Desde a entrada do novo CEO, Felix Cardamone, no 3T23, o BMG tem mostrado uma significativa melhora na geração de lucro e rentabilidade. No entanto, a partir 2T24, esperamos uma desaceleração dessas melhoras, com menor evolução sequencial (t/t) nos resultados, mas que na comparação anual (a/a) deve continuar mostrando um progresso substancial por conta da base de comparação fraca de 2023.
Projetamos um lucro líquido recorrente de R$ 101 milhões para o 2T24, representando um crescimento de +7,1% t/t e uma reversão notável em relação ao prejuízo de -R$ 14 milhões registrado no 2T23. Com isso, a rentabilidade (ROE) deve alcançar 9,8%, uma leve melhora de +0,3pp t/t e uma reversão do retorno negativo de -1,4% observado no 2T23.
Acreditamos que o aumento do lucro líquido e a melhora na rentabilidade são reflexos diretos das iniciativas da nova gestão, que tem focado no controle rigoroso de custos, na otimização dos processos internos e na reestruturação da carteira de crédito, priorizando produtos principais e a venda de carteiras menos estratégicas, o que resultou em melhorias nos níveis de provisão para devedores duvidosos (PDD). Com a fase de corte de despesas e melhorias de processos já mais consolidada, o próximo grande desafio é impulsionar o crescimento das receitas, uma tarefa que costuma ser mais complexa. Esse desafio é ainda maior devido ao impacto das limitações impostas pelo governo sobre o teto dos juros do consignado, que restringe o potencial de crescimento desse segmento.
As medidas implementadas pela nova gestão devem continuar a melhorar a rentabilidade ao longo de 2024. No entanto, considerando o panorama mais desafiador, marcado pela compressão dos spreads do consignado e a necessidade de vender carteiras devido a um índice de capital mais apertado, acreditamos que essa melhoria ocorrerá em um ritmo mais gradual do que originalmente previsto.
Dessa forma, revisamos nossa projeção de lucro para o ano de R$ 481 milhões (ROE de 12%) para R$ 412 milhões (ROE de 10%), ainda assim um aumento significativo de +101% a/a em relação a 2023.
Com essa revisão, ajustamos nosso preço-alvo de R$ 4,10 para R$ 4,00 (upside de +12,7%) e rebaixamos nossa recomendação para MANTER. Nosso preço-alvo é baseado no modelo de dividendos descontados (DDM), utilizando as seguintes premissas: taxa de desconto de 17,1%, crescimento de longo prazo de 5,5% (nominal) e payout de 40% sustentáveis ao longo dos próximos anos.
Apesar de as ações do BMG estarem sendo negociadas a múltiplos atraentes, a baixa rentabilidade justifica valuations mais baixos. Usando nossas estimativas, o BMG está sendo negociado a 5,0x P/L 2024e, 3,8x P/L 2025e e 0,5x P/VP 2024e, com um dividend yield estimado de 11% para 2024.
Banco BMG (BMGB4) | 2T24: Evolução de lucro t/t
Carteira de Crédito: Queda t/t e a/a
Esperamos que a carteira de crédito alcance R$ 24,5b no 2T24, representando uma queda de -1,5% t/t e -0,6% a/a. Acreditamos que a contração da carteira de crédito total deve ocorrer pela venda de carteiras core e não-core do banco.
Receita de juros (NII): Impactado pela retração da carteira
Para o trimestre, acreditamos que a receita de juros (NII) apresente uma leve expansão de +1,0% t/t e +6,5% a/a, atingindo R$ 1,32b. Acreditamos que o crescimento mais ameno deverá ocorrer por conta da retração da carteira de crédito e da pressão regulatória nas taxas do crédito consignado, mas por outro lado, aliviado pelo menor custo de funding (captação).
Inadimplência e Provisão: Em níveis normalizados
Para o 2T24, estimamos que a provisão para perdas de crédito (PDD) atinja R$ 364m, representando uma diminuição de -2,6% t/t e -18,2% a/a. Além disso, esperamos que a inadimplência acima de 90 dias fique em 4,7%, queda de -0,1 pp t/t e -0,9pp a/a. Esperamos que essas melhorias serão consequências diretas do processo de limpeza de carteira que o banco vem executando, melhorando seu mix com foco em produtos core e de menor inadimplência.
Despesas: Controladas
Esperamos que para o 2T24 as despesas operacionais apresentem um leve aumento frente ao 1T24, alcançando R$ 602m (+1,6% t/t e -10,9% a/a). Com esse leve aumento e com as receitas mais pressionadas, esperamos uma leve piora no índice de eficiência, alcançando 54,4% (+0,6pp t/t), no entanto, ainda representa uma considerável melhora de -8,3pp a/a.
Lucro antes do Imposto: Crescimento modesto
Para o trimestre, a nossa expectativa é de que o lucro antes do imposto fique em R$ 129m, alta de +5,8% t/t, e revertendo o valor negativo de -R$ 54m no 2T23. A melhora deve ser beneficiada por menores níveis de provisão e maior geração de receita.
Imposto: Contribuindo para o lucro
Estimamos que para o 2T24 a alíquota de imposto fique em -3,3%, contribuindo positivamente para o lucro líquido. Acreditamos que a alíquota deve ser beneficiada pelo pagamento de Juros Sobre o Capital Próprio (JCP) e demais benefícios fiscais (crédito fiscais).