Com baixa rentabilidade, o banco BMG reportou mais um resultado fraco, ainda pressionado pela alta da Selic que impacta seu o custo de funding e por provisões ainda altas para fazer frente ao crescimento da carteira, ciclo de crédito e mudança de mix. O lucro do 4T21 de apenas R$ 48m implica em uma queda de 50% a/a e 4% t/t, em linha com nossas expectativas de um ROE pressionado de apenas 4,9%. Para 2022, o guidance implica um crescimento modesto de 10% de lucro.
Guidance: 2022 ainda sofre, melhor para 2023
2022 nos parece ainda fraco para o BMG, mas com uma melhora gradual ao longo do ano. Provavelmente, a estória de crescimento nos parece se desenrolar mais para 2023.
Do lado positivo temos: (i) o aumento do limite da taxa do cartão de crédito consignado (principal produto) de 2,7% ao mês para 3,06% vai ter um impacto positivo programado para 2022 na ordem de R$ 200m a partir de jan/2022; e (ii) a carteira de crédito se expandindo entre 17-21% a/a.
Mas do lado negativo, temos: (i) o custo de funding ainda pressionado pela alta da Selic (média de 4.3% em 2021 para cerca de 12% em 2022); (ii) impacto de curto prazo das comissões de produto mais proeminente FGTS (mais que 6%) que são reconhecidos no ato da venda; (iii) custos administrativos ainda bem altos, crescendo 22% a/a em 2022; e (iv) provisões para crédito duvidoso crescendo 26%, mais rápido que a carteira de crédito. O guidance de 2022 aponta para um lucro de R$ 300m, crescimento de apenas 11% após uma compressão de lucro de 27% em 2021.
O banco manteve o guidance de 2023 de um ROE se expandindo de 7-8% em 2022 para 15% em 2023, o que nos parece bem agressivo, mesmo com queda na Selic ajudando custo de funding e o produto FGTS contribuindo positivamente ao lucro.
Destaques do 4T21:
- Crédito com crescimento moderado. A carteira de crédito de R$ 14,3b cresceu 14% a/a e 5,5% t/t, atrás de vários bancões. O crescimento foi liderado pelo crédito pessoal com um salto de 84% a/a, carteira EUA com um aumento de 50% a/a e a carteira PJ (+237% a/a). Do lado negativo, seu principal produto, o cartão consignado está estagnado com zero crescimento a/a e t/t. Para 2022, o banco espera um crescimento mais robusto entre 17-21%.
- Margem financeira: sob pressão de funding. A margem financeira do 4T21 caiu 6% a/a e 1% t/t. Com a alta da Selic, o custo de funding explodiu fazendo com que a despesas de intermediação financeira subisse 98% a/a e 55% t/t. Enquanto as receitas com juros subiram apenas 21% a/a e 17% t/t. O banco está guiando um crescimento de 21% para 2022 no meio do seu guidance.
- Despesas administrativas ainda serão altas em 2022. As despesas não decorrentes de juros do 4T21 quase não subiram a/a, mas o BMG estima um crescimento relevante de 22% em 2022, que segundo a empresa para investir em tecnologia e outros produtos de crédito.
- Capital. O índice de basileia de 14.7% melhorou ligeiramente em 0.6% t/t e recuou 3.1pp a/a.