Esperamos mais um sólido resultado do Banco do Brasil para o 1T23. Estimamos um lucro de R$ 8,48b no 1T23, salto de 28,3% a/a com um ROE de 20,4%, acima dos rivais Santander e Bradesco. No comparativo sequencial, esperamos uma queda de lucro de 6,1% t/t. O nosso lucro está 4,3% acima do consenso de R$ 8,13b.
O resultado deve ser impulsionado pela carteira de crédito crescente, reprecificação de produtos melhorando os spreads, custo de funding mais estabilizados e tesouraria contribuindo positivamente no resultado. Além disso, o mix da carteira de crédito mais conservadora tem ajudado o banco a lidar melhor com o ciclo de crédito, refletindo em menores impactos de provisionamento. Do lado negativo, por ser um banco estatal, existem potenciais risco de ingerência política, que acaba refletindo na volatilidade das ações e taxa de desconto de valuation. Entretanto, até o momento não identificamos eventuais problemas relacionadas a essa questão, com o banco surpreendendo positivamente ao se posicionar contra o governo após a diminuição do teto do consignado, congelando o oferecimento do crédito consignado junto com os principais bancos do país. O movimento pressionou o governo a voltar atrás e melhorar a proposta de diminuir o teto de taxa bancária de consignado.
Desse modo, continuamos otimistas com a tese do Banco do Brasil, reforçando nossa recomendação de COMPRA, com leve ajuste de preço alvo (PA) de R$ 52,6 para R$ 55,7. Nosso PA usa modelo de Gordon Growth, baseadas ume um custo de capital de 17,45%, ROE de longo prazo de 16% e crescimento de 7%. Acreditamos que o banco continua negociando a patamares atrativos de 3,5x P/L 23E, 3,2x P/L 24E e 0,7x P/VP 23E.
Carteira
Esperamos que a carteira cresça 1,9% t/t e 15,2% a/a. O guidance da carteira fica entre 8-12%, um pouco superior a seus pares, mas vindo de um período de menos crescimento e incluindo o bom momentum vivido pelo crédito rural, que em 2022 cresceu 24,9%, reflexo principalmente do Plano Safra 22/23. O governo ainda não divulgou o Plano Safra 23/24, mas não acreditamos que será abaixo do valor de 22/23 (R$ 340,9b). Para o ano de 2023, acreditamos em um crescimento de 10,5%, mostrando uma desaceleração da originação do crédito ao longo do ano, refletindo o ciclo de crédito mais negativo.
Margem financeira
Estimamos que a margem financeira (NII) caia 2,3% t/t devido a sazonalidade, mas que no comparativo anual continue bem forte, crescendo 36,6% a/a. A queda em relação ao 4T22 é consequência da sazonalidade de menos dias úteis, que impacta o acrual de juros da carteira. Já o crescimento a/a é consequência da estabilização do custo de funding, além da tesouraria se beneficiando por juros mais altos, diferente dos pares (Bradesco e Santander). Para o ano de 2023, esperamos que o NII cresça 18,1% a/a, continuando a boa dinâmica de crescimento acima da carteira, refletindo a boa dinâmica de spreads maiores e custo de funding estável.
Provisão e inadimplência
Esperamos que as provisões líquidas de recuperação caiam 20,6% t/t, mas cresçam 88,2% a/a, chegando em R$ 5,2b. A queda em relação ao 4T22 é consequência do evento Americanas, o qual demandou provisionamento de R$ 788m (50% do total). Para o ano de 2023, esperamos provisões liquidas de R$ 21,2b dentro do guidance de R$ 19b – 23b.
A inadimplência do BB estava rodando abaixo dos seus pares, influenciado pelo mix mais defensivo com mais consignado e agro. Acreditamos que não veremos evolução relevante nesse tri nos indicadores de inadimplência, com o NPL 90d em 2,61% (+0,1 pp t/t e +0,72 pp a/a).
Serviços
Esperamos queda de 2,3% t/t, mas crescimento de 9,6% a/a. A dinâmica mais fraca em comparação ao 4T22 é reflexo principalmente da sazonalidade, que reflete menor desempenho nas linhas de cartões, administração de fundos e seguros. Para o ano de 2023, esperamos um crescimento de 9,1%.
Despesas
As despesas devem vir parecidas com o 4T22, mas com aumento de 8,9% a/a. Para o ano de 2023, esperamos uma evolução 7,6% a/a, refletindo a evolução das despesas de pessoal, com contratações de pessoal e reajuste dos salários em INPC + 0,5%, já acordado com o sindicato dos bancários.
Imposto
Esperamos a alíquota de imposto em 23,1%, devido ao JCP de R$ 1b. Para o ano de 2023, vemos a alíquota de imposto em 24,1%, aumento de 1,3 pp em relação a 2022.