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    Publicado em 08 de Novembro às 00:57:14

    BMG (BMGB4) | Resultado 3T24: Trajetória de Resultados mais Consistentes, com Apoio de Ajustes

    O BMG apresentou resultados ajustados acima das expectativas, sinalizando uma evolução consistente na rentabilidade, ainda que permaneça abaixo dos níveis ideais. No 3T24, o lucro líquido ajustado somou R$ 116m, 7,7% acima das nossas projeções, com crescimento de 10,5% t/t e 61% a/a. Esse avanço foi impulsionado pela expansão da carteira de crédito (+3,8% t/t), crescimento na receita de juros (+7,5% t/t), estabilidade nas provisões de crédito e controle das despesas operacionais

    O lucro antes do imposto atingiu R$ 201m, com alta de 36% t/t e 88% a/a, superando nossas estimativas em 15%. O ROE melhorou para 11,1%, ainda abaixo dos patamares desejados, mas apresentando um avanço de 0,7pp t/t e 3,6pp a/a, sinalizando um caminho de recuperação gradual. 

    Pontos de Atenção

    • O índice de cobertura caiu para 99,3%, consumo de -7,1pp t/t e -1,8pp a/a. 
    • O ciclo de alta da Selic deve pressionar os spreads, já que a carteira de crédito do banco é majoritariamente composta por produtos pré-fixados. Acreditamos, contudo, que o banco está ajustando sua estrutura de passivos e ativos para aprimorar o hedge natural. 
    • A inadimplência acima de 90 dias aumentou 0,1pp t/t, influenciada pela maior inadimplência nos produtos consignados e na carteira dos EUA. Com o crescimento do crédito pessoal neste trimestre, esperamos um possível aumento da inadimplência, dado o mix mais arriscado e as perdas historicamente mais elevadas dessa carteira. 
    • Em 2025, a resolução regulatória CMN 4.966 deverá impactar o capital do banco, elevando as despesas de provisão. Com um índice de capital Nível 1 reduzido de 10,5% e rentabilidade ainda abaixo do ideal, acreditamos que o banco precisará continuar com a venda de carteiras para fortalecer sua Basileia. 

    Apesar da melhora nos resultados e das ações do BMG estarem sendo negociadas a múltiplos atraentes, a baixa rentabilidade ainda justifica valuations mais baixos. Por ora, reiteramos nossa recomendação de MANTER, com um preço-alvo de R$ 4,40, o que representa um upside de 8,6%. De acordo com nossas estimativas, o BMG está sendo negociado a 5,6x P/L para 2024e, 4,3x P/L para 2025e e 0,5x P/VP para 2024e, com um dividend yield estimado de 8,3% para 2024. 

    Ajustes dos Não-Recorrentes: Não concordamos completamente  

    Neste trimestre, o banco registrou o resultado da venda da Granito (+R$ 86 milhões) e da BMG Seguros (-R$ 19 milhões), gerando um ganho não-recorrente pré-imposto de R$ 67 milhões. Na reclassificação gerencial, esse ganho foi desconsiderado e o mesmo valor foi redistribuído nas linhas de NII (+R$ 60 milhões) e despesas com PDD (reduzidas diretamente no livro contábil). No 2T24, o banco realizou uma cessão de crédito sem retenção de risco no valor de R$ 1,2 bilhão na carteira de antecipação do FGTS, gerando um ganho de R$ 180 milhões, que foi utilizado para o fortalecimento do balanço com: (i) provisionamento de comissão (+R$ 30 milhões) e (ii) provisionamento para causa tributária referente ao risco da contingência da CSLL pela Lei 7.689/88 (+R$ 111 milhões), entre outros. Esse ganho também compensou a menor receita de crédito estimada em R$ 31 milhões, referente à carteira cedida. 

    Neste trimestre, o banco aplicou um ajuste de R$ 60 milhões no NII para “normalizar” a linha de receita de juros, apresentando-a como teria sido caso a cessão de crédito do FGTS do 2T24 não tivesse ocorrido. Embora o montante da cessão do FGTS tenha sido superior ao usual, consideramos excessivo tratá-la como se nunca tivesse existido, dado que as cessões de crédito têm sido recorrentes, principalmente devido à necessidade de capital do banco, que permanece em níveis reduzidos. Este trimestre, o banco justificou os ajustes no NII com os ganhos não recorrentes da Granito e, no próximo trimestre, é provável que utilize os ganhos com a venda da participação na corretora de seguros para a Wiz para a mesma finalidade. 

    BMG (BMGB4) | Resultado 3T24: Lucro operacional segue em ritmo de melhora 

    Crédito: Crescimento t/t e a/a

    A carteira de crédito ficou em R$ 25,2b no 3T24, crescendo +3,8% t/t e +4,4% a/a. Esse crescimento ocorreu por conta do crescimento dos produtos core do banco, como os produtos consignados, crédito na conta e antecipação do FGTS, e de outras carteiras.

    Além disso, vimos uma aceleração na concessão de crédito dos produtos consignados, que atingiu R$ 1,16b (+60,1% t/t e +612,3% a/a). O banco também realizou uma cessão de carteira no montante de R$ 852 milhões em crédito consignado. Desta vez, no entanto, a venda não incluiu carteiras de alta qualidade do FGTS, como ocorrido no 2T24.

