A Azul divulgou seus resultados referentes ao 3T24, e os números surpreenderam positivamente, especialmente na Margem EBITDA, que alcançou 32,2%, superando nossa expectativa de 29,6% em 2,6 pp e a estimativa de 30,5% do mercado em 1,7 pp. A receita líquida foi de R$ 5.130 milhões, ligeiramente acima de nossa estimativa (+0,6%) e a expectativa do consenso (+0,3%). O EBITDA reportado de R$ 1.653 milhões surpreendeu positivamente, ficando 9,6% acima da nossa estimativa e 6,0% acima do consenso do mercado. O Yield reportado de R$ 48,17 ficou em linha com nossa projeção de R$ 48,06 (+0,2%) e marginalmente abaixo do consenso de R$ 48,4 (-0,4%).
Em um cenário desafiador, com pressão cambial e altos custos de combustível, a companhia demonstrou resiliência, compensando esses desafios com maiores volumes operacionais, que ajudaram a diluir custos fixos e por meio de melhorias de eficiência. Essa performance foi favorecida pela redução de quase 3% no consumo de combustível por ASK em relação ao ano anterior, impulsionada pela renovação da frota, onde as aeronaves mais econômicas em termos de consumo de combustível, ajudaram a compensar os aumentos nos preços do QAV. Outro ponto positivo no trimestre foi a receita de transporte de cargas, que ficou 6% acima das nossas projeções. Esse aumento está diretamente relacionado ao movimento de alta nos preços do frete marítimo, o que tornou o transporte aéreo uma opção mais competitiva frente a outras modalidades, impulsionando os volumes para a Azul. Esse impacto já foi sentido nos resultados do trimestre, refletindo a vantagem competitiva da companhia nesse segmento.
Apesar do aumento da dívida líquida no trimestre, 4,8x Dívida Líquida/EBITDA, impactada principalmente pela alta do dólar, as recentes negociações com bondholders e lessores indicam uma perspectiva positiva para o 1T25. Os acordos incluem a conversão de aproximadamente R$ 3,1 bilhões em obrigações para ações e novos financiamentos superprioritários de até US$ 500 milhões, com US$ 150 milhões já captados. Com esses ajustes, a Azul projeta uma alavancagem proforma reduzida para 3,4x EBITDA.
Após os resultados do 3T24 mais fortes que o esperado, revisamos nosso EBITDA estimado para 2024 de R$ 5,7 bilhões para R$ 5,9 bilhões, ligeiramente abaixo do guidance da companhia, que indica um EBITDA superior a R$ 6 bilhões, ou seja, mais de R$ 1,9 bilhão no 4T24. Reiteramos nossa recomendação de MANTER, com um preço-alvo de R$ 17,00.
Desempenho consolidado
Na figura consolidada do 3T24, a receita da companhia totalizou R$ 5,130 bilhões (+4,3% a/a e +22,9% t/t), ligeiramente acima das nossas expectativas e 0,3% acima do mercado. O EBITDA reportado foi de R$ 1,653 bilhões (+6,0% a/a e +56,8% t/t), com uma margem de 32,2% (+0,5 pp a/a e +7,0 pp t/t), superando nossas expectativas em 9,6% e ficando 6,0% acima das expectativas do mercado. Por fim, o yield do 3T24 foi de 48,2 centavos (-0,3% a/a e +9,4% t/t), em linha com nossas expectativas e ligeiramente abaixo do consenso do mercado. O trimestre evidencia uma continuidade na demanda aquecida e o impacto positivo da sazonalidade de julho e agosto. Do ponto de vista de preços, o 3T24 mostra uma ligeira estabilidade nos preços praticados no mercado apesar do cenário estressado de custos, que foi compensado pela expansão melhora operacional e controle de custos, contribuindo para o bom desempenho da companhia no trimestre.
Para o 4T24, esperamos uma importante recuperação da capacidade doméstica após as enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul, e de parte da capacidade internacional que vem sendo impactada pelos atrasos dos fabricantes nas entregas de novas aeronaves. O Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, retomou suas operações de voos comerciais em 21 de outubro de 2024, a expectativa é que o terminal retome sua capacidade total de operações em 16 de dezembro de 2024.
Nova revisão de guidance evidencia o cenário volátil…
A Azul revisou seu guidance para 2024 diversas vezes ao longo do ano. Agora, em novembro de 2024, a Azul ajustou novamente seu guidance, projetando um crescimento de ASK total de +6% a/a, enquanto reforçou a expectativa de EBITDA superior a R$ 6 bilhões, refletindo as condições operacionais e financeiras enfrentadas ao longo do ano. Lembramos que em novembro de 2023, a empresa projetava um EBITDA de R$ 6,3 bilhões e uma alavancagem de 3,0x ao final do ano. Em março de 2023, essas expectativas foram elevadas para um EBITDA de R$ 6,5 bilhões e um crescimento de ASK total de +11% a/a. Em agosto de 2024, diante dos desafios enfrentados, a empresa revisou suas perspectivas para um EBITDA acima de R$ 6 bilhões, um crescimento de ASK total de +7% a/a, e uma alavancagem aproximada de 4,2x. Após os resultados do 3T24 mais fortes que o esperado, revisamos nosso EBITDA estimado para 2024 de R$ 5,7 bilhões para R$ 5,9 bilhões, ligeiramente abaixo do guidance da companhia, que indica um EBITDA superior a R$ 6 bilhões, ou seja, mais de R$ 1,9 bilhão no 4T24.