No dia 14 de novembro, quinta-feira, antes da abertura de mercado, a Azul divulgará seus resultados referentes ao 3T24. Apesar de um cenário macroeconômico desafiador, temos expectativas positivas para os resultados operacionais da companhia, ainda penalizados pela depreciação do câmbio em decorrência dos ruídos fiscais.
Projetamos um crescimento na Receita Líquida em relação ao 2T24 (+22,2% t/t), impulsionado principalmente pelo desempenho no mês de julho. Os volumes operacionais da Azul foram sólidos no trimestre. A combinação de forte demanda com atrasos nas entregas de aeronaves no setor impulsionou a taxa de ocupação para 82,6%, acima do 2T24 (+2,9pp t/t) e ligeiramente acima do 3T23 (+0,5pp a/a), conforme dados da ANAC. Em comparação ao 3T23, a receita deve avançar 3,7% a/a, atingindo aproximadamente R$ 5,1 bilhões, refletindo a resiliência da demanda e a boa gestão entre tarifa e taxa de ocupação. Apesar do cenário de custos pressionados pelo dólar e petróleo, esperamos uma expansão na margem EBITDA de 29,6% (-2,1pp a/a e +4,3pp t/t), beneficiada pela recuperação sazonal e pelo aumento do Yield (+9% t/t), que nas nossas contas deve atingir 48,1. Na comparação anual, no entanto, a margem deve apresentar uma leve contração, impactada pelo aumento dos custos.
Apesar da volatilidade do petróleo, o preço do QAV permaneceu relativamente estável no trimestre, mantendo os custos operacionais pressionados. Além disso, a alta dólar, com um aumento de 6% t/t e acumulado de 20% a/a, também impacta negativamente algumas linhas de custo e a alavancagem da companhia. Estimamos que a Dívida Líquida/EBITDA atinja 4,6x, desconsiderando os recursos obtidos com a reestruturação, um ponto de atenção para o futuro.
O trimestre foi marcado pela conclusão da renegociação dos passivos diferidos da pandemia. Embora a nova renegociação resulte em maior diluição para os acionistas, consideramos o movimento positivo, pois a diluição atual é significativamente menor do que seria caso houvesse conversão de ações pelo preço de mercado, o que poderia implicar uma diluição de até 60%. A primeira proposta incluía uma diluição de 19,3% com preço de R$ 36 por ação, destacando a vantagem da renegociação atual.
Reiteramos nossa recomendação de MANTER para as ações da Azul, com um preço-alvo de R$ 17,00. Nosso modelo reflete um EBITDA estimado de R$ 5,7 bilhões para 2024, ligeiramente abaixo do guidance da companhia de R$ 6 bilhões.
Oferta crescendo com mercado doméstico e demanda continua forte
O ASK apresentou pontos positivos neste trimestre, alcançando R$ 11,9 milhões, com crescimento de 3,7% na comparação anual e de 9,4% em relação ao 2T24. Esse aumento foi impulsionado principalmente pelo mercado doméstico, enquanto o segmento internacional deve registrar contração devido a problemas de manutenção e falta de aeronaves para a companhia.
Do lado da demanda (RPK), também observamos um crescimento significativo, de 4,3% trimestralmente e de 12,8% anualmente, atingindo R$ 9,88 milhões nesse trimestre e refletindo a o momento positivo do mercado aéreo local. Em 2024, o setor registrou recorde de movimentação de passageiros, inclusive agosto, teve o maior volume de passageiros transportados desde 2000.
Com uma demanda forte e uma capacidade de expansão da oferta de assentos limitada devido aos atrasados nas entregas da aeronave, observamos uma taxa de ocupação para a Azul de 83% neste trimestre, crescendo tanto na análise trimestral quanto anual. Como já foi noticiado, algumas entregas que eram previstas para o 3T24, foram adiadas para o final do 4T24. Caso sejam entregues, devem gerar um impacto positivo nos resultados efetivamente apenas a partir do 1T25.
Repasse de preços baixos em relação a 2023
O índice de IPCA do setor registrou uma variação positiva de 2,8% t/t e 10,0% a/a. Embora esse crescimento seja relevante, existe uma certa defasagem média de cerca de 3 meses entre a compra de passagens e data das viagens, portanto essa alta pode indicar que na verdade a alta temporada deve apresentar bons níveis de tarifa, ainda que esse aumento seja mais modesto em comparação aos níveis de 2023, que apresentaram uma média de 24,6% a/a, enquanto a média de 2024 está em 13,1% a/a.
Estabilidade no QAV e Barril de petróleo, mas nível ainda é elevado
No 3T24, a empresa deve continuar com uma pressão do preço do petróleo, considerando o QAV médio do trimestre de R$ 4,00 por litro, que se manteve estável na comparação trimestral, mas apresentou alta de 10,8% a/a. Além disso, observamos uma queda de 5,28% no preço do barril em dólar neste trimestre, atingindo U$ 76,5 na média, mas sem efeito positivo para a Azul haja vista a recente valorização do dólar.
Dólar deve continuar machucando
O dólar médio do trimestre foi de R$ 5,54, registrando alta de 6,0% na comparação trimestral e de 13,4% a/a. Além disso, a perspectiva de um dólar elevado permanece, considerando a conclusão das eleições norte-americanas, com Donald Trump eleito como o novo presidente dos Estados Unidos. Nesse contexto, a Azul deve enfrentar pressões significativas no curto e médio prazo, devido ao elevado lastro de suas despesas em dólar.
Apesar da pressão de um petróleo mais encarecido e do dólar se mantendo em patamares elevados, a Azul deve registrar crescimento no yield na comparação trimestral devido à sazonalidade. No entanto, o yield deve cair cerca de 7,0% a/a, aproximando-se de 47,09 centavos de receita/passageiro/km.
Desempenho consolidado
Para o 3T24, projetamos uma receita líquida de R$ 5,1 bilhões (+3,7% a/a; +22,2% t/t), refletindo um crescimento significativo impulsionado pela sazonalidade do setor e pela continuidade de uma demanda aquecida. Apesar desse aumento, esperamos uma queda na margem EBITDA anual devido ao cenário desafiador, marcado pela alta do dólar, que pressiona os custos. Em termos trimestrais, prevemos uma leve recuperação nas margens, favorecida pela sazonalidade. Com isso, estimamos um EBITDA de R$ 1.509 milhões (-3,3% a/a e +43,1% t/t), com uma margem EBITDA de 29,6% (-2,1pp a/a e +4,3pp t/t).