    Mix da Carteira de Crédito: Expansão em linhas de melhores spreads

    Carteira de crédito: Crescimento t/t e a/a

    Receita de juros (NII): Desempenho melhor do que a carteira de crédito – mix e funding contribuem

    No trimestre, o NII (receita da juros) chegou a R$1,41b, apresentando um aumento de +7,5% t/t e +13,1% a/a. Assim como havíamos previsto, o bom crescimento das receitas foi impulsionado por uma melhora no mix da carteira de crédito, que cresceu mais aceleradamente em linhas com bons spreads, como cartão de benefícios (+5,3% t/t), crédito na conta (crédito pessoal, +11,1% t/t) e FGTS (+12,6% t/t). Além disso, o refinanciamento do passivo que o banco tem implementado apresentou mais efeitos nesse trimestre, o que levou à redução das despesas com funding (captação).

    NII e Crescimento da Carteira no 3T24: Acelerando, porém com efeito de venda não recorrente

    Inadimplência e Provisão: Piora t/t, mas melhora a/a

    As provisões para devedores duvidosos líquidas no 3T24 de recuperação atingiram R$ 339m, representando uma melhoria de -1,2% t/t e -7,1% a/a. Acreditamos que esse resultado reflete o impacto positivo do processo de limpeza da carteira e das melhorias nos processos de recuperação de crédito, implementados de forma eficaz pelo banco desde a posse do novo CEO, melhorando seu mix com foco nos produtos core (consignado e FGTS).

    Com a provisão bruta para devedores duvidosos em R$ 391m, abaixo da formação de NPL de R$ 523m, o índice de cobertura apresentou no trimestre uma deterioração significativa de -7,1 pp t/t e -1,8 pp a/a, alcançando 99,3%. No trimestre, a taxa de inadimplência acima de 90 dias (NPL 90+) alcançou 4,7%, apresentando uma leve piora de +0,1 pp t/t, mas uma expressiva melhora de -0,9 pp a/a. A piora trimestral foi principalmente impactada por uma elevação na inadimplência no cartão consignado (+0,3pp t/t), cartão benefício (+0,2pp t/t), carteira dos EUA (+1,3 pp t/t%) e na carteira de empresas (+1,6pp t/t). Do lado mais positivo, a inadimplência da carteira de pessoa física (PF) caiu –2pp t/t, principalmente por conta do aumento da originação da antecipação FGTS e melhora na qualidade da carteira de crédito na conta.

    Comissões: Acompanhando o ritmo da originação

    No 3T24, as despesas com comissões cresceram fortemente em +16,7% t/t e +33,8% a/a, totalizando R$ 265m. O trimestre foi marcado por uma expansão relevante da originação de crédito nos produtos de consignados, o que ajuda a explicar expansão da conta.

    Despesas: Em linha com a inflação, crescendo menos que as receitas

    As despesas operacionais totalizaram R$ 610m no 3T24, com um aumento de apenas +2,0% t/t e +4,6% a/a, alinhado com a inflação. Observamos que as despesas com pessoal se mantiveram relativamente em estabilidade (-2,7% t/t e +0,9% a/a), devido principalmente à redução do número de funcionários do grupo por conta da venda da BMG seguros. Além disso, as despesas administrativas (-0,7% t/t e +5,1% a/a) e as outras receitas/despesas operacionais (+2,4% t/t e +7,0% a/a) se mantiveram controladas no trimestre.

    Com o crescimento das despesas inferior ao das receitas, que vieram com uma dinâmica mais positiva nesse trimestre, observamos uma melhora no índice de eficiência em -2,4pp t/t e -1,8pp a/a, totalizando 51,9%.

    Índice de eficiência: Tendência de queda, com melhora t/t e a/a.

    Lucro antes do Imposto: Boa evolução t/t e a/a

    O lucro antes de impostos do BMG atingiu R$ 201m no 3T24, registrando um aumento significativo de +35,8% t/t e +87,9% a/a. O desempenho operacional foi impulsionado por uma boa expansão de receitas e controle de despesas. 

    Imposto: Em níveis baixos

    A alíquota de impostos efetiva atingiu 10%, revertendo últimos trimestre com crédito tributário. Neste tri a alíquota foi beneficiada pelo pagamento de Juros Sobre o Capital Próprio (JCP) e pelo uso dos demais benefícios fiscais (créditos fiscais).

    Capital: Aumento de capital t/t e a/a

    No trimestre, o capital principal atingiu 10,1%, com um aumento de +0,2 pp t/t e +0,7 pp a/a. O capital de Nível 1 alcançou 10,5%, refletindo um crescimento de +0,2 pp t/t e +0,6 pp a/a. O índice de Basileia apresentou uma melhoria de +0,1 pp t/t e +0,5 pp a/a, atingindo 14,0%.

    O Patrimônio de Referência está sendo impactado pela marcação a mercado de títulos públicos, tendo um efeito de cerca de 0,6pp na Basileia. Considerando o fechamento do 3T24, cerca de 70% do accrual dessa marcação ocorre até o final de 2025.

    No trimestre, o Patrimônio de Referência apresentou uma melhora de +3,6% t/t e +12,2% a/a, enquanto os Ativos Ponderados pelo Risco (RWA) aumentaram em +2,9% t/t e +8,0% a/a. Além disso, nos nove primeiros meses de 2024, o Banco provisionou R$ 147m de JCP, dos quais R$ 49m foram declarados referentes ao 3T24 e serão pagos em 8 de novembro de 2024.

    Índice de Basiléia: Melhora marginal, e um leve aumento em Tier 1

    Captações: Piora na qualidade do funding, com queda em depósitos e aumento de cessões

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