Para o 3T24, projetamos que o BMG registrará um lucro de R$ 108 milhões, representando uma expansão de +2,6% t/t e +49,6% a/a, com rentabilidade (ROE) de 10,1% (-0,3pp t/t e +2,7pp a/a). Embora a rentabilidade ainda esteja aquém do ideal, o banco mostra avanços consistentes e graduais. Não esperamos grandes mudanças em relação ao trimestre anterior, mas sim uma execução mais constante por parte da gestão, focada em construir uma rentabilidade mais sustentável com crescimento gradual nas receitas e controle rigoroso das despesas. O resultado do trimestre será divulgado nesta quinta-feira (07), após o fechamento do mercado.
Para o período, esperamos que o NII (receita de juros) apresente um crescimento superior ao da carteira de crédito, com expansão de 5,5% t/t e 11,0% a/a, beneficiado pela melhoria na dinâmica de custos de funding e pela cessão de carteiras de consignado. O banco tem refinanciado passivos com emissões de debêntures e letras financeiras, o que contribui para um funding mais eficiente. Além disso, projetamos estabilidade nas despesas com PDD em relação ao trimestre anterior e queda de -4,8% a/a, favorecendo a expansão do lucro. Apesar das cessões, esperamos que a carteira de crédito cresça 2,9% t/t e 3,4% a/a, com uma melhor dinâmica de originação nas outras linhas consignáveis (ex-INSS) e crédito pessoal.
Com o novo ciclo de alta de juros, mantemos certa cautela em relação a uma recuperação rápida na rentabilidade no curto prazo, apesar das melhorias na estrutura de funding, na originação de crédito, na qualidade dos ativos e no controle de despesas operacionais. Assim como no último ciclo de alta de juros, a NIM do banco deve ser pressionada pelo aumento dos custos de funding.
Estamos acompanhando de perto as discussões sobre o reajuste do teto de juros no crédito consignado INSS após a alta da Selic. A FEBRABAN segue em diálogo com o governo para que o aumento do cap seja aprovado. Enquanto isso, os spreads desse produto permanecem pressionados pela alta da taxa de juros (custo de funding).
Além disso, o resultado do trimestre deve ser impactado positivamente pela venda da Granito (adquirente) para o Banco Inter e negativamente pela venda da BMG Seguros para o Banco Daycoval. Ambos os efeitos são não-recorrentes, e estimamos que o impacto líquido pós-imposto dessas operações seja próximo de +R$ 30 milhões, elevando o lucro líquido contábil do trimestre para R$ 138 milhões (+28,7% t/t e +91,3% a/a). Acreditamos que esse valor possa ser utilizado para constituir provisões adicionais (crédito ou operacionais), reforçando o balanço do banco. Além disso, a venda da participação minoritária da Bmg Corretora para a Wiz, recentemente anunciada, deverá impactar os resultados apenas no 4T24.
Para 2025, esperamos uma continuidade na melhora gradual dos resultados do banco, com rentabilidade projetada em 12,0% (+2,0pp a/a) e lucro estimado em R$ 552 milhões (+31,5% a/a). O ciclo de alta dos juros deverá pressionar a NIM, com uma retração de -0,7pp a/a. Estimamos um crescimento do NII de 6,1% a/a, impulsionado pela retomada da expansão da carteira de crédito, aliado a um melhor controle das despesas com PDD (+7,1% a/a) e administrativas (+1,4% a/a). Não prevemos grandes saltos nos resultados ao longo dos trimestres, mas sim um avanço gradual e consistente.
Apesar dos múltiplos atrativos das ações do BMG e das melhorias operacionais implementadas pela gestão, consideramos que a baixa rentabilidade ainda justifica valuations mais modestos, especialmente com o novo ciclo de alta de juros, que traz desafios adicionais. Com base em nossas estimativas, o BMG está sendo negociado a 5,6x P/L 2024e, 4,2x P/L 2025e e 0,5x P/VP 2024e, com um dividend yield estimado em 8,4% para 2024. Reiteramos nossa recomendação de MANTER e ajustamos o preço-alvo de R$ 4,10 para R$ 4,40 ao final de 2025, refletindo um potencial de upside de 9%.
Prévia 3T24: Expansão de lucro t/t e a/a
Crédito: Crescimento pequeno
Esperamos que a carteira de crédito alcance R$ 24,9 bilhões no 3T24, representando uma expansão de +2,9% t/t e +3,4% a/a. A expansão deve ser guiada pelos produtos de crédito pessoal (help), cartão benefícios e FTGS, o que representa que deve corresponder a uma melhora no mix da carteira.
Receita de juros (NII): Melhora em mix e Funding levam ao crescimento superior ao da carteira
Para o trimestre, acreditamos que a receita de juros (NII) apresente uma boa expansão de +5,5% t/t e +11,0% a/a, atingindo R$ 1,39b. Acreditamos que o crescimento mais forte deverá ocorrer por conta da melhora no mix da carteira de crédito, com crescimento em linhas de melhores spreads, e pelo refinanciamento do passivo que banco tem realizado, melhorando o custo de funding (captação).
Inadimplência e Provisão: Em níveis normalizados
Para o 3T24, estimamos que a provisão para perdas de crédito (PDD) atinja R$ 369m, com estabilidade t/t e retração de -4,8% a/a. Além disso, esperamos que a inadimplência acima de 90 dias fique em 4,6%, queda de -0,1 pp t/t e -1,1pp a/a. Esperamos que essas melhorias serão consequências diretas do processo de limpeza de carteira que o banco vem executando, melhorando seu mix com foco em produtos core e de menor inadimplência.
Despesas: Crescimento t/t e a/a
Esperamos que para o 3T24 as despesas operacionais alcancem R$ 616 milhões (+3,0% t/t e +5,6% a/a). Apesar do aumento, vemos as receitas com uma dinâmica mais positiva, que deve levar o índice de eficiência para 53,0% (-1,3 pp t/t e -0,6pp a/a).
Lucro antes do Imposto: Crescimento modesto
Para o trimestre, a nossa expectativa é de que o lucro antes do imposto fique em R$ 175m, alta de +18,1% t/t e +63,3% a/a. A melhora deve ser beneficiada por menores níveis de provisão e maior geração de receita.
Imposto: Contribuindo para o lucro
Estimamos que para o 3T24 a alíquota de imposto fique em 5%, beneficiada pelo pagamento de Juros Sobre o Capital Próprio (JCP) e demais benefícios fiscais (crédito fiscais).