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    Publicado em 11 de Novembro às 17:00:57

    BMG (BMGB4) | Resultado 3T22: Imposto ajudou o lucro. Melhoras a partir de 4T22

    O BMG registrou no 3T22 lucro similar aos trimestres passados reportando o valor de R$ 53b, em linha com as nossas expectativas. Mas o lucro teve uma ajudinha. O resultado foi impulsionado, principalmente, pelo imposto de renda positivo de R$ 57m devido ao benefício fiscal gerado pelo Juros sobre Capital Próprio (JCP) de R$ 140m nos 9M22. Se não fosse isso, o lucro teria sido bem menor. O trimestre foi impactado por vários detratores, que se tudo der certo, podem proporcionar uma volta mais forte do lucro no 4T22.

    Porque achamos que o resultado melhora no 4T22 a despeito do gol de mão do imposto?

    • A originação de crédito continuou forte. A carteira de crédito alcançou R$ 22b, crescendo 6% t/t e 46% a/a, com destaque para: (i) o segmento de crédito pessoal que subiu 18% t/t e 168% a/a, e (ii) o novo cartão benefício que saiu do zero para R$ 0.9b no final do trimestre, impactando custos de originação, mas sem o benefício da receita cheia que deve vir no 4T22.
    • O NII do 3T22 veio fraco, com queda t/t por conta da marcação a mercado dos títulos indexados a IPCA, que teve deflação no tri. Isso deve normalizar no 4T22 em adição da do hedge da inflação que só contribui no 4T22, com um tri de defasagem.
    • O custo de funding que assolou a margem financeira deve começar a arrefecer com a Selic parando de subir.
    • Do lado das despesas, o resultado foi positivo já que vieram controladas no t/t, devido a maior transformação digital da companhia e remix de colaboradores.
    • A inadimplência sob controle.

    Com produtos de menor risco ao ciclo de crédito como o consignado, a qualidade dos ativos continua sob controle. O índice de inadimplência de 4,7% subiu marginalmente t/t em +0,3pp, mas caiu 0,9 pp a/a. As provisões de devedores duvidosos (PDD) cresceram 11,8% t/t e 23,6% a/a, menos que o crescimento da carteira de crédito.

    O ROE (indicador de rentabilidade) continua fraco comparado com os pares listados em bolsa, ficando em 5,5%, impactadas no geral por: aumento substancial dos custos de funding com o aumento da Selic; cap de preço de alguns produtos que impossibilitou aumento de spreds; e despesas administrativas relativamente bem mais altas que a capacidade de gerar receitas.

    Apesar do BMG apresentar múltiplos atrativos de 0,34x P/VP 22 e 7,77x P/L23, a rentabilidade bem baixa (ROE), inferior ao seu custo de capital, justifica seu desconto no momento. Apesar de estimarmos uma dinâmica lucro melhor nos próximos trimestres (R$90m no 4T22 vs R$55m no 3T22), reiteramos nossa recomendação de MANTER com preço alvo de R$ 2,80 por hora.

    Carteira de Crédito: Crédito pessoal em crescimento!

    As operações de crédito apresentaram um bom crescimento de 6% t/t e 46% a/a. O bom desempenho se deu, principalmente, pelo lançamento de novos produtos e aumento de margem consignável. Nesse 3T22, o banco lançou o cartão benefício consignado que conta com R$0.9b em um mês.

    O segmento que merece destaque é a linha de crédito pessoal com total de R$ 3,2b, apresentando forte crescimento de +18,2% t/t e +167,7% a/a, impulsionados pelo forte desempenho da antecipação de FGTS e cartão de crédito aberto.  Outro segmento que apresentou um bom crescimento foi o crédito consignado com aumento de +113% a/a mas que está desacelerando devido as restrições de capital do banco. O produto principal de cartão de crédito consignado cresce moderadamente também, +1,8% t/t e +8,5%.

    Receita de Juros (NII): Pressionada pelos juros e inflação

    A receita de juros (NII) continuou sob pressão, de lado sequencialmente (-0,9% t/t) e com pouco crescimento anual de +5,7% a/a, comprimida pelo aumento da curva de juros (Selic) e nesse tri, pela marcação negativa a mercado de suas posições em IPCA por conta da deflação no período.

    Inadimplência e PDD: sob controle

    As provisões de devedores duvidosos (PDD) aumentaram em +11,8% t/t e +23,6% a/a. Seguido de uma leve alta na inadimplência (NPL de 90+ dias) de +0,3pp t/t, mas com queda de -0,9 pp a/a, demonstrando resiliência devido a concentração em crédito consignável de menor risco creditício.

    Despesa: retomada da eficiência?

    As despesas operacionais apresentaram redução de -5,6% t/t, com destaque para as despesas pessoais que registraram diminuição de -5,8% t/t, mesmo com crescimento no número de colaboradores (+3,5% t/t e +15,1% a/a) e dissídio que geralmente ocorre no mês de setembro. Explicado pelo management na teleconferência de resultados, essa redução dos gastos com pessoal se deu pela melhora de eficiência da companhia buscando evitar custos de horas extras e remix de colaboradores.

    Capital: Em queda contínua. Precisa ser monitorada

    O Capital Nível I atingiu 10,9% no 3T22 (índice de Basileia de 12,1%), apresentando queda de -1,2 pp t/t e -3,1 pp a/a. Com o crescimento da carteira de crédito, principalmente na linha de crédito pessoal, RWA (ativo ponderado pelo risco), pagamento de dividendo agressivos e baixo ROE (baixo poder de crescimento orgânico), acreditamos que o capital do BMG pode manter-se pressionado.

    O Índice de Basiléia também apresentou queda de -1,3 pp t/t e -2,0 pp a/a, chegando em 12,1%, mas ainda não foram adicionados R$ 250m de letras financeiras subordinadas e emitidas em novembro e os benefícios de JCP, que acrescentaria 1,4% no resultado.

    Ademais, o BMG registra que excluindo a marcação a mercado de títulos o índice atingiria 16,5%. Logo, quando os títulos começarem a se aproximar do vencimento o desconto deve fechar contribuindo para a melhora do capital.

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