que para GOLL4.

    Dado esse conjunto de fatores, seguimos com nossa recomendação de COMPRA para Azul. Porém, o novo cenário de câmbio, com segundo semestre desafiador, acabou se refletindo em uma redução do preço alvo de R$ 28,00 para R$ 20,00.

